terça-feira, 20 de maio de 2008

Esqueletos e fantoches

1. No último dia do BBB da TV Globo, um dos senadores, da augusta tribuna do Senado da República, cabalava votos para uma candidata, sua conterrânea, no inútil programa. Quando se vê algumas figuras no nosso senado, compreende-se melhor Calígula. E se faz concessões ao respeito que ele devotava à Incitatus.

2. Pérolas da reunião ministerial que decidiu pela instituição do AI-5, o golpe dentro do golpe, citadas por Zuenir Ventura em 1968 – o ano que não terminou: "Eu confesso que é com verdadeira violência aos meus princípios e idéias que adoto uma atitude com esta." (general-ditador Costa e Silva). "Às favas, senhor presidente, todos os escrúpulos de consciência" (coronel Jarbas Passarinho). Estava inaugurado o caminho das trevas.

3. Chefes de estado do mundo inteiro estão reunidos esta semana na Europa. Na pauta, a abolição das bombas de múltipla fragmentação. Ausentes, por serem contra, além da Rússia, os EUA e três dos seus habituais títeres. Entre eles, Israel. Em nossa lembrança, uma menina correndo pelas estradas do Vietnã, o corpo queimado pelo napalm.

Ainda ecoam os tiros da rua Toneleros

Os esqueletos deveriam estar bem guardados nos armários e os fantasmas engolidos pelo tempo. Será? Não para a oposição demo-tucana e seu porta-voz, a mídia nativa, que ainda ouvem o eco dos tiros da rua Toneleros, na Copacabana de 54 anos atrás. Os tiros contra o maior adversário do governo constitucional de Getúlio Vargas, jornalista Carlos Lacerda. Um o atingiu no pé, outro matou seu acompanhante, o major Vaz, da Aeronáutica. Lance crucial de uma crise que crescia desde o início do governo Vargas, combatido em duelo ao último sangue, sobretudo por sua política nacionalista que rendeu ao país Volta redonda e a Petrobras. Além de uma avançada legislação trabalhista, para a época.

Tio Sam sempre contou com magníficos advogados na Terra Brasilis. E ainda conta. A tocaia da Toneleros e a campanha liderada pelo aristocrata tribuno da UDN, a denunciar desmando e corrupção no governo Vargas, ganhou fôlego e substância. O Palácio do Catete, sede do governo, fora submergido por um “mar de lama”, segundo Lacerda. A tragédia tropical encerra-se com um tiro no coração e o povo chorando muito o suicídio do seu presidente. Os planos do golpe da elite foram adiados para 10 anos depois, em 1964. Feito por raposas mais espertas. Os intérpretes da pantomima dos dias de hoje, 54 anos depois, não figuram na família das raposas, embora arroguem nascer do conúbio entre estas e os lobos.

Não existe, porém, um único personagem na oposição demo-tucana que se pareça em talento com Lacerda, nem mesmo vagamente. Tampouco há mínima semelhança entre os tiros da Toneleros e o chamado dossiê anti-FHC, que devora as energias da oposição na tentativa de manter o assunto nas primeiras páginas. Como se deu em outras ocasiões em que se pretendeu mostrar que um mar de lama invade o Palácio do Planalto. Patéticas expectativas de se criar uma situação capaz de derrubar o presidente Lula e que acabaram por se esvair em suas próprias fragilidades. No caso atual, falam de chantagem, sem que haja chantagista ou chantageado. E trafegam pela incompetência raivosa dos medíocres.

Na Carta Capital o texto original de Mino Carta. Uma boa leitura nas bancas. [1]

Ministério Público move ação civil contra oficiais torturadores.

Semana passada, deu entrada na 8ª Vara Federal de São Paulo uma ação civil contra o Exército e dois de seus oficiais, já recolhidos à reserva: Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel. A dupla comandou, entre 1970 e 1976, a usina de tortura, mortes e desaparecimentos que a ditadura instalou nos porões do famigerado DOI-CODI, em São Paulo. A ação, assinada por seis procuradores da República, contém demandas judiciais inéditas no país: pede à Justiça que declare a responsabilidade dos dois oficiais pelos crimes praticados sob seu comando. E requer que ambos sejam condenados a arcar solidariamente com o ônus financeiro das indenizações pagas pela União às vítimas da ditadura.

A ação civil, de 150 folhas, traz 64 nomes de pessoas mortas ou desaparecidas nos desvãos da máquina repressiva militar. Entre elas o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho. Pela ação, todos os 64 casos (...) foram reconhecidos pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Presidência da República, originando o pagamento de indenizações pela União aos parentes das vítimas, na forma prevista na Lei nº 9.140/956. Pede-se à Justiça que reconheça as atrocidades, declare a responsabilidade dos acusados e, em conseqüência, condene-os a responder pela reparação financeira dos crimes. A co-responsabilidade criminal do Exército é por sonegar documentos.

Leia no blog de Josias de Souza, da Folha de São Paulo, as informações completas. [2]

Palestinos exilados revelam o outro lado dos 60 anos de Israel

Dezenas de manifestações na Cisjordânia, Gaza, Síria, Jordânia e Líbano comemoram a Nakba (Catástrofe), a outra face do aniversário israelense. "Como vamos esquecer, se Israel nos lembra nossa história com suas matanças de cada dia?" Omar Suleiman Turk, 62 anos, nascido em Haifa e expulso para o Líbano em 1948, ainda bebê, junto com seus pais e uma irmã, resume sua vida miserável no campo de refugiados de Chatila, em Beirute: "Nunca conheci vários de meus irmãos maiores. Creio que um deles vive no Egito. Sei que outro morreu lutando com o exército jordaniano. Dos outros, não sei nada". É uma das muitas histórias ouvidas nos países árabes em torno de Israel.

Nesta quinta-feira (15/05) os palestinos comemoraram a Nakba: o desterro maciço de mais de 700 mil pessoas de sua terra na antiga Palestina e depois no recém-fundado Estado de Israel. Hoje são 4,5 milhões de refugiados que saíram às ruas em dezenas de manifestações. Chaves que simbolizam as casas das quais foram expulsos, sirenes e discursos moderados e incendiários salpicaram os atos em memória de sua tragédia, enquanto o presidente George W. Bush falava no parlamento israelense sobre o "terrorismo e a maldade".

"Já é hora de acabar com o desastre do povo palestino", pede o presidente palestino, Mahmud Abbas, que negocia com Israel um emperrado acordo de paz. O Hamas segue outro caminho. "Não reconhecemos Israel", diz o líder islâmico Mahmud Zahar. Sessenta anos depois, 1,5 milhão de habitantes de Gaza – ocupada pelo Egito até 1967 – vive hoje o assédio brutal de Israel, condenado pela totalidade das organizações de direitos humanos. A Cisjordânia sofre uma ocupação militar que transformou suas cidades e povoados em cárceres militares.

Matéria completa de Juan Miguel Muñoz para El País, somente assinantes UOL. [3]

BRINDE: NO III FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO DE 1968 OS VENCEDORES FORAM TOM JOBIM E CHICO BUARQUE COM A MÚSICA S A B I Á . A DITADURA NÃO PERCEBEU O CARATER REBELDE DA MÚSICA. UM BRINDE NAVOZ DE ELIS REGINA (Clique em “pausa” por alguns segundos, para carregar).

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O Manifesto