segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Revelações inoportunas

1. Cardeais tucanos em polvorosa: frenética tentativa para isolar o senador Eduardo Azeredo e abafar a revelação da contaminação da campanha de FHC pelo valerioduto tucano de 1998.
2. Colômbia: mais amigos do presidente Uribe em apuros. Desta vez não é sua fiel base de sustentação parlamentar e empresarial constituída no narcotráfico.
3. Falcatruas dos donos da Veja a serem apuradas pela CPI da TVA/Telefônica são análogas à da transação entre a Net, da Globo e a Embratel, da poderosa Telmex, que a própria Veja denunciou.
4. Vale a pena ver de novo: Foi na Globo que se editou o debate do segundo turno entre Collor e Lula, um dos capítulos mais deprimentes da história da manipulação da informação.
5. Para Chomsky, as poucas pesquisas detalhadas sugerem que a influência das mídias é mais expressiva na parcela da população com maior escolaridade.


1. Tensão no ninho tucano: FHC não sabia de nada, afirmam líderes do PSDB. Lideranças tucanas correm para silenciar e isolar o senador Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, que envolveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em esquema de caixa-dois de sua campanha para o governo de Minas Gerais em 1998. As declarações do senador causaram um terremoto dentro do partido: Lideranças tucanas fizeram fila, quarta-feira, para rebater as revelações do senador mineiro. “O senador não poderia ter dito isso”, disse Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado. Para Tasso Jereissati, foi fruto de justificado transtorno mental.

(Leia texto integral de Marco Aurélio Weissheimer para Agência Carta Maior).

2. A chiquita não é bacana. No início da semana passada, um tribunal dos Estados Unidos condenou a Chiquita Brands International a pagar multa de 25 milhões de dólares por ter financiado paramilitares na Colômbia. A Chiquita pagou, entre 1997 e 2004, mais de 1,7 milhões de dólares, às Autodefesas Unidas da Colômbia, responsáveis por uma série de massacres e seqüestros no país. Até 2001, os Estados Unidos não se importariam muito com isso, mas depois do ataque às torres gêmeas, as AUC passaram a ser consideradas organização terrorista internacional, junto à Al Qaeda e outras. Nas costas, milhares de oposicionistas assassinados.

A Chiquita, fiel herdeira da United Fruit, é acusada de fornecer a logística de um porto sob seu controle para o desembarque de 3.400 fuzis AK 47 e munições para a AUC. A velha prática do expansionismo estadunidense na política da América Latina. A United Fruit, desde que desembarcou no continente, no fim do século 19, para construir o império bananeiro em vários países, elegeu e depôs presidentes de acordo com seus interesses. A revolução cubana expulsou a United Fruit do país. A bananeira ainda teve participação ativa na derrotada tentativa de assalto contra-revolucionário à cubana Baía dos Porcos, em 1961.

(A matéria completa do jornalista Mair Pena Neto está em Direto da Redação).

3. A Curundeia pagou US$ 178,5 milhões por parte da Editora Abril (a dona da Veja). Detalhe: o capital social da empresa é de R$ 878 mil. Segundo reportagem da Band, a MIH Brazil (com z) teria participado da venda da Abril. Mas, no endereço que consta no contrato, não há MIH Brazil alguma. A reportagem tentou descobrir alguma informação sobre ela, por intermédio do CNPJ declarado no contrato, mas descobriu que o número não pertence à MIH Brazil, mas a uma empresa chamada Curundeia. Outro detalhe: No endereço, onde funcionaria a tal Curundeia, o porteiro nunca ouviu falar dela. O lobby da Veja abafará a CPI?

(Veja no Blog do Mello inteira reportagem da Band. Participe da campanha pela CPI da Veja)

4. A democracia não pode ser prisioneira da mídia. A substituição de um império por outro não resolve o problema da dominação. Assim, caso a Globo fosse substituída por um outro grupo, nada teria mudado. Isso vale inclusive para o caso em que esse “grupo” viesse a ser estatal. A edição de setembro da revista Fórum trata da democratização da mídia, acreditando que o tema precisa ser priorizado pela sociedade civil organizada. E, ao mesmo tempo, por ter percebido que falta coragem ao governo federal atual para encaminhar esse debate para uma Conferência das Comunicações, o único caminho democrático para tratar a questão.

E por que a Globo como centro do debate? No dia 5 de outubro vencem as cinco concessões da TV Globo. Evidentemente, a não-renovação abriria uma “guerra” no Brasil e na comunidade internacional de proporções muito maiores do que a desencadeada na Venezuela por conta da não-renovação da concessão da RCTV. Mas, se sabemos disso, por que aproveitar a data para debater o tema? Pelo simbolismo. A Globo é responsável por muito do que o Brasil tem de ruim na sua história política recente. E também pelos maiores absurdos do ponto de vista do uso da sua concessão para fins privados.

(Leia na edição 54 da revista Fórum diversas matérias sobre o direito cidadão à informação).

5. A grande fábrica de consensos. Em entrevista ao Le Monde Diplomatique, o lingüista Noam Chomsky debate o papel da mídia na preservação do capitalismo, o desgaste do governo Bush e o papel do Estado numa nova sociedade. A primeira pergunta foi sobre a questão da mídia, posto que na França, por ocasião do referendo sobre o Tratado da Constituição Européia, a maioria dos meios de comunicação era partidária do “sim”. No entanto, 55% dos franceses votaram “não”. O poder de manipulação da mídia não parece, portanto, absoluto. Pergunta do LMD: Esse voto dos cidadãos representaria um “não” também aos meios de comunicação?

(Leia, na íntegra, a entrevista de Noam Chomsky ao Le Monde Diplomatique).

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