terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Gorilas e poliglotas descalços

1. “O livro de viagens de Marco Pólo, Aventura da Liberdade, foi escrito no cárcere de Gênova. Don Quixote de La Mancha, outra aventura da Liberdade, nasceu no cárcere de Sevilha. Foram netos de escravos os negros que criaram o jazz, a mais livre das músicas” (Eduardo Galeano).
2. “Henry Kissinger será lembrado pela diplomacia pouco convencional que praticou e pelo lado sangrento de suas iniciativas. Ele jamais escondeu a importância que têm, para os EUA, políticos latino-americanos como Menem e FHC” (José Luís Fiori).
3. Uma nova pesquisa do instituto Brasmarket vem consolidar a imagem do presidente Lula no final do seu quinto ano de mandato. O levantamento feito na capital paulista aponta o petista como o melhor presidente desde a redemocratização, há 20 anos.


O paradoxo ambulante. A cada dia, lendo os diários, assisto a uma aula de história. Os diários me ensinam pelo que dizem e pelo que calam. A história é um paradoxo ambulante. A contradição lhe move as pernas. Talvez por isso seus silêncios digam mais que suas palavras e com freqüência suas palavras revelam, mentindo, a verdade. Daqui a pouco se publicará um livro meu que se chama Espelhos. É algo assim como uma história Universal, e perdão pelo atrevimento. “Eu posso resistir a tudo, menos à tentação”, dizia Oscar Wilde, e confesso que sucumbi à tentação de contar alguns episódios da aventura humana no mundo, desde o ponto de vista dos que não saíram na foto. Por assim dizer, trata-se de fatos não muito conhecidos.

Aqui, resumo alguns, “algunitos” não mais. Quando foram desalojados do Paraíso, Adão e Eva se mudaram para a África, não para Paris. Algum tempo depois, quando já seus filhos se haviam lançado aos caminhos do mundo, inventou-se a escritura. No Iraque, não no Texas. Também a álgebra se inventou no Iraque. A fundou Mohamed al Jewarizmi, faz mil e duzentos anos, e as palavras algoritmo e guarismo derivam de seu nome. Os nomes podem não coincidir com o que designam. No British Museum, ponhamos por acaso, as esculturas do Partenon se chamam “mármores de Elgin”, porém são mármores de Fídias. Elgin se chamava o inglês que as vendeu a o museu.

As três novidades que fizeram possível o Renascimento europeu, a bússola, a pólvora e a imprensa, haviam sido inventados pelos chineses, que também inventaram quase tudo o que a Europa reinventou. Os hindus haviam sabido antes que ninguém que a Terra era redonda e os maias haviam criado o calendário mais exato de todos os tempos. Em 1493, o Vaticano presenteou Amárica à Espanha e brindou a África negra a Portugal, “para que as nações bárbaras sejam reduzidas à fé católica”. Na ocasião, América tinha quinze vezes mais habitantes que Espanha e a África negra cem vezes mais que Portugal. Tal como havia mandado o papa, as nações bárbaras foram reduzidas. E muito.
(Leia o texto completo e original de Eduardo Galeano para Página/12).


Os "poliglotas descalços". (...) documentos oficiais e as várias pesquisas jornalísticas e acadêmicas revelam o envolvimento direto do ex-Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, com a preparação e execução dos violentos golpes militares que derrubaram os governos eleitos do Uruguai e do Chile, em 1973, e da Argentina, em 1976. Além disso, existem inúmeros processos judiciais – em vários países – envolvendo Kissinger com a Operação Condor, que integrou os serviços de inteligência das Forças Armadas da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, para seqüestrar, torturar e assassinar personalidades políticas de oposição.

O apoio de Kissinger, e da diplomacia dos EUA a tais “intervenções militares”, que se caracterizaram por sua extraordinária truculência, sempre causou perplexidade. Mas não é difícil entender o que aconteceu quando se olha para os interesses estratégicos dos Estados Unidos e sua defesa na América do Sul, da perspectiva de longo prazo, traçada por Nicholas Spkyman, em 1942. Spykman definiu o continente americano, do ponto de vista geopolítico, como primeira e última linha de defesa da hegemonia mundial dos Estados Unidos. Dentro desse hemisfério, ele considerava improvável que surgisse um desafio direto à supremacia dos Estados Unidos.

Mas, considerava que poderia surgir um desafio dessa natureza na região que denominou de ABC, no Cone Sul da América. E, em tal caso, ele considerava inevitável o recurso à guerra. A sigla ABC, refere-se a Argentina, Brasil e Chile, que inclui, também, o Uruguai e o Paraguai – ou seja, inclui exatamente os mesmos países que estiveram envolvidos na Operação Condor. Nesse sentido, Kissinger seguiu rigorosamente as recomendações de Spykman com relação ao controle dessa região geopolítica. Sua única (e esperta) contribuição pessoal foi a substituição da “guerra externa”, proposta por Spykman, pela “guerra interna” das Forças Armadas locais contra setores de suas próprias populações nacionais.

Nesse ponto, Kissinger recorreu ao método que havia sido utilizado pelos ingleses, na Índia, por 200 anos. E nos lugares em que a Grã Bretanha dominou, utilizando suas elites divididas e subalternas, para controlar as suas próprias populações locais. Nas décadas de 80 e 90, Henry Kissinger afastou-se da diplomacia direta, mas manteve sua influencia pessoal e intelectual dentro do establishment e entre as elites conservadoras sul-americanas. (...) o entusiasmo demonstrado por Kissinger, com as reformas liberais dos anos 90, e com os governos de Menem e FHC, não deixa dúvidas com relação a sua preferência e estratégia atual, para a “região do ABC”: depois dos militares, os “poliglotas descalços”.
(Leia o texto completo e original de José Luís Fiori para Le Monde Diplomatique).


Brasil é 11º em ranking global de otimismo. O Brasil ocupa a 11ª posição numa lista que mediu o otimismo do empresariado de 34 países em relação ao desempenho das suas economias em 2008. A Índia está no topo da lista pelo segundo ano consecutivo e divide a primeira colocação com as Filipinas. O relatório International Business Report ouviu 7,8 mil empresários. De acordo com o levantamento, 70% do empresariado brasileiro tem boas expectativas para a economia do país neste ano. Em relação ao ano passado o Brasil subiu sete posições, já que havia ficado em 18º lugar em 2007. Em termos percentuais, a percepção positiva do empresariado subiu 23 pontos. Apenas três outros países tiveram uma melhora mais acentuada.

A sondagem, realizada pela consultoria Grant Thornton International, indica que o nível de otimismo no Brasil está acima da média global, de 42%, e da América Latina, de 26%. A pesquisa aponta que as principais razões para o otimismo do empresariado brasileiro são a política monetária, as taxas de juro, além do cenário político do país. A sondagem indica ainda que, entre os latino-americanos, os brasileiros são os mais otimistas. O Brasil também teve o maior aumento no nível de otimismo entre as economias emergentes reunidas sob a sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Segundo a pesquisa, 22% dos empresários estadunidenses dizem ter boas expectativas para o desempenho da economia do seu país em 2008.
(Leia texto original completo da BBC Brasil.Com).


BRINDE: BELÍSSIMO TRIBUTO DO MÚSICO IRLANDÊS CHRISTY MOORE AO CANTOR VICTOR JARA, ASSASSINADO PELA POLÍCIA DO DITADOR PINOCHET DEPOIS DE ESMAGADAS SUAS MÃOS A CORONHADAS DE FUZIS DIANTE DE MAIS DE 5 MIL ESTUDANTES, TRABALHADORES, PROFESSORES, COMERCIÁRIOS, PRESOS NO ESTÁDIO NACIONAL DO CHILE, PARA OS QUAIS ACABARA DE CANTAR ALGUMAS DE SUAS CONHECIDAS CANÇÕES PATRIÓTICAS.

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