terça-feira, 26 de maio de 2009

Nazisionismo?


Projeto imobiliário em terras palestinas usurpadas fulmina a Paz.

“Há anos Israel promete que não haverá novas construções em terras expropriadas dos palestinos na Cisjordânia. O presidente Shimon Peres reiterou essa promessa recentemente ao primeiro-ministro tcheco, Mirek Topolanek, atual ocupante da presidência da União Europeia. Topolanek, em consequência, prometeu trabalhar para melhorar as (esgarçadas) relações entre Israel e a Europa”.

A informação acima é de Daphna Golan, professor de direito da Universidade Hebraica de Jerusalém. Segundo Golan, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu certamente iria repetir a Barack Obama mentiras iguais. (Leia íntegra no jornal Haaretz.com, de Israel, de 5/4). A despeito das promessas, os jornais de Jerusalém continuam a oferecer com apoio oficial, vantagens para quem quiser investir nas terras palestinas usurpadas.

O tom entre Israel e Europa tornou-se mais ríspido, conforme analisa Bettina Marx, do jornal alemão Deutsche Welle, de 08/5: “Ministro israelense (das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman) é recebido com frieza em sua primeira viagem diplomática à Europa. Se Israel não quer solução justa para o Oriente Médio, Europa deveria repensar estreita cooperação com Israel”.

A relação de Israel com a Europa tem sido “de crescente irritação”, desde o final da ocupação bélica da faixa de Gaza. Segundo Bettina, quando do encontro de ministros do Exterior, em Bruxelas, do qual participou a ministra israelense Tzipi Livni, “exigiu-se que Israel repense sua política de bloqueio com relação aos palestinos na Faixa de Gaza”. A Europa quer de Israel a solução de dois Estados.

Nesta segunda-feira (25/5), Juan Miguel Muñoz, de El Pais, dizia que o “Governo israelense de extrema-direita desafia a Europa”. Segundo ele, Israel desafia tanto Bruxelas quanto o governo Obama que exigem de Israel deter a construção nas colônias da Cisjordânia e a demolição de casas palestinas em Jerusalém Oriental, além de aceitar a negociação com os palestinos sobre a base dos dois Estados independentes.

Impassível, Netanyahu conra-ataca: "Não tenho a intenção de construir novos assentamentos, mas não faz sentido pedir para que não atendamos as necessidades geradas pelo crescimento natural de nossa população e interrompamos todas as construções", disse ele ao gabinete de ministros neste domingo. "Não vou dizer para que as pessoas não tenham filhos ou forçar os jovens a viver longe de suas famílias." Leia em BBC Brasil.

A posição do gabinete sionista contraria interesses tanto de palestinos (74%) quanto de israelenses (78%) que também desejam dois Estados, lado a lado, em paz. Assim revela uma pesquisa do One Voice Movement, conduzida por Colin Irwin, da Universidade de Liverpool, Nader Said, do Mundo Árabe para Pesquisa e Desenvolvimento na Cisjordânia e Mina Zemach, do Instituto Dahaf, em Tel-Aviv. Leia em Estadão.com.

A paz não interessa ao sionismo no poder

A conjuntura acima parece dar razão a Amira Haas, do jornal Haaretz.com (11/5). Para ela, “a paz não interessa a Israel”. Ela explica que os sucessivos governos israelenses, desde 1993, “sabiam o que faziam cada vez que não fizeram a paz com os palestinos”. Eles concluíram “que a paz implicaria graves prejuízos aos interesses nacionais israelenses". Esta parece a lógica do “moderno” sionismo, intolerante, belicoso.

Com efeito, a indústria da segurança é importante item na pauta de exportações de Israel. Armas, munições e refinamentos que são testados em Gaza e na Cisjordânia. Proteger as colônias também exige desenvolver a indústria da segurança. Alem disso, manter a ocupação e o estado de beligerância cria empregos para milhares de israelenses. Cerca de 70 mil pessoas são empregadas na indústria da segurança.

Segundo Amira, a cada ano, dezenas de milhares de israelenses concluem o serviço militar obrigatório e saem treinados para usar algum talento especial. Esse treinamento é o início de sua carreira profissional: soldados profissionais, agentes de espionagem, consultores, soldados mercenários, comerciantes de armas. A paz, portanto, faria sumir muitas carreiras num estrato social que tem enorme influência no governo.

Pela tese, a Paz prejudica a qualidade de vida, pois exigiria distribuição equitativa dos parcos recursos hídricos em todo o país (do rio ao mar) entre judeus e palestinos. Prejudica também para o bem-estar social, pois as colônias oferecem às pessoas comuns o que jamais teriam se dependessem dos salários para viver: terra barata, casas confortáveis, benefícios, subsídios, espaços abertos, paisagens.

Para a jornalista, a paz também eliminará o pretexto “de segurança” que justifica a segregação contra os árabes-israelenses, seja na distribuição de terras, dos recursos de desenvolvimento, educacionais, de saúde ou dos direitos humanos. “Gente que se tenha habituado aos privilégios próprios da discriminação étnica vê a justa distribuição de direitos como assalto a seus direitos adquiridos e ao seu próprio bem-estar”, diz Haas.

A busca da não-paz parece fazer soldados israelenses exibirem camisetas com imagens de bebês palestinos mortos e mesquitas destroçadas pelos bombardeios de Israel. Uma das camisetas, a da foto acima, de um soldado do exército de ocupação em Gaza, mostra o ventre de uma mulher palestina grávida na mira de um fuzil e a legenda emblemática: “Um tiro, dois mortos”. (Ler matéria do Haaretz.com, de 20/3) (7).

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