Duas metáforas perfeitas
Chique, para o dicionário Houaiss, é aquele que se veste com apuro e bom gosto e que se destaca pela elegância e ausência de afetação. Era assim que se comportavam aqueles senhores/as do FMI que vez em quando aportavam no Ministério da Fazenda ou no Banco Central. Sua missão? Dar contornos mais seguros e monitorar um arremedo de política econômica que quase levou o Brasil à bancarrota em pelo menos duas ocasiões.
Em 25 deste março, o editor Fareed Zakaria, da revista britânica Newsweek, dizia ao presidente brasileiro ser ele “provavelmente o líder mais popular no mundo”. E perguntava: “Por quê?". Lula respondeu: "nós tentamos provar que era possível desenvolver crescimento econômico simultaneamente com melhora na distribuição de renda". Essa é provavelmente a grande diferença do Brasil de hoje para o Brasil de ontem, o Brasil do FMI.
Chique, significa hoje para o presidente Lula e para os brasileiros em geral, uma nova postura diante do mundo. Em vez do pires sempre na mão, a mendigar os comprometedores dólares do FMI (leia-se o grande capital internacional), a elegância, sem afetação, de colaborar com um fundo multilateral que poderá tirar os países em desenvolvimento do lodaçal financeiro onde foram lançados pelos países ricos, brancos e de olhos azuis.
Daí, o lamento de Lula em artigo no Le Monde (2/04): “Ao contrário das crises desses quinze últimos anos – na Ásia, no México ou na Rússia – , a atual tempestade que arrebatou o planeta se originou no centro da economia mundial, nos Estados Unidos. Depois de ter atingido a Europa e o Japão, a crise ameaça os países emergentes que se beneficiavam de um extraordinário crescimento e de um saudável equilíbrio macroeconômico.”
O lamento serviu de base a uma marcante posição brasileira na reunião do G20 contra o famigerado “Consenso de Washington” que garantiu ampla concentração de dinheiro mundo afora. A própria Folha de S Paulo se dobrou, em editorial deste domingo (5/04) ao “o sucesso da participação brasileira, e da figura do presidente Lula em particular”, sobretudo pelo “papel que o Brasil passou a exercer entre as maiores economias do mundo”.
A ponderável participação do Brasil na recuperação da economia mundial foi registrada no dia anterior pelo jornalista Clóvis Rossi. Para ele, foi “ativíssimo” o papel de Lula na reunião do G20: “Fica claro que o Brasil não é mais vira-lata e, portanto, não depende de um afago de Obama ou de quem quer que seja para se sentir importante”.
O contraponto pessimista da oposição e de grande parte da mídia brasileira pode ser resumido no artigo do ex-presidente FHC, publicado no Correio Braziliense deste domingo (5/04). O artigo condena a desregulamentação do fluxo de capitais pelo mundo afora nos anos 90, como parte do “Consenso de Washington”, consenso ao qual sempre se submeteu autor do texto. Em meia página de jornal, sequer uma linha foi dedicada ao Brasil, como protagonista do esforço mundial conjunto contra os efeitos devastadores da atual crise.
O estado policialesco de Gilmar
O ministro Gilmar Mendes bem que poderia resguardar-se em suas limitações políticas, culturais e... jurídicas. Nesta quarta-feira (2/04), o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, rebateu críticas equivocadas e... inconstitucionais do presidente do Supremo. Indevidamente travestido de guardião-mor da República, Gilmar ataca desta vez a atuação do Ministério Público no controle da atividade policial.
Para Gilmar, o controle externo realizado pela Procuradoria é "lítero-poético-recreativo". Ele defendeu que o controle seja feito pelo Judiciário, de forma "independente". Para o procurador-geral, no entanto, a proposta de Mendes é inconstitucional, pois quem deve avaliar a instituição é a sociedade. A "ironia e a retórica não desqualificam o Ministério Público", rebateu firme Antonio Fernando de Souza.
Indo mais fundo, o procurador esclareceu que "Essa questão é uma atribuição expressamente atribuída ao Ministério Público, pela Constituição". E que: "Ao Judiciário deve ficar reservada a questão de julgar com imparcialidade. Se o Judiciário desempenhar bem a sua função, já presta um relevante serviço." Puxão de orelha a que Gilmar rebateu com sua habitual arrogância: “Isso é o Supremo que decide." (Texto original na Folha de S Paulo, de 02/04/2009)
Uma semana antes, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) rebateu declaração do presidente do Supremo de que a Justiça de São Paulo, na figura do juiz Fausto De Sanctis, tentou desmoralizar a Corte ao mandar prender pela segunda vez o banqueiro Daniel Dantas após o habeas-corpus concedido pelo STF. Para a Ajufe, a afirmação é "leviana" e Mendes, um"veículo de maledicências". Não será a profusão de habeas-corpus expedida por Mendes a causa da desmoralização da sua Corte? Leia mais
Chique, para o dicionário Houaiss, é aquele que se veste com apuro e bom gosto e que se destaca pela elegância e ausência de afetação. Era assim que se comportavam aqueles senhores/as do FMI que vez em quando aportavam no Ministério da Fazenda ou no Banco Central. Sua missão? Dar contornos mais seguros e monitorar um arremedo de política econômica que quase levou o Brasil à bancarrota em pelo menos duas ocasiões.
Em 25 deste março, o editor Fareed Zakaria, da revista britânica Newsweek, dizia ao presidente brasileiro ser ele “provavelmente o líder mais popular no mundo”. E perguntava: “Por quê?". Lula respondeu: "nós tentamos provar que era possível desenvolver crescimento econômico simultaneamente com melhora na distribuição de renda". Essa é provavelmente a grande diferença do Brasil de hoje para o Brasil de ontem, o Brasil do FMI.
Chique, significa hoje para o presidente Lula e para os brasileiros em geral, uma nova postura diante do mundo. Em vez do pires sempre na mão, a mendigar os comprometedores dólares do FMI (leia-se o grande capital internacional), a elegância, sem afetação, de colaborar com um fundo multilateral que poderá tirar os países em desenvolvimento do lodaçal financeiro onde foram lançados pelos países ricos, brancos e de olhos azuis.
Daí, o lamento de Lula em artigo no Le Monde (2/04): “Ao contrário das crises desses quinze últimos anos – na Ásia, no México ou na Rússia – , a atual tempestade que arrebatou o planeta se originou no centro da economia mundial, nos Estados Unidos. Depois de ter atingido a Europa e o Japão, a crise ameaça os países emergentes que se beneficiavam de um extraordinário crescimento e de um saudável equilíbrio macroeconômico.”
O lamento serviu de base a uma marcante posição brasileira na reunião do G20 contra o famigerado “Consenso de Washington” que garantiu ampla concentração de dinheiro mundo afora. A própria Folha de S Paulo se dobrou, em editorial deste domingo (5/04) ao “o sucesso da participação brasileira, e da figura do presidente Lula em particular”, sobretudo pelo “papel que o Brasil passou a exercer entre as maiores economias do mundo”.
A ponderável participação do Brasil na recuperação da economia mundial foi registrada no dia anterior pelo jornalista Clóvis Rossi. Para ele, foi “ativíssimo” o papel de Lula na reunião do G20: “Fica claro que o Brasil não é mais vira-lata e, portanto, não depende de um afago de Obama ou de quem quer que seja para se sentir importante”.
O contraponto pessimista da oposição e de grande parte da mídia brasileira pode ser resumido no artigo do ex-presidente FHC, publicado no Correio Braziliense deste domingo (5/04). O artigo condena a desregulamentação do fluxo de capitais pelo mundo afora nos anos 90, como parte do “Consenso de Washington”, consenso ao qual sempre se submeteu autor do texto. Em meia página de jornal, sequer uma linha foi dedicada ao Brasil, como protagonista do esforço mundial conjunto contra os efeitos devastadores da atual crise.
O estado policialesco de Gilmar
O ministro Gilmar Mendes bem que poderia resguardar-se em suas limitações políticas, culturais e... jurídicas. Nesta quarta-feira (2/04), o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, rebateu críticas equivocadas e... inconstitucionais do presidente do Supremo. Indevidamente travestido de guardião-mor da República, Gilmar ataca desta vez a atuação do Ministério Público no controle da atividade policial.
Para Gilmar, o controle externo realizado pela Procuradoria é "lítero-poético-recreativo". Ele defendeu que o controle seja feito pelo Judiciário, de forma "independente". Para o procurador-geral, no entanto, a proposta de Mendes é inconstitucional, pois quem deve avaliar a instituição é a sociedade. A "ironia e a retórica não desqualificam o Ministério Público", rebateu firme Antonio Fernando de Souza.
Indo mais fundo, o procurador esclareceu que "Essa questão é uma atribuição expressamente atribuída ao Ministério Público, pela Constituição". E que: "Ao Judiciário deve ficar reservada a questão de julgar com imparcialidade. Se o Judiciário desempenhar bem a sua função, já presta um relevante serviço." Puxão de orelha a que Gilmar rebateu com sua habitual arrogância: “Isso é o Supremo que decide." (Texto original na Folha de S Paulo, de 02/04/2009)
Uma semana antes, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) rebateu declaração do presidente do Supremo de que a Justiça de São Paulo, na figura do juiz Fausto De Sanctis, tentou desmoralizar a Corte ao mandar prender pela segunda vez o banqueiro Daniel Dantas após o habeas-corpus concedido pelo STF. Para a Ajufe, a afirmação é "leviana" e Mendes, um"veículo de maledicências". Não será a profusão de habeas-corpus expedida por Mendes a causa da desmoralização da sua Corte? Leia mais
No início do mês, em visita ao Acre, uma ameaça de Mendes à liberdade de imprensa, sem a menor repercussão... na imprensa. Pergunta do jornalista: “o senhor tem se manifestado constantemente em defesa da propriedade, contra as invasões, mas em nenhum momento o senhor se manifestou contra dezenas, centenas de assassinatos de lideranças de trabalhadores rurais. Isso decorre do fato de o senhor ser ministro ou pecuarista?”
Mendes: “eu tenho me manifestado contra qualquer violação de direitos. Eu não quero que haja assassinatos... haja violência. Pode-se protestar... mas tem que ser respeitado o direito de outrem. A pergunta de qualquer forma é desrespeitosa. O senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta. Eu não sou pecuarista”.
A pergunta do jornalista tem base em manifesto da Comissão Pastoral da Terra, não contestado publicamente, dizendo que Mendes “não esconde sua parcialidade e de que lado está” e que é “grande proprietário de terra no Mato Grosso”. Após a entrevista, o ministro, líder da paranóia de que há um estado policialesco no país, apelou à Polícia Federal: “Fiquem de olho naquele moço, pois ele é muito perigoso." Leia mais
Mendes: “eu tenho me manifestado contra qualquer violação de direitos. Eu não quero que haja assassinatos... haja violência. Pode-se protestar... mas tem que ser respeitado o direito de outrem. A pergunta de qualquer forma é desrespeitosa. O senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta. Eu não sou pecuarista”.
A pergunta do jornalista tem base em manifesto da Comissão Pastoral da Terra, não contestado publicamente, dizendo que Mendes “não esconde sua parcialidade e de que lado está” e que é “grande proprietário de terra no Mato Grosso”. Após a entrevista, o ministro, líder da paranóia de que há um estado policialesco no país, apelou à Polícia Federal: “Fiquem de olho naquele moço, pois ele é muito perigoso." Leia mais
2 comentários:
Parabéns Hércules!
O blog realmente cumpre com a sua vocação de ser um contraponto ao jornalismo parcial praticado pelos jornalões!
Um abraço do amigo Valmir.
Caro anônimo, eventual solicitação de retirada da lista necessariamente deve conter o respectivo e-mail a ser retirado. Grato
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