(Anita Dunn, Diretora de Comunicação da Casa Branca)
“... temos de ser mais enérgicos, em vez de sempre dar explicações, fugir do debate ou só nos defender" – “A imprensa vive de falar. (...) por isso, a imprensa sempre pode usar qualquer mínima coisa e converter em notícia, mesmo que, para isso, os fatos sejam distorcidos. Por que precisamos aceitar isso?". Disse, na semana passada, em rede nacional, Anita Dunn, Diretora de Comunicação da Casa Branca, acusando a Rede Fox News de funcionar como uma organização política, “apêndice do Partido Republicano”.
A paciência da Casa Branca começou a desabar em setembro, quando o New York Times publicou, em primeira página, que há um "crescimento nas pesquisas de pais e mães preocupados com o conteúdo do discurso de Obama para crianças e adolescentes" O estranho é que essa publicação ocorreu antes mesmo de o jornal, e os “pais e mães” conhecerem o teor do correto discurso presidencial. Some-se o caso do Washington Post, a distorcer legítimas nomeações de Obama para a Administração Federal.
"Trata-se de opinião partidarizada, travestida de noticiário e de jornalismo", diz Anita Dunn. Esse “modismo”, a sensibilidade política de Gramsci credita ao conservadorismo, cada vez que se torna fraco, na luta pelo poder. É quando a imprensa assume o comando da agenda oposicionista e ocupa seu lugar. Muitas vezes, com um propósito golpista implícito. Ou não é que vem acontecendo no Brasil? Não é diferente o processo na Argentina. Quem, senão a mídia, comandou o golpe contra Chávez em 2002?
O caso da Casa Branca é mais fácil de resolver porque nos EUA, como nos principais países da Europa, não existe a esculhambação latina da propriedade múltipla dos meios de comunicação, nem se convive com tal concentração da propriedade televisiva. É justamente o que vem corrigir a nova Lei Audiovisual de Cristina Kirchner. Recém aprovada por ampla maioria no parlamento argentino, com apoio dos sindicatos dos jornalistas, ela inibirá o monopólio que transforma a Argentina em feudo do Grupo Clarín.
A lei prevê que as organizações da sociedade civil, não-governamentais, terão acesso a um terço do espaço audiovisual, igual que as mídias públicas e privadas. Ela impede também uma mesma empresa de possuir um canal aberto e um canal a cabo na mesma região. É por isso que a Lei Cristina é tratada pela mídia brasileira como um “instrumento de força contra a liberdade de expressão, para prejudicar o Clarín”. Uma defesa corporativa, pois não é segredo que também há muito o que se consertar por aqui.
Por aqui, as quatro grandes corporações – Globo, Veja, Estado e Folha – não conseguem criatividade necessária para oferecer uma eventual posição política favorável ou mesmo tolerante com o governo do “lulo-petismo”. Mas, não se pense que a reação brasileira ficará limitada à “azia” de Lula, causada pela itura dos nossos jornais. Também não será pela não renovação do domínio concessionário, ao estilo Chávez. Uma Lei Cristina, no Brasil, virá como resultado de amplo debate nacional do setor. (*)
(*) Os debates já começaram a se realizar nos diversos Estados, como fase preparatória para a 1ª Conferência Nacional de Comunicação – Confecom – a ser realizada em 15 a 17 de dezembro em Brasília DF.
2 comentários:
Chaves não cassou o domínio concessionário da televison Globo, apenas NÃO RENOVOU a concessão por motivos mais do que justos. Isto ocorre normalmente nos EUA
Tens razão, caro Blasco, a não renovação da RCTV, na Venezuela, deveu-se exatamente às mesmas atitudes antidemocráticas das mídias mundo afora. A diferença é que lamentavelmente não há muitos Chávez por aí. Abração
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