quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Leões e cordeiros no vale das sombras

1. “A Democracia tem valor para todos ou para ninguém. Não nos toca ir instalá-la em outras nações mediante a força das armas; toca-nos protegê-la em nosso país com toda a força de nossa convicção e estar ao lado dos que a instalaram em sua nação” (Danielle Miterrand).
2. A crise financeira que, desde agosto, vem abalando os centros do capitalismo mundial, a partir das hipotecas de alto risco, desmoraliza a mídia, a oposição e os habituais macacos de imitação sobre os reais motivos do momento favorável da nossa economia.
3. Surpreendentemente, o cinema de Hollywood mostrou, em dois filmes recentes, uma realidade que a imprensa diária simplesmente não aborda. A mídia simplesmente decidiu esquecer o Iraque e só dá noticias quando alguma bomba mata mais de 100 pessoas.
4. "A influência intelectual, artística e musical que a cultura cubana exerceu na criatividade norte-americana é profunda e deve continuar e ser apoiada" (Robert Kraft, da Fox Music, que tem em seu acervo, desde 1994, três Oscar, quatro Globos de Ouro, 11 Grammy e 17 Emmy).


Carta aberta de Danielle Mitterrand aos dirigentes europeus. Tal como a Europa aprendeu e pagou cruelmente, a democracia necessita ser vivida sem cessar, reinventada, defendida, tanto no interior de nossos países como no resto do mundo. Nenhuma democracia é una ilha. As democracias se devem assistência mútua. Por isso, faço um chamado aos nossos dirigentes e aos nossos grandes órgãos de imprensa: a jovem democracia boliviana corre um perigo mortal. Em 2005, um presidente e seu governo foram amplamente eleitos por mais de 60 por cento dos eleitores, mesmo ficando de fora uma grande parte de seus eleitores potenciais, indígenas, que não estavam inscritos nas listas eleitorais, pois nem sequer têm estado civil.

As grandes orientações políticas deste governo foram massivamente aprovadas por referendum antes mesmo desta eleição, em especial a nacionalização das riquezas naturais com vistas a uma melhor redistribuição, e a convocatória de uma Assembléia Constituinte. Por que é indispensável uma nova Constituição? Pela razão muito simples de que a antiga carta data de 1967, quando, na América Latina, as populações indígenas (que representavam na Bolívia 75 por cento da população) se achavam totalmente excluídas de qualquer cidadania. A inclusão (tem sido) constantemente travada e boicotada pelas velhas oligarquias, as quais não suportam perder seus privilégios econômicos e políticos.

Agora, em favor de um caos cuidadosamente instrumentado, renascem as ameaças separatistas das regiões mais ricas, que rechaçam o jogo democrático e não querem “pagar pelas regiões mais pobres”. Grupos ativistas neofascistas e bandos paramilitares, subvencionados pela grande burguesia boliviana e certos interesses estrangeiros, instalam um clima de medo. Pode-se matar uma democracia também por meio da desinformação. Imagens caricaturescas se fazem circular em nossos países, como se a presença de um presidente indígena e a crescente participação de cidadãos eleitores indígenas fossem insuportáveis, não só às oligarquias latino-americanas como também à imprensa bem-pensante ocidental.
(Leia inteiro teor do importante manifesto de
Danielle Mitterrand para La Jornada, em 23/12/2007).

2007: economia sustenta o governo Lula. Se o olhar do analista se dirigir à economia nacional, o ano de 2007 foi extremamente positivo para o Brasil. Nas estimativas mais pessimistas, o resultado final do crescimento do Produto Interno Bruto é algo em torno de 5% em relação a 2006, podendo ser até maior. A taxa de juros básica ainda é muito alta, mas é a menor em 30 anos, em termos reais. O desemprego nacional atingiu em novembro a menor taxa desde que o índice começou a ser medido pelo IBGE e deve fechar o ano na casa dos 7% da população economicamente ativa.

As vendas de Natal refletiram tudo isto e o comércio varejista projeta um crescimento recorde, de cerca de 10% em relação ao ano anterior, o que faz deste o melhor Natal dos últimos 10 anos. É a economia que sustenta a altíssima popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também fechou o ano com aprovação recorde, em um patamar superior aos 60%, fazendo com que ele mantenha o capital político que conquistou na reeleição, em 2006.

Em décadas passadas, o Brasil já cresceu bem mais, sem que isto se revertesse em benefícios para a população mais pobre e carente. Não é o que está acontecendo agora. Em números reais, o fato é que, desde a posse de Lula em 2003, 20 milhões de brasileiros migraram das classes D e E da população para a classe C. É muita gente. Continuam pobres, mas já não são miseráveis. O aumento do crédito tem deixado muitos brasileiros cheios de dívidas, mas tem permitido aos mais pobres acesso a bens de consumo, permitindo assim um salto no nível de vida dessas pessoas.
(Leia o texto original de
Luiz Antonio Magalhães publicado pelo Correio da Cidadania, em 27/12/2007).

Cinema mostra a guerra que a imprensa desdenha. Os dois últimos filmes sobre a guerra no Iraque foram mais além da macabra contabilidade dos mortos em atentados com bomba ou das imagens chocantes de iraquianos mutilados e mulheres desesperadas neste país árabe invadido pelos Estados Unidos. Os filmes Leões e Cordeiros e No Vale das Sombras debruçam-se sobre a vergonha íntima e a crescente desilusão de boa parte dos estadunidenses com uma guerra que eles começam a renegar. São películas interpretadas por atores do primeiro time de Hollywood, com orçamentos generosos, mas com um objetivo crítico claramente delineado desde a primeira cena.

Mas, trata-se de uma crítica que vai muito além da retórica pacifista. Ela mostra como um número cada vez maior de cidadãos já não consegue mais conviver com a convicção de que seu país se tornou um promotor de atrocidades. E, mais do que isto, uma nação cujos dirigentes estão destruindo, material e moralmente, uma geração inteira. Em Leões e Cordeiros, o diálogo entre uma jornalista e um senador dos EUA mostra a cumplicidade de suas instituições, mídia e senado, na produção de uma ficção política sobre o desenrolar da invasão. Mais: uma perturbadora discussão entre um professor universitário e um aluno sobre o imperativo moral de se fazer algo.

No Vale das Sombras é ainda mais implacável ao desnudar o fenômeno da perda de valores e esperanças. O filme estrelado por Tommy Lee Jones é baseado em fatos reais e mostra luta de um pai, veterano do Vietnam, em esclarecer a morte de mais um filho em conseqüência da guerra no Iraque. De narrativa pesada e lúgubre, mostra a crescente desilusão de um típico cidadão e a trágica constatação de que seu filho foi transformado num delinqüente torturador e viciado.
(Leia a matéria completa de
Carlos Castilho para o Observatório da Imprensa).

Influentes nomes do mundo cultural e artístico dos EUA condenam o bloqueio a Cuba. Eles manifestaram seu protesto contra a profundamente hostil política estadunidense contra Cuba que impede o natural intercâmbio artístico-cultural entre ambas as nações. Já somam 1.500 os intelectuais que assinaram uma carta dirigida ao presidente Bush e que vem circulando, desde a última semana de novembro, com a exigência do fim ao bloqueio a Cuba e de se estabelecer relações normais de cooperações cultural e artística.

Já era conhecida a adesão de personalidades como Danny Glover, Sean Penn, Santana e Bonnie Right – nomes expressivos da indústria cultural dos EUA. Mas, agora, a lista se enriquece, surpreendentemente, com o apóio de altos executivos do mundo da música e do cinema. Entre eles, Robert Kraft, presidente da Fox Music e Andy Spahn, da Dream Work, liderada pelo cineasta Steven Spielberg. Andy Spahn – qualificado por Spielberg como "uma das mentes mais brilhantes e laboriosas com as que já trabalhei” – deu seu aval para exigir o desmantelamento de uma política “que priva os próprios norte-americanos de um contacto enriquecedor com a cultura cubana”.
(Texto integral da agência Ainportuguesnews publicado no blog Estante).

BRINDE: Veja e ouça o DISCURSO Nº 1 e o DISCURSO Nº 2 de Evo Morales na Assembléia da ONU.

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