domingo, 2 de agosto de 2009

Um bode na sala

Outros trinta e nove senadores maculam, igualmente ao Sarney, suas biografias. Alguns são alvos de inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, réus em ações penais e/ou envolvimento com nepotismo e atos secretos nos últimos anos. Este é o levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo que, seletivamente, reduziu sua pesquisa a apenas 30 membros do Conselho de Ética do Senado.

Explicando: cerca de quarenta senadores foram amplamente citados (depois, convenientemente esquecidos) por toda a mídia nacional no início da crise do Senado, hoje crise do Sarney. Todos envolvidos com os atos secretos que enlameiam o Senado. Todos igualmente condenáveis por terem praticados atos de igual gravidade. Se menos praticaram, é por que tiveram menos poder e oportunidade da prática malsã.

O senador Cristovam Buarque tem ato secreto nomeando a esposa para cargo público; Artur Virgilio confessou haver bancado, com patrocínio (“meu, seu, nosso”, como costuma dizer a mídia) do Senado, um comensal do seu gabinete por quase dois anos na Espanha; Virgilio também usou indevidamente dez mil dólares para tratamento de pessoa da sua família em Paris; Demóstenes Torres, Heráclito Fortes e Eliseu Resende têm seus nomes em boletins sigilosos ou casos de nepotismo.

Efraim Morais deveria responder por 52 servidores do Senado que batem ponto na belíssima e prazerosa cidade de João Pessoa e por ordenar pagamentos de horas extras a servidores do seu gabinete em pleno gozo de recesso parlamentar. Tasso Jereissati acha normal fretar jatinhos pelas burras do Senado. Outro tucano, Flexa Ribeiro, apoderou-se de uma rua (!!!) na prazerosa e belíssima Belém para um projeto imobiliário privado.

Quase todos têm usado indevidamente verbas indenizatórias, como o senador Agripino Maia as usou para pagamento de condomínio em morada de alto luxo em praia do Nordeste. É o mesmo que pagar com cartões corporativos despesas com tapioca ministerial ou com um pênis de borracha para dona Ruth Cardoso usar no seu projeto social. (fato que fez nossa mídia encerrar o assunto da crise que criou para os cartões corporativos).

É diferente nomear a esposa ou afilhado de nomear o namorado da neta? É menos ético o ato antiético praticado em menor quantidade? Pensando bem: Lula não teria razão para titular essa turma de pizzaiolos? Pois bem: Com a caça ao Sarney, prepara-se uma pizza gigante no Senado, com ajuda da grande imprensa. Assim, serão preservados de investigação os senadores que costumam afagar a mídia. Tira-se o bode da sala, salva-se a República.

3 comentários:

LUIZ GONZAGA MARTINS disse...

Temos que começar um movimento para que diretores com poderes tão grandes sejam funionários de carreira e não nomeados. Na realidade, os anteriores poderão até ser punidos mas o próximo continua a prática senão perde o cargo ( e que cargo! já ouvi dizer que o Agaciel ganhava 35.000,00). O funcionário de carreira tem mais autonomia pois é concursado. Essa é a única coisa útil que a sociedade pode e deve fazer além de melhorar a qualidade do voto.



Luiz Gonzaga Martins - Joinville

CHarles Santos disse...

Piada maior que essa onda de nepotismos e desvio de dinheiro, somente a ideia de acabar com o Senado.

Até quando continuaremos a varrer a sujeira para debaixo do tapete?

Remindo disse...

Todos estes senadores em sua maioria foram criados durante o Golpe de 64 e provavelmente a ele apoiaram para dar seus primeiros passos na política. Aprenderam a roubar com os coronéis e generais de então. Todos os grandes jornais apoiaram o golpe e estes mesmos senadores que hoje pauleiam já foram em suas páginas salvadores da nação. Nenhum leitor é bobo, temos memória. A família Sarney roubou muito menos que as famílias Marinho, Civita, Frias e outras menos faladas. Em política e em empresas jornalisticas, ninguém é santo, mas todos ficam ricos.

O Manifesto