sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O Islã e o fundamentalismo

1. É tempo de mudar o modelo de produzir, transformar, comercializar e consumir alimentos e produtos agrícolas, de forma que a soberania alimentar dos povos seja garantida.
2. O mercado de livros está cheio de obras sobre o diverso mundo árabe. Muitos no topo dos mais vendidos. Poucos cuidam de esclarecer a generalizada associação dele com o Islã.
3. Uma sonora ameaça aos interesses da sua economia, fez a Espanha correr a colocar panos-quentes na arrogante recaída colonial da realeza espanhola.
4. O governo colombiano, apoiado no narcotráfico e no banditismo paramilitar, vive num impasse com as guerrilhas, sem solução à vista.
5. A TV pública brasileira enfrenta o desafio de ajudar a democratizar a informação e a produção cultural brasileira, de modo a romper a hegemonia da “mídia de mercado”.


Pequenos produtores esfriam o planeta. O atual modelo global de produção, de consumo e de mercado causa destruição massiva do meio ambiente. Entre as conseqüências, o aquecimento global que coloca em risco os ecossistemas de nosso planeta. Este fato mostra o fracasso do modelo de desenvolvimento baseado no consumo de energia fóssil e na superprodução. Movimentos camponeses de todo o mundo unem seus esforços com os de outros movimentos sociais, organizações e comunidades em defesa de transformações sociais, econômicas e políticas radicais que permitam reverter essa perversa tendência atual.

(...) A Via Campesina, que congrega movimentos campesinos no mundo inteiro, acredita que uma agricultura sustentável em pequena escala e o consumo local de alimentos vai inverter a atual devastação e sustentar milhões de famílias camponesas. A agricultura pode contribuir para o esfriamento da terra utilizando práticas agrícolas que reduzam a emissão de CO2. E os camponeses também podem contribuir na produção de energia renovável.
Leia na íntegra a posição da Via Campesina.

Por que o Ocidente despreza o Islã? Nas simplificações grosseiras sobre o mundo árabe, a vítima oculta somos nós mesmos. Ao projetarmos sobre o outro nossa visão de atraso, de intolerância e de fundamentalismo, não enxergamos como estão sob ameaça os melhores valores de nossa civilização. Os conceitos religiosos, étnicos e de identidade nacional, que definem os muçulmanos, os árabes e afegãos, não são o forte da maioria da população que acaba identificando a todos, sem distinção, como seguidores do Islã.

Edward Said mostrou como a representação literária dos muçulmanos como bárbaros, primitivos, violentos, decadentes e irracionais legitimou os interesses dos grandes poderes da era colonial. No pós-11 de setembro, a mídia passa a demonizar os muçulmanos com vistas a iniciar um novo ciclo de dominação e subjugação, agora comandado pelos EUA. Qualquer indivíduo que ostente um turbante ou véu na cabeça é quase que automaticamente definido como fanático, fundamentalista, atrasado e... terrorista.

Assim, o cidadão médio constrói um Islã fundamentalista, pleno de explosivos Osamas e reprimidas mulheres sob véus; um povo que corta mãos de ladrões, que apedreja condenados até a morte e proíbe prazer e diversão. Não é a toa que esta representação do “mulçumano” logo vira best-seller e abastece o imaginário de milhões de cidadãos no Ocidente que se horrorizam e se deliciam. São projeções do “outro” que também servem para reforçar a nossa suposta normalidade em face de um contraponto tão bizarro.
Leia em Le Monde Diplomatique matéria completa de César de Souza e Sílvia Ferabolli.


Recaída colonial. Como na época da colônia, a metrópole não sobrevive de sua economia intrafronteira. E se hoje não manda mais nos países sul-americanos, precisa de seus mercados para expandir seus negócios. E que nenhuma bravata real se coloque no meio do caminho. O chanceler espanhol teve que participar de um café da manhã com os empresários do seu país para acalmá-los e pediu publicamente que a controvérsia da inconveniente atitude do rei fosse esquecida para não afetar os interesses empresariais na Venezuela.

A Repsol fica no país, mesmo com a mudança das regras na exploração do petróleo da bacia do rio Orinoco, e não quer mais turbulências em seu negócio. No mesmo barco, os bancos Santander e BBVA, com presença crescente no importante mercado venezuelano. A justa reação de Chávez, ao ameaçar fiscalizar as empresas espanholas, diminuiu o topete real.
Leia o texto completo do jornalista Mair Pena Neto.


Um simples telefonema do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pôs fim à intermediação do presidente venezuelano Hugo Chávez com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). É curioso que a dispensa da ajuda ocorra um dia após o presidente venezuelano ter afirmado na França ao presidente Sarkosy que a FARC ofereceria provas de que está viva a ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada desde 2002. Sarkosy e a família de Ingrid lamentaram a saída de Chávez.

Uribe, marionete do governo Bush, teme que o presidente venezuelano consiga a pretendida solução para o conflito e amplie sua liderança política, que tanto contraria os EUA, e desmoralize de vez o governo da Colômbia. Com a decisão de Uribe, volta tudo à estaca zero. Os 45 reféns que estão nas mãos da FARC que se danem.
blog do Mello


TV Brasil. A TV pública, veículo que, por definição, tem o papel de servir ao interesse público de forma independente dos projetos econômicos e políticos do mercado e dos governos, é uma velha conhecida dos telespectadores europeus. Tem desempenhado uma função extremamente relevante no universo midiático de países como Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Portugal, Holanda e outros, mas no Brasil o conceito é uma novidade que está lutando para fincar raízes entre produtores de conteúdo, telespectadores e políticos.

Os questionamentos mais comuns sobre o projeto brasileiro de TV pública, a TV Brasil, referem-se: ao grau de interferência (ou de atrelamento) do Governo na sua gestão política e no seu conteúdo; à capacidade de responder ao desafio de produzir material de qualidade que atenda às expectativas de um público acostumado ao padrão dos canais privados e à capacidade de levar o sinal a todas as regiões do país.

No país não há acúmulo de conhecimento sobre este modelo de televisão, ao contrário da Europa, onde a radiodifusão nasceu pública na maioria dos casos. Lá, predomina o conceito de comunicação televisiva como um serviço público prestado (e concessível) pelo Estado. Para garantir a gestão da TV pública com foco exclusivo o interesse maior da população, sem interferência dos governos e das forças políticas que os ocupam.
Leia a matéria de Verena Glass para a Agência Carta Maior.


BRINDE: MILTON NASCIMENTO E CHICO CANTAM “O QUE SERÁ”, EM 1976 NA REDE BANDEIRANTES. IMPERDÍVEL.


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