Longos anos se passaram para que a Folha de S Paulo admitisse, como admitiu em editorial, nesta sexta-feira, que “gerência técnica, tática de alianças, governabilidade. A política como ‘arte do possível’. Conceitos e lemas desse tipo fixaram-se, ao longo do tempo, como ingredientes típicos da retórica e da prática tucanas”. A afirmação, como se vê, é parte de uma análise bastante retardada em honra da verdade. Essa e muitas outras deixaram de ser ditas em tempo real, para não contrariar interesses do próprio jornal.
No preâmbulo de mais essa manifestação política, o jornal admite que “no governo FHC, o tema da ‘modernização’ do Estado brasileiro nunca representou empecilho para que se fizessem alianças com o que sempre existiu de mais arcaico e oligárquico na política brasileira. Muda o presidente, muda o partido, mas não se altera a tolerância com o patrimonialismo e com o atraso”. E admite que Lula tem razão ao dizer que não se governa no Brasil “fora da realidade política”: “Ninguém diria o contrário”, diz a Folha.
Entretanto, o editorialista cobra do presidente sua promessa de mudar essa realidade política: “A política não é apenas ‘a arte do possível’, como dizia Fernando Henrique Cardoso – mas a arte de ampliar esses limites”, diz o jornal. E coloca nas mãos do núcleo no poder a responsabilidade por uma reforma política, fiscal ou previdenciária, pendentes há décadas. Como se a Folha não soubesse muito bem que cada feudo de poder – econômico, grupal, familiar, político – quer um modelo de reforma que lhe beneficie.
Grupos poderosos, como os do agronegócio, das comunicações, das altas finanças, conseguem até ocupar altos postos de comando nos ministérios da Agricultura e da Comunicação, Banco Central, a garantir a manutenção histórica do patrimonialismo oligárquico e do arcaísmo, ora condenados pela Folha. Ela mesma uma legítima representante desses grupos, pouco ou nada interessados em mudança. A não ser para manutenção dos seus próprios privilégios. Nunca para promover mais democracia.
A reforma que interessa à Folha e à mídia, legítimas representantes das oligarquias, não é a mesma que interessa à sociedade como um todo. Mais do que a reforma agrária, que democratize o acesso à terra, prefere-se a demonização dos movimentos sociais. Mais do que os investimentos em políticas sociais, que elevem o perfil distributivo, melhor condenar os “gastos do governo”. A mídia jamais concordará em discutir um modelo voltado ao direito à comunicação ou à democratização dos meios de comunicação.
(Em face de repetidas demonizações dos movimentos sociais pelos inimigo da reforma agrária, circula pela internet um Manifesto em Defesa do MST (1), subscrito por intelectuais, movimentos sociais, personalidades. O manifesto mostra os interesses por trás da desestruturação dos movimentos pela reforma agrária no Brasil. Como o agronegócio, que quer impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola, que estabelece as bases da produtividade da terra no Brasil e favorece a reforma agrária).
Em vez de preservar o meio-ambiente, o conservadorismo opta por ampliar a fronteira agrícola, o desmatamento. Mais do que discutir a violência ligada ao trafico de drogas e ao alcoolismo, melhor aliar-se aos anunciantes de bebidas. Mais que uma reforma previdenciária que garanta justos direitos de cobertura, prefere-se mitificar o “déficit da previdência”. Reforçando à avidez dos grandes bancos que bancam a previdência privada. A depender da Folha, pois, longe está a ampliação da “arte do possível”.
É hilário, como se vê, o movimento da mídia brasileira e dos partidos de oposição a condenar o pragmatismo do governo diante da realidade brasileira que transforma a política como a “arte do possível”, que todos praticaram, sem o menor interesse na “arte de ampliar esses limites”. Todos os políticos hoje levados à execração pública foram sempre aliados e úteis aos que hoje os querem condenar. A Folha de S Paulo, a mídia brasileira, deve à sociedade uma análise, isenta de hipocrisia, sobre a fisiologia e o atraso em nossa política.
(1) adesões podem ser feitas no endereço: http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html
No preâmbulo de mais essa manifestação política, o jornal admite que “no governo FHC, o tema da ‘modernização’ do Estado brasileiro nunca representou empecilho para que se fizessem alianças com o que sempre existiu de mais arcaico e oligárquico na política brasileira. Muda o presidente, muda o partido, mas não se altera a tolerância com o patrimonialismo e com o atraso”. E admite que Lula tem razão ao dizer que não se governa no Brasil “fora da realidade política”: “Ninguém diria o contrário”, diz a Folha.
Entretanto, o editorialista cobra do presidente sua promessa de mudar essa realidade política: “A política não é apenas ‘a arte do possível’, como dizia Fernando Henrique Cardoso – mas a arte de ampliar esses limites”, diz o jornal. E coloca nas mãos do núcleo no poder a responsabilidade por uma reforma política, fiscal ou previdenciária, pendentes há décadas. Como se a Folha não soubesse muito bem que cada feudo de poder – econômico, grupal, familiar, político – quer um modelo de reforma que lhe beneficie.
Grupos poderosos, como os do agronegócio, das comunicações, das altas finanças, conseguem até ocupar altos postos de comando nos ministérios da Agricultura e da Comunicação, Banco Central, a garantir a manutenção histórica do patrimonialismo oligárquico e do arcaísmo, ora condenados pela Folha. Ela mesma uma legítima representante desses grupos, pouco ou nada interessados em mudança. A não ser para manutenção dos seus próprios privilégios. Nunca para promover mais democracia.
A reforma que interessa à Folha e à mídia, legítimas representantes das oligarquias, não é a mesma que interessa à sociedade como um todo. Mais do que a reforma agrária, que democratize o acesso à terra, prefere-se a demonização dos movimentos sociais. Mais do que os investimentos em políticas sociais, que elevem o perfil distributivo, melhor condenar os “gastos do governo”. A mídia jamais concordará em discutir um modelo voltado ao direito à comunicação ou à democratização dos meios de comunicação.
(Em face de repetidas demonizações dos movimentos sociais pelos inimigo da reforma agrária, circula pela internet um Manifesto em Defesa do MST (1), subscrito por intelectuais, movimentos sociais, personalidades. O manifesto mostra os interesses por trás da desestruturação dos movimentos pela reforma agrária no Brasil. Como o agronegócio, que quer impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola, que estabelece as bases da produtividade da terra no Brasil e favorece a reforma agrária).
Em vez de preservar o meio-ambiente, o conservadorismo opta por ampliar a fronteira agrícola, o desmatamento. Mais do que discutir a violência ligada ao trafico de drogas e ao alcoolismo, melhor aliar-se aos anunciantes de bebidas. Mais que uma reforma previdenciária que garanta justos direitos de cobertura, prefere-se mitificar o “déficit da previdência”. Reforçando à avidez dos grandes bancos que bancam a previdência privada. A depender da Folha, pois, longe está a ampliação da “arte do possível”.
É hilário, como se vê, o movimento da mídia brasileira e dos partidos de oposição a condenar o pragmatismo do governo diante da realidade brasileira que transforma a política como a “arte do possível”, que todos praticaram, sem o menor interesse na “arte de ampliar esses limites”. Todos os políticos hoje levados à execração pública foram sempre aliados e úteis aos que hoje os querem condenar. A Folha de S Paulo, a mídia brasileira, deve à sociedade uma análise, isenta de hipocrisia, sobre a fisiologia e o atraso em nossa política.
(1) adesões podem ser feitas no endereço: http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html
8 comentários:
O MST é mais uma evidência do Brasil como nação, primeiro pela ideologia que sustenta, segundo pela forma com que inviabiliza a Reforma Agrária e princpalmente por não considerar como fundamental o respeito à propriedade privada.
"Não se conhece nação que tenha prosperado na ausência de regras claras de garantias ao direito de propriedade, do estado de direito e da economia de mercado." (Prof. Ubiratan Iorio de Souza)
Abraços,
Gerhard Erich Boehme
gerhard@boehme.com.br
(41) 8877-6354
Skype: gerhardboehme
Caixa Postal 15019
80811-970 Curitiba - PR
Desculpe me Gerhard, mas voce precisa ler o livro Free culture para entender o que esta por tras do direito a propriedade. Sem Sofismas sejamos Honestos o direito a propriedade da forma como esta legalizado hoje, serve de suporte a elistes imporem seus conceitos vontadses e ideologias.
Eduardo Martins
Especiliasta em Webmarketing.
O O Globo de hoje (25/10/09) tem em sua primeira página a manchete: "Bolsa família inibe expansão do emprego formal no interior". Quando se lê o corpo da matéria, à pagina 3, encontra-se outra afirmação: "A precariedade do emprego formal nessas cidades não tem relação direta com a concessão do bolsa família. Existem barreiras anteriores ao programa que impedem o acesso dos trabalhadores a empregos, ...". Existe outro nome para esta contradição que não seja "desonestidade intelectual"? Será que o jornalista que fez a matéria concorda com os editores que escolheram uma manchete que contraria o que ele escreveu? Esta é a imprensa "livre" que temos. Livre para achar que somos um bando de imbecis que podem ser manipulados "at eternum"? Mas eles sabem que uma parte importante da população só lê as manchetes dos jornais que estão pendurados nas bancas, para quem estas manchetes soam com um efeito terminativo: "É preciso acabar com o Bolsa Família. Este programa está criando um bando de brasileiros vagabundos". Triste Brasil!!
Gehrard, quem não respeita direitos é a Cutrale e todos os grileiros que se arvoram em proprietários de terra nesse país. Procure se informar sobre o caso das laranjas.
Cuidado para não se "informar" na Veja. Corre o risco de ir morar na lua!
rs rs rs
Leila
Quem já sofreu na mão destes selvagens sabe realmente quem eles são, será que os meios justificam os fins? Reforma agrária é muito salutar para o Brasil, mais o MST merece cadeia.
Um abraço a todos
Não entendi o comentário contra o MST.
Primeiro a cara assina como anônimo e depois deixa nome e endereço. Segundo, os sem-terras apenas querem que as regras sejam cumpridas para todos, sem-terras e assassinos de sem-terras. Claro, é mais fácil dar pau nos coitados do que encarar a realidade de uma sociedade cheia de regras, mas que só os pobres tem que cumprir. Desculpe anônimo Gerhard, mas tu é muito burro. Teus parentes europeus vieram para Brasil em busca de terras de graça e agora tu negas este direito aos brasileiros. Tu é burro e facista.
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