sexta-feira, 4 de abril de 2008

Framboesa de Ouro

Muito Barulho por Nada (William Shakespeare)
“Much Ado About Nothing”, filme anglo-estadunidense de 1993, baseado na peça de Shakespeare, teve direção do excelente ator e diretor irlandês, Kenneth Branagh. No elenco, consagrados atores de dois continentes: Emma Thompson, Keanu Reeves, Denzel Washington, Michel Keaton, entre outros. Indicado a premiação nos festivais de Bafta (Reino Unido), Cannes (França), Globo de Ouro (EUA), o filme foi premiado apenas no festival de Sant Jordi (Espanha). Seus produtores gastaram dez milhões de dólares para sua indicação ao Oscar de 1994, mas não teve sequer uma indicação. Pior: o ator Keanu Reeves foi indicado ao prêmio Framboesa de Ouro (EUA) na categoria de pior ator coadjuvante.


Enfim, todo o universo do filme foi um grande barulho por nada. Assim é a CPI dos cartões corporativos, que a própria imprensa, por meio da Folha de São Paulo, afirmou em tom de autocrítica: “Quando se deixou seduzir pelo apelo da tapioca de RS 8,50 do ministro, o noticiário descambou para um varejão de miudezas que pendurou nas manchetes uma penca de equívocos e injustiças”. Canto de sereia que fez com que a imprensa e a oposição trombeteassem despesas em clínicas de estética, lavanderia, agência de matrimônio, choperia, joalheria, roupa de cama. Compras de bombons, bichinho de pelúcia, produtos de beleza e cosméticos. Conserto de mesa de sinuca e cartões dados a motoboys. [1]


A autocrítica da Folha, pelo blog do Josias, registra nessa comédia shakespeariana, “o teatro das comissões parlamentares de inquérito e a inutilidade de boa parte do noticiário”. Talvez por isso, a imprensa deixou de repercutir compras de fraldas, unhas postiças, ingressos para zoológico, champanhes e outras estranhas despesas pessoais, supostamente feitas na conta B de dona Ruth Cardoso. Parte de um relatório que, hoje se sabe, foi manipulado e vazado para a revista Veja pelo senador tucano Álvaro Dias, com objetivo de atingir a ministra Dilma Rousseff. As informações foram obtidas de servidores da Casa Civil, que ali estão desde FHC, e, parece, há muito vêm municiando o frágil arsenal tucano.


Com essa performance, o senador paranaense, no papel de espião da corte, também se habilita ao próximo prêmio Framboesa de Ouro, na categoria de pior ator coadjuvante. Poderá perder para o presidente da Comissão de Infra-Estrutura do Senado, o também tucano Marconi Perillo, que aproveitou uma eventual maioria e arriscou-se a convocar a ministra Dilma para falar sobre um dos grandes adversário das oposições, o Plano de Aceleração do Crescimento. Artifício para tentar constranger uma suposta adversária dos tucanos em 2010. A molecagem revela a falta de discurso oposicionista que possa melhorar os pífios 11% de rejeição ao governo Lula, apontados pelos principais institutos de pesquisa. [2]


Os macacos da Eliane
A jornalista Eliane Cantanhêde tem tido especial interesse nos últimos anos pela observação de possíveis escorregões do governo federal. Uma prática obsessiva e epidêmica que vem atingindo grande parte das redações dos nossos mais zelosos jornalões. Quando falta o fato, inventa-se uma crise. Foi assim com o surto da febre amarela deste ano. Uma série de situações normais e cíclicas, que faz recrudescer os casos da febre em determinadas áreas rurais do país, foi transformada no caos amarelo da saúde brasileira. Alguns pacientes portadores de pequenos resfriados foram levados à condição de iminentes defuntos, vítimas da mentira amarela da mídia.


Perdeu-se mais uma oportunidade de se esclarecer à população sobre nossas principais endemias (e surtos, epidemias, pandemias). Um grande desserviço aos atônitos leitores. Numerosos macacos, hospedeiros do vírus, morreram de morte natural, como os humanos morrem. Outros, de alguma enfermidade cardíaca ou pulmonar. Alguns, por mordidas de cobras venenosas ou pelo veneno de algum agente da mídia. Todos esses defuntos, como os seres exógenos em Nova Jersey, na “Guerra dos Mundos” de Orson Welles, em 1938, a desembarcar de enormes cilindros amarelos, da cor da febre, que pousavam Brasil afora. Um prato bem servido à oposição e às redações dos principais jornalões.


Aberta toda uma avenida para uma festa a rolar sobre a desgraça do nosso povo. A conta da enorme barriga a ser lançada às costas oficiais. Ao contrário da boa norma jornalística, procurou-se ouvir apenas os “especialistas”, escolhidos por suas conhecidas oposições às autoridades sanitárias. O que menos se divulgou foi a orientação oficial, correta, dada em primeira hora. Em contrapartida, surgiu a matéria wellesiana da nossa Eliane na “Folha de São Paulo”. Para resumir, um incentivo à população para assaltar os centros de saúde em busca de vacina, de forma indiscriminada, na contramão da orientação do governo.


A rigor, ninguém deveria tomar vacina se não fosse viajar para alguma área endêmica, como se faz, corretamente, há décadas. Mesmo esses viajantes não precisariam tomar a vacina, se já o fizeram nos últimos 10 anos. Resultado: a receita da “doutora” Eliane, mimetizada por outros entusiastas colegas, produziu pelo menos uma morte e numerosos pacientes. Tamanha irresponsabilidade lembra o caso da Escola Base, em São Paulo, 1994, em que o massacre midiático continuado condenou, injustamente, 6 pessoas (proprietários, transportadores e servidores) por fantasiosos abusos sexuais em alunos de tenra idade. O clamor público resultante invadiu e destruiu o prédio e algumas vidas pessoais e profissionais. [3]


Repórteres Sem Fronteiras e o dalai-lama.
Existe uma nítida fronteira que delimita o campo de atuação do grupo RSF. Esse limite foi percebido pela própria UNESCO que cancelou seu patrocínio ao grupo por sua reiterada falta de ética em querer sistematicamente desacreditar determinados países. O RSF é ainda acusado, segundo a agência Prensa Latina, de manter estreito vínculo à Agência Central de Inteligência (CIA) estadunidense. Segundo o jornalista e escritor Jean-Guy Allard, da imprensa canadense, o grupo é financiado em parte pelo National Endowment for Democracy (NED) dos Estados Unidos. Coincidência? A mesma agência oficial dos EUA que financia o dalai-lama, seus monges budistas e grupos de tibetanos fora da China. [4]


Matando a charada: nunca se viu qualquer manifestação dos zelosos RSF que possa demonizar Tio Sam pelo genocídio do Iraque, que o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz chama de “A Guerra dos Três Milhões de Dólares”, que já matou mais de um milhão de vidas (mais de 4 mil soldados dos EUA). Eles preferem satanizar a China por reprimir ataques violentos dos “inocentes” monges de “sua santidade” lama contra prédios e instituições do governo chinês. O motivo dos monges: comemorar 49 anos de uma revolta separatista no Tibet, que o próprio líder espiritual confessou ter sido orientada e financiada pela CIA, para confrontar a revolução comunista de 1949. Se a moda pega... Ou seria para tentar apagar o brilho da economia chinesa e das Olimpíadas de Pequim? [5]


BRINDE: LIES - BUSH [*]: MENTIRAS DE BUSH SOBRE O IRAQUE – LEGENDAS EM ESPANHOL

Nenhum comentário:

O Manifesto