O ombudsman da Folha tem por atribuição “criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores”. Assim, Carlos Eduardo Lins da Silva pôde, neste domingo (4/10), analisar a edição da terça-feira anterior e concluir: “no terreno da opinião, registrou-se na edição de terça incômoda unanimidade na página A2, em que todas as colunas e o editorial adotavam ponto de vista único sobre o papel do Brasil na crise (hondurenha). Em benefício do leitor e em nome da diversidade, outras posições precisam aparecer no jornal”.
De fato, naquela terça, a Folha abriu a página A2 com a acusação de que o “Brasil se intromete mais do que deve em Honduras”. O editorial desfilou uma série de comparações descontextualizadas com antigas ações do Itamaraty em relação a Cuba e Irã e terminou por classificar como “tênue de ilegitimidade democrática” o regime imposto aos hondurenhos pela força. O dono do jornal repete, aqui, a figura da “ditabranda”, afago com que a Folha brindou, meses atrás, a cruel ditadura brasileira, de triste memória.
Na mesma linha ideológica, a coluna do jornalista Clóvis Rossi abriu suas baterias contra o que denomina covardia e indecência o presidente deposto convocar, a partir da embaixada brasileira, a resistência da população hondurenha contra os golpistas no poder. Afirma Rossi que “não há no drama hondurenho (...) um só personagem que pessoas decentes gostariam de convidar para o aniversário dos filhos”. Afirmação é grosseira e insustentável diante de reiteradas manifestações da comunidade internacional.
Ainda na página A2, Eliane Cantanhêde, cuja coluna é campeã de citações contra o governo Lula, destilou seu veneno de indisfarçável militante tucana, acusando o Brasil de “meter os pés, as mãos e a embaixada em Tegucigalpa na defesa apaixonada de um dos lados, o do presidente deposto”. A surpresa da página analisada pelo ombudsman da Folha ficou por conta de Carlos Heitor Cony, que comparou o democrático acolhimento brasileiro com ações truculentas estadunidenses mundo afora.
Será que a conclusão do jornalista Lins da Silva configura uma surpresa? Será que a diversidade “em benefício do leitor” que ele cobra da Folha é vista em O Globo? Na Veja, ou nos jornalões da TV? Ela tem sido vista nas sucessivas edições diárias da própria Folha? Atentemos ao que têm dito os editoriais da nossa mídia em relação à escolha do Rio para sediar os jogos, ao ganho de status do G20 no cenário mundial, à diminuição do risco de investimentos no Brasil, ao abrandamento da crise mundial por aqui.
Seja como for, o ombudsman acertou na mosca: outras posições deveriam ser estimuladas pelo próprio jornal, em nome da diversidade e principalmente em benefício do leitor. Caso contrário, não se detém tendências de falência da credibilidade do jornalismo que campeiam mundo afora. Um efeito bumerangue resultante das distorções do conceito de liberdade de imprensa. A liberdade que não pode ser separada do direito constitucional universal do cidadão à informação.
De fato, naquela terça, a Folha abriu a página A2 com a acusação de que o “Brasil se intromete mais do que deve em Honduras”. O editorial desfilou uma série de comparações descontextualizadas com antigas ações do Itamaraty em relação a Cuba e Irã e terminou por classificar como “tênue de ilegitimidade democrática” o regime imposto aos hondurenhos pela força. O dono do jornal repete, aqui, a figura da “ditabranda”, afago com que a Folha brindou, meses atrás, a cruel ditadura brasileira, de triste memória.
Na mesma linha ideológica, a coluna do jornalista Clóvis Rossi abriu suas baterias contra o que denomina covardia e indecência o presidente deposto convocar, a partir da embaixada brasileira, a resistência da população hondurenha contra os golpistas no poder. Afirma Rossi que “não há no drama hondurenho (...) um só personagem que pessoas decentes gostariam de convidar para o aniversário dos filhos”. Afirmação é grosseira e insustentável diante de reiteradas manifestações da comunidade internacional.
Ainda na página A2, Eliane Cantanhêde, cuja coluna é campeã de citações contra o governo Lula, destilou seu veneno de indisfarçável militante tucana, acusando o Brasil de “meter os pés, as mãos e a embaixada em Tegucigalpa na defesa apaixonada de um dos lados, o do presidente deposto”. A surpresa da página analisada pelo ombudsman da Folha ficou por conta de Carlos Heitor Cony, que comparou o democrático acolhimento brasileiro com ações truculentas estadunidenses mundo afora.
Será que a conclusão do jornalista Lins da Silva configura uma surpresa? Será que a diversidade “em benefício do leitor” que ele cobra da Folha é vista em O Globo? Na Veja, ou nos jornalões da TV? Ela tem sido vista nas sucessivas edições diárias da própria Folha? Atentemos ao que têm dito os editoriais da nossa mídia em relação à escolha do Rio para sediar os jogos, ao ganho de status do G20 no cenário mundial, à diminuição do risco de investimentos no Brasil, ao abrandamento da crise mundial por aqui.
Seja como for, o ombudsman acertou na mosca: outras posições deveriam ser estimuladas pelo próprio jornal, em nome da diversidade e principalmente em benefício do leitor. Caso contrário, não se detém tendências de falência da credibilidade do jornalismo que campeiam mundo afora. Um efeito bumerangue resultante das distorções do conceito de liberdade de imprensa. A liberdade que não pode ser separada do direito constitucional universal do cidadão à informação.
2 comentários:
Ótima abordagem. Em minha série de matérias sobre o jornalismo brasileiro defasado fiz hoje a primeira crítica a essa postura grotesca da Folha de São Paulo.
E o pior de tudo é que há quem concorde. Lamentável...
CHarles Santos
Não sei porque ainda perdem tempo com Folha e Veja. Eu, já algum tempo, não leio nem no banheiro. Acho que as pessoas não perceberam que quem ainda lê essas coisas é uma parcela mínima da populaçao brasileira, formada pela parte mais conservadora da classe média brasileira. A Folha vive ligando pra oferecer assinatura: nem de graça, lixo já tem muito no planeta.
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