sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Direito à informação

1. A revista Veja vai à justiça e questiona ato protegido por seu próprio conceito de liberdade de imprensa. O princípio da pimenta nos olhos dos outros.
2. “Pra que serve o Senado? Pra nada”. Esse é o título do artigo que venho tentando escrever há algum tempo. Cada vez que tento voltar ao assunto, vem à minha mente a figura de Incitatus.
3. Na Venezuela descobriu-se que não existe o chamado 4º poder. Lá a mídia já não é mais poder. O mundo precisa aprender que a mídia é uma concessão de Estado para atender ao principio do direito do cidadão à informação, à cultura, ao entretenimento.
4. A "Teoria Kamel" posta em prática: "testando hipóteses"... Que a Associated Press chama, com propriedade, de lorotas. Velha prática golpista da Globo. Agora contra a Bolívia.
5. O Che, pelos 40 anos da sua morte, foi matéria de capa da última Veja. O que esperar de Veja? Melhor as palavras do poeta Pablo Milanês: “Não porque caístes/ Tua luz é menos alta./ Um cavalo de fogo/ Sustenta a tua escultura guerrilheira...”


1. Veja e FHC: vínculos sorrateiros. A revista Veja, perdeu em primeira instância a ação indenizatória por danos morais movida contra o professor Emir Sader e a Carta Maior. Em março de 2006, referindo-se à resenha do livro “A arte da política: a História que vivi”, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, feita pelo Redator-chefe de Veja, Mário Sabino, o professor Emir Sader fez severas restrições ao livro, que traz calorosa defesa de todo o ideário conservador, com críticas sempre ácidas de qualquer pensamento à esquerda no espectro brasileiro, latino-americano e mundial. O autor da resenha se sentiu ofendido em sua honra.

Na justificativa, seus advogados destacaram a seguinte passagem do artigo como particularmente ofensiva: “Se você quiser saber dos vínculos sorrateiros de Veja com o ex-presidente, que deram – na única resenha na imprensa – capa do seu livro, apresentado por um escriba de plantão (...)”. O artigo, além de usar a palavra “sorrateira”, considerava a resenha “parcial” e “mentirosa”. Também considerada ofensiva a expressão “escriba de plantão”, que o situaria o redator de Veja como um “jornalista menor”. Em sua sentença, o juiz acolheu a tese da defesa, de “improcedência da ação”, não reconhecendo intenção de ofensa no artigo do professor.
Leia íntegra do texto do jornalista Flávio Aguiar para Carta Maior.

2. Um ovo na boca do senador nada filósofo. A Veja poderia investigar uma porção de políticos e ver que muitos deles cometeram os mesmos pecados de Renan. ...(menos o) de ser da base aliada de Lula e presidir uma casa importante como o Senado... Lançou um factódide com o Freud Godoy, não deu em nada. Tentou criar uma crise com o Vavá, não deu em nada, e ainda inventará o Vevé, o Vivi, a Vovó e o Vuvú... Quando os canibais brancos estavam com a faca e o queijo na mão, Renan usou a tática de morrer atirando e disse que abriria o bico contra os seus imaculados colegas. E aí? Aí que melou o voto e deixou a mídia a lamber os garfos.
O blog do Lelê Teles fala, ainda, do dia em que a mídia esteve ao lado de Fidel Castro.

3. “Não se preocupem. Não queremos controlar o mundo. Só queremos um pedaço dele”(Rupert Murdoch, dono do império midiático News Corporation, presente em 133 países). “Sim, eu uso o poder, mas eu sempre faço isso patrioticamente” (Roberto Marinho, ex-proprietário do maior conglomerado midiático do Brasil). A mídia hegemônica vive um paradoxo. Ela nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, em decorrência dos avanços tecnológicos, do intenso processo de concentração e monopolização nas últimas décadas e da criminosa desregulamentação do mercado que a deixou livre de qualquer controle público.

Atualmente, ela exerce uma brutal ditadura, manipulando informações e deturpando comportamentos. Na crise de hegemonia dos partidos, a mídia hegemônica confirma uma tese do revolucionário Antonio Gramsci e transforma-se num verdadeiro “partido do capital”. Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao enorme poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, ou na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura imparcial dos processos eleitorais.
Leia inteiro teor do didático artigo de Altamiro Borges publicado no Portal Vermelho

4. Tentativa de golpe também contra a Evo Morales. "O Globo, um dos maiores jornais do Brasil, deu credibilidade à lorota mais assustadora do ano. Citou uma autoridade estadual anônima de Santa Cruz dizendo que uma milícia anti-Morales, de 12 mil homens, estava escondida na floresta, esperando o momento certo. O repórter do jornal nunca viu a milícia e não apareceu nenhuma prova para confirmar a fofoca", escreveu um repórter da Associated Press (AP). A reportagem foi distribuída no mundo inteiro no último domingo (30/09) e reproduzida por veículos conceituados como a MSNBC (aqui).
Leia aqui matéria da redação do Comunique-se que tenta tirar a bronca da Globo.

5. Che, além da imagem, nos 40 anos de sua morte Mas como definir o humanismo de Che diante de alguém que, ao mesmo tempo, defende a “morte impiedosa do opressor”? Essa aparente contradição é feita reiteradas vezes principalmente por políticos ligados à direita que, em geral, vêem sentido em ditaduras alinhadas a sua postura política mas tratam do revolucionário como “terrorista”. Löwy não vê tal contradição já que, para o humanismo revolucionário, a guerra empreendida pelo povo é a única resposta necessária e a única possível dos oprimidos contra os opressores que patrocinam a violência institucionalizada.

“Na atual conjuntura latino-americana, a luta armada só interessa aos fabricantes de armas e à extrema direita. No entanto, como princípio, defendido por Santo Tomás de Aquino e o papa Paulo VI na encíclica Populorum Progresio, ela é legítima, desde que não reste ao povo outro recurso para demover o tirano senão a legítima defesa das armas. Essa é uma interpretação humanista da tradição judaico-cristã, incorporada pelo marxismo”, entende Frei Betto. Um olhar além do mito de Che Guevara, nos 40 anos de sua morte. A violência extrutural, a revolucionária e a reacionária. A capa da edição 55 da revista Fórum e dez páginas discutem o tema.
Leia mais aqui. Na edição impressa da revista Fórum, a matéria completa de Glauco Faria.

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