segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Gestão temerária

Em 1997 a batida seca de um martelo de leilão foi abafada por milhares de batidas nas costas de manifestantes do movimento social contra um dos maiores roubos do século 20 e pela omissão da nossa conveniente imprensa. A venda, quase doação, da nossa Companhia Vale do Rio Doce se constituiu na maior transferência de dinheiro público para os amigos do poder. De tal monta que a soma de todos os escândalos que vimos nos últimos anos transformaram-se em café-pequeno servido após lauto banquete do reinado tucano. Mais um passo da política irresponsável de extermínio do patrimônio público brasileiro. A prisão de Cacciola é uma mínima parte do assunto que volta ao colo tucano.

Golpe de US$ 1,5 bilhões nas barbas do príncipe tucano (*). A prisão de Salvatore Cacciola em Mônaco cai como uma bomba no colo do governo FHC e do ministro Marco Aurélio de Mello. O caso Cacciola mostra as vísceras do Banco Central da era tucana, quando foi obrigado a desvalorizar a moeda e, de carona, salvar da falência que atingia o Plano Real e o País os banqueiros amigos do poder. O golpe de US$ 1,5 bilhão ficou muito escancarado e a Polícia Federal conseguiu prender Cacciola. É aí onde entra o herói dos bicheiros do Rio: o ministro Marco Aurélio de Mello deu uma liminar a Cacciola. Agora, a Justiça vai pedir sua extradição. Não há dúvida: Se Cacciola abrir o bico, tucano vai voar de costas.

Fique sabendo que (1): 1) A Companhia Vale do Rio Doce foi vendida em 1997 por menos de 4 bilhões de dólares apesar de avaliada em 92 bilhões à época. 2) Como foi dito depois pelo seu Diretor de Finanças, a Vale possuía um patrimônio de 40 Bilhões de dólares – 12 vezes o valor pago no leilão. 3) O Banco Bradesco foi escolhido para modelar a privatização da Vale o que lhe impediria legalmente de participar da compra de suas ações. Entretanto, o Banco Bradesco não só participou do leilão como é hoje o maior sócio privado da Vale. 4) Em 1995 a Vale declarou à Bolsa de Nova York que suas reservas de minério de ferro eram de 12,8 bilhões toneladas e no dia do leilão a informação registrada foi de 2,8 bilhões.

Fique sabendo que (2): 5) A malha ferroviária e dois portos foram "esquecidos" nos cálculos do valor de venda da Vale. 6) Grandes reservas de Nióbio e Titânio (minerais indispensáveis à indústria aeronáutica e aeroespacial), além de fosfato, cassiterita e estanho, foram misteriosamente omitidas nos cálculos do preço de venda. 7) Empresa lucrativa em visível ascensão, o principal motivo alegado à época pelo governo de FHC para privatizar a Vale foi o de reduzir nossa dívida externa. No entanto, o que depois ocorreu, pelo contrário, foi um substancial aumento das nossas dívidas. 8) Cercadas de poderosas influências e pressões contrárias em cima do STJ, tramitam na Justiça 107 ações que questionam a legalidade do leilão.

A elegia da hipocrisia. Por Helena Chagas (*). Quem hoje vê a animada defesa dos senadores pelo fim do voto secreto até acredita. Mas, em março de 2003, quando a Casa derrotou emenda do senador Tião Viana, do PT, acabando com o voto secreto para cassações, muita gente boa que discursa hoje para abrir o voto ficou contra. Entre eles, Arthur Virgílio, que hoje faz veemente defesa do voto aberto dizia na ocasião: "O voto secreto é um instrumento que deixa o parlamentar a sós com sua consciência em uma hora que é sublime, em que o voto é livre de quaisquer pressões, que podem ser familiares, do poder econômico, de expressão militar ou de setores do Executivo (e da mídia, não?). Voto pela manutenção do voto secreto".

A imprensa no Brasil é um partido político. É o que diz ao Conversa Afiada o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos (*): “Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil”. A imprensa se vê indestrutível porque resiste à democratização e à republicanização. E, como os militares de hoje se submetem mais à lei do que à imprensa, cabe a esta a capacidade de gerar instabilidade política. No Governo Lula, a imprensa pratica o “quanto pior melhor”: combate políticas que sabe serem benéficas ao país, por não tolerar serem praticadas por um líder comprometido com as classes populares.

O prefeito do Rio, Cesar Maia, noticia em seu ex-blog o protesto do PSDB (*) contra cena do filme “Tropa de Elite”, que ainda não estreou no cinema. Ele conta que, no filme, um candidato a senador que patrocina uma ONG ligada ao tráfico de drogas usa o número 451, identificado com o PSDB. Políticos do PSDB que assistiram ao filme “Tropa de Elite” na versão pirata ficaram indignados. Vê-se no filme o número 45 do partido como número de um candidato a senador que patrocina uma ONG ligada ao tráfico de drogas. Entre os políticos do PSDB as opiniões estão divididas: Alguns ameaçam processar o diretor do filme por danos morais. Outros acham que é melhor deixar pra lá (Fonte O Dia/Terra).

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEMO), reduziu o valor nutritivo da sopa que é servida aos pais e alunos de escolas e creches municipais. Atendendo à multinacional suíça Nestlé que quer participar da licitação para produzir a sopa. Antes, a refeição tinha sete quilos de carne, dois quilos de cenoura e três quilos de algumas hortaliças para cada 100 quilos de sopa distribuída. Com a mudança feita, a refeição irá conter menos de um quilo de carne e cenoura e somente um quilo hortaliças. A Associação Brasileira de Nutrição afirma que a redução nutricional da sopa vai contra ao que estabelece a Organização Mundial da Saúde.

Justificativa ou desculpa de amarelo? A Nestlé alegou que o pedido de alteração do edital foi para permitir a participação dos maiores fabricantes do setor, que já utilizam uma menor proporção dos nutrientes citados. A Secretaria de Gestão confirmou o apoio à sugestão. Por outro lado, a Justiça já vem de olho na Nestlé: em agosto deste ano, a empresa foi condenada pelos órgãos de defesa do consumidor por reduzir a quantidade de alguns produtos, entre eles cereais e biscoitos, sem aviso aos consumidores nas embalagens. Leia matéria completa de Gisele Barbieri (*) para Radioagência NP.

BRINDE: DOCUMENTÁRIO SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DA VALE. VEJA: (1) A HISTÓRIA DA VALE. (2) A CAMPANHA A VALE É NOSSA. (3) A VALE E A QUESTÃO INDÍGENA.

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