terça-feira, 24 de junho de 2008

Girândolas


Confiança sexual. Lula, Gisele Bündchen e Felipe Massa (a especulação global destoa).

Mais de um milhão de carteiras assinadas nos primeiros cinco meses de 2008, maior número desde pelo menos 1992, quando o Ministério do Trabalho começou a registrar. O fato não mobiliza muito a nossa imprensa, nem a oposição. Mas repercute com vigor em revistas e jornais especializados mundo afora, como a revista britânica The Economist, para quem o “Brasil começa a ser sério”. Mais recorde: o país tem atualmente 30 milhões de trabalhadores com carteira assinada. O ministro do Trabalho prevê a criação de quase dois milhões de vagas formais em todo o ano de 2008. [1] e [2]

Nesses tempos de “investment grade”, as notícias vão melhorando o ego dos brasileiros, enjoados da latomia – “Ó céus, ó vida, ó azar” – da grande mídia. Vejamos o que diz a BBC Brasil, nesta segunda-feira: Desigualdade entre salários de ricos e pobres cai 7% desde 2002. “A redução é conseqüência do crescimento econômico, da estabilidade monetária, e das políticas sociais”. E o que diz o jornal Valor? O investimento estrangeiro direto aumenta 33% no ano e atinge US$ 14 bi. Nos 12 meses até maio, ingressaram US$ 38,035 bilhões, ou 2,79% do Produto Interno Bruto. [3] e [4]

Felipe Massa colocou o Brasil (?) de volta à liderança da F-1, pela primeira vez desde Airton Sena (1993). E Gisele Bündchen? Continua deslumbrante. Nesta segunda-feira ela declarou, em todas as mídias, que o Brasil hoje é um país sério, naquilo que ela conhece bem, a moda. Mas, acho que não é o caso de se voltar a repetir a famosa frase de Lula, “nunca, antes, na história deste país...”, que tanto inferniza o humor da oposição e de fortes setores da nossa imprensa. Até porque o presidente já trocou o vinil quebrado, para um mais discreto: “O Brasil já começa a se encontrar consigo mesmo”.

Mais: o Brasil lidera em ranking de confiança sexual. Também. Uma pesquisa feita em 25 países indica que os brasileiros são os mais confiantes em relação a ter uma vida sexual plena, apesar de não serem os mais seguros no que concerne à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez. Mas, mesmo nesses itens, estamos em quinto e quarto lugares, respectivamente. A pesquisa The Face of Global Sex 2008: Sexual Confidence foi promovida por fabricantes de preservativos. Leia mais. [5]


Quanto você ganha? Isso não é segredo na Escandinávia

Todo ano, a Suécia publica as declarações de imposto de renda de todos os seus cidadãos. Assim como a Finlândia e a Noruega. E ninguém liga muito para isso. Em contraste, a lei dos Estados Unidos proíbe divulgar as informações tributárias de qualquer pessoa. Imagine o barulho que haveria se a Receita Federal estadunidense colocasse online os dados do imposto de renda. Os estadunidenses provavelmente se sentiriam violados, diz Marc Rotenberg do Centro de Privacidade Eletrônica de Informações em Washington.

Os italianos não acharam o mesmo em abril, quando Vincenzo Visco, ministro da Economia que liderou a guerra contra a sonegação na Itália, publicou as declarações de imposto de renda no site do ministério. O gesto, disse Visco à imprensa italiana, era para encorajar mais "transparência e democracia". A informação foi rapidamente removida do site, mas ficou disponível por tempo suficiente para que os jornais a agarrassem e publicassem os números sobre os ricos. [6]

No Brasil, o país do “com recibo, ou sem recibo?”, a situação seria ainda mais complicada. Menos pela presença de contribuintes em eventuais listagens do que pelas suas ausências. Aqui, a sonegação começa pelos poderosos 60 dos 100 maiores pagadores de CPMF, flagrados pela Receita Federal como sonegadores habituais do Imposto de Renda. Por isso, antes de se pensar na desejável transparência sueca, continuemos a acompanhar as movimentações financeiras no combate à sonegação, ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e ao tráfico de drogas. Mais pontos à CSS
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Especuladores estão causando a alta do custo de vida.

Reportagem especial da revista alemã Der Spiegel mostra que, após investir em ações de alta tecnologia e financiamento de imóveis por anos, legiões de especuladores agora descobriram commodities como petróleo e gás, trigo e arroz. "Seus bilhões estão pressionando os preços a níveis estratosféricos, com sérias conseqüências para a qualidade de vida das pessoas". Em busca de retornos seguros e de longo prazo, grandes investidores voltaram sua atenção para os índices de commodities, investimentos que prometiam retornos bem maiores do que o investimento no mercado de ações.

Segundo a publicação, quanto mais os fundos investiam, mais os preços subiam, especialmente devido ao mercado para contratos futuros especulativos de commodities ser muito pequeno. Mesmo pequenas mudanças nos portfólios de grandes fundos mútuos podem provocar rapidamente alta do preço do petróleo. Os aumentos de preço que afetaram o petróleo e o cacau se aplicam a quase todas as outras commodities. Uma saca de arroz agora custa quase três vezes mais do que em janeiro, o trigo, milho e soja já atingiram preços recordes neste ano.

Para Der Spiegel, o petróleo é o lubrificante de nossa economia. “À medida que vai se tornando mais caro, o motor da economia começa a parar. E o trigo e o arroz, como alimentos básicos, são realmente essenciais à vida humana. À medida que se tornam mais e mais caros, os pobres são forçados a comer menos ou, em alguns casos, a passar fome”. Esse é um dos mecanismos básicos da economia capitalista: o cassino das bolsas promovendo a fome e a miséria. Uma das formas perversas próprias do capital. [7]


BRINDE: O VÍDEO GIRÂNDOLAS, SENSÍVEL DOCUMENTÁRIO SOBRE A FESTA RELIGIOSA DO CÍRIO DE NAZARÉ, DO DIRETOR RONALDO DUQUE (CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO). A FESTA É NO MÊS DE OUTUBRO, NO BRASIL, EM BELÉM DO PARÁ. (Clique em pausa para carregar e espere alguns segundos).

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