quarta-feira, 26 de março de 2008

Dólares do Império financiam os monges do dalai-lama

Dólares do Império financiam os monges do dalai-lama.

Após a vitória da Revolução Chinesa, os comunistas tomavam o poder no Tibet que, no curso dos dois séculos anteriores, nem um só país no mundo havia reconhecido como um país independente. A comunidade internacional, a exemplo da Índia e da Inglaterra, considerava o território parte integrante da China. Só os EUA se mostraram vacilantes. Até a Segunda Guerra Mundial consideravam o Tibet como uma parte do território chinês e até procuravam frear avanços da Inglaterra na região. Porém, após a vitória comunista na China, Washington decidiu fazer do Tibet um enclave religioso contra o comunismo.

Em 1951, foi selada uma “liberação pacífica” entre a elite tibetana e o governo chinês. Cinco anos depois, no entanto, pressionadas pelo movimento camponês, a China decidiu por uma reforma agrária em alguns pontos do Tibet. Era a senha para o conflito. A elite local repeliu a iniciativa e provocou o levante armado de 1959. A revolta foi preparada durante vários anos, sob a direção do serviço secreto dos EUA, a CIA. É o que registra o livro “The CIA's Secret War in Tibet” de Kenneth Conboy. Uma obra que o especialista da CIA, William Leary, definiu como “um impressionante estudo sobre uma das operações secretas da CIA mais importantes da guerra fria”.

Outro livro, “Buddha's Warriors – The story of the CIA- backed Tibetan Freedom Fighters”, de Mikel Dunham, explica como a CIA levou centenas de tibetanos aos EUA para treinamento bélico e deu-lhes armas modernas. O prefácio desta obra foi redigido por “sua santidade o dalai-lama”, que considerou uma honra o fato de que a rebelião separatista armada tenha sido dirigida pela CIA. Porque “Os EUA são os campeões da Democracia e da Liberdade”. [1]

Em outubro passado, o parlamento dos EUA entregou a mais importante condecoração, a Medalha de Ouro, ao dalai-lama. “Sua santidade” pronunciou um discurso de louvor a Bush por seus “esforços a nível mundial em favor da Liberdade, da Democracia e dos Direitos Humanos”. Fica evidente que o financiamento ao dalai-lama e seus monges se dá por seu anticomunismo hidrófobo e também por seu racismo fascista que condena os casamentos entre tibetanos e os “demais”. Fácil entender o porque da mobilização da mídia ocidental contra a China, sobretudo em vésperas de importante eleição em Taiwan e a aproximação das olimpíadas de Pequim. [2]

As razões políticas dos guerreiros de Buda

O pretexto para a balbúrdia de agora foi lembrar ação golpista derrotada em 1959, quando o dalai-lama tentava separar o Tibet para restaurar o regime ditatorial dos Lamas naquele território da China Popular. Derrotado, fugiu, acobertado pela pelos EUA. Ao longo dos anos 60, a comunidade de exilados tibetana embolsou 1,7 milhões de dólares por ano da CIA, como consta nos documentos liberados pelo próprio Departamento de Estado em 1998. Depois que este fato ficou público, a organização do dalai-lama emitiu uma declaração admitindo haver recebido milhões de dólares da CIA naquele período, com o objetivo de enviar pelotões armados de exilados ao Tibet para minar a revolução socialista. [3]

O pagamento anual pessoal do dalai-lama reconhecido pela CIA era de US$186.000, assinalou Tom Grunfeld, em seu livro The Making of Modern Tibet. Atualmente, através do Fundo Nacional para a Democracia e outros canais, que servem de fachada “respeitável” para os financiamentos da CIA, o governo dos EUA continua a destinar US$ 2 milhões anuais para os separatistas tibetanos que atuam na Índia, com milhões adicionais para a comunidade de exilados tibetanos em outros lugares. O dalai-lama também obtém dinheiro do especulador George Soros, que dirige a Radio Free Europe e Radio Liberty, ambas também vinculadas à CIA, como ressaltou Michael Parenti, escritor e historiador estadunidense. [4]

Quanto à participação popular nos distúrbios, vejamos o que diz a BBC Brasil: (...) “Os protestos começaram no dia 10 de março, 49º aniversário da revolta contra o domínio chinês”. “Segundo a campanha Tibet Livre, os manifestantes de Machu foram até prédios do governo e destruíram portas e janelas. Eles também teriam incendiado lojas e empresas chinesas na cidade. No sábado, o Ministério de Segurança Pública da China ordenou o aumento da presença da polícia nas regiões atingidas por protestos. A população de Lanzhou parece saber pouco do que está ocorrendo na região tibetana de Gansu e em outros locais”.

“A primeira página do jornal local Lanzhou Morning Post destacava a reeleição do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao”. ‘O preço dos bens de consumo subiu muito rápido, então acho que os protestos estão ligados a isso’, disse uma mulher à BBC. “Mas outras pessoas que queriam comentar os protestos mostraram pouca simpatia à causa tibetana”. ‘Acho que estão causando tumulto sem ter razão’, disse um homem à BBC, e arrematou: ‘Acho que (os protestos) estão sendo organizados pelo dalai-lama, para atingir as Olimpíadas’. [5]

Um beijoqueiro sem fronteira

Nesta segunda-feira, na Grécia, ocorreu o acendimento da tocha olímpica, logo após o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, declarar que "A tocha une os atletas aos cidadãos de todo o mundo, tem a força de unir a humanidade e representa a harmonia”. Usando reflexos de raios do sol, a atriz Maria Nafpliotou, como uma sacerdotisa, acendeu a tocha no Templo de Hera. O grego Alexandros Nikolaidis foi o primeiro atleta a carregar a chama, seguido da nadadora chinesa Luo Xuejuan. Milhares de populares agitavam bandeiras da Grécia e da China. Uma belíssima festa a anunciar os jogos de Pequim, foi a marca da festa. A mídia, entretanto, resolveu destacar um protesto. [6]


Na contramão dos fatos, imprensa ocidental resolveu divulgar o que entende que “marcou a cerimônia”: uma cena isolada de protesto (pareceu nosso famoso beijoqueiro), feita por um único ativista dos Repórteres sem Fronteiras (RSF), grupo que assumiu a autoria do protesto. Para quem não lembra, no começo deste mês, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) retirou seu patrocínio aos RSF, pela sua reiterada falta de ética em tentar desacreditar certos países e seu sensacionalismo em se arvorar em Tribunal da Inquisição, revelaram fontes diplomáticas à agência Prensa Latina.

O jornalista canadense Jean-Guy Allard denunciou que a RSF é financiada em parte pelo National Endowment for Democracy (NED) dos Estados Unidos. Além disso, relatou seus vínculos com agentes confessos da CIA e o apóio financeiro que recebe da União Européia. [7]

BRINDE: BELÍSSIMO FILME [*] DO IRANIANO MAJID MAJIDI SOBRE A OLIMPÍADA PEQUIM 2008

quarta-feira, 19 de março de 2008

Pra que serve o Senado?

Pra que serve o Senado?
Sempre que surge este assunto, pululam múltiplas imagens de Incitatus: enfeitados com pedras preciosas, a dormir entre mantas púrpuras, cada um com dezoito criados pessoais. Deu no Estadão deste domingo que a oposição já quer largar a CPI dos cartões. Motivo declarado: Represália à decisão da base aliada de rejeitar a quebra do sigilo de gastos feitos com cartões corporativos pela Presidência da República. O verdadeiro motivo? Nada há de importante para comprometer o governo. A não ser as barrigas das “bailarinas” e a desmoralizar o denuncismo da oposição e da mídia. Outro motivo: a manutenção da CPI também trará auditorias para muitas contas do governo tucano. [1]

Na semana passada, a manchete do Jornal do Brasil acusou o Planalto de contratar 40 bailarinas com cartões corporativos. Detalhe: a cem reais cada. Desmoralizada a barriga, o JB uma vez mais não reconheceu a irresponsabilidade. Para piorar, a Controladoria Geral da União (CGU) relacionou 11 erros grotescos, que envenenaram o noticiário sobre cartões corporativos. “Um varejão de miudezas que pendurou nas manchetes uma penca de equívocos e injustiças”, segundo o insuspeito jornalista de oposição Josias de Souza, da Folha. Roupas de cama, pagas pela Anvisa; o pagamento a clínica de estética, feito pela Polícia federal; a Agricultura contrata uma agência de matrimônio; a Marinha, compra bichos de pelúcia.

A Marinha também comprou bens de consumo na Beleza Cosméticos Ltda; e uma caixa de bombons; pagamentos com cartões feitos numa joalheria e outras numa lavanderia; motoboy pagando com cartão do governo. Cruz credo. Reparar o forro de uma mesa de sinuca e pagar despesa em choperia. Melhor mandar matar. Errado! Todos estes itens foram plenamente explicados e justificados pela CGU. Uso legal e legítimo dos cartões corporativo do governo – leia o link [2]. Ao que parece, a chamada “CPI das Tapiocas” arrisca os congressistas a sofrer, eles próprios, uma outra CPI, dessa vez, para investigar o teatro das comissões parlamentares de inquérito e a inutilidade de boa parte do que se divulga na mídia. [2]

Soberania relativa
Segunda-feira é dia de se percorrer páginas da Internet para checar em diferentes mídias as notícias que costumam ser efêmeras, não repercutidas. Segunda, 17, a BBC Brasil divulgou que a Anistia Internacional e a Cruz Vermelha estão denunciando o recrudescimento da violência no Iraque e a situação “desesperadora” das condições de vida, cinco anos depois da invasão dos cascos azuis do Pentágono. Hoje, somente dois em cada três iraquianos têm acesso à água potável, que é comprada com até um terço do salário familiar. Um terço dos iraquianos precisa de ajuda humanitária para viver. Pelo relatório da Anistia as condições humanitárias pós Saddan Hussein pioraram muito. [3]

Embora os EUA vivam a reafirmar que a segurança no Iraque esteja melhorando, a Organização Mundial da Saúde (OMS) revela 150 mil mortes até junho de 2006. Ano em que morreram 35 mil pessoas. No Iraque atuam 160 mil soldados ianques e cerca de quatro mil já morreram desde o início do conflito. Que temos com isso? Analisemos três emblemáticos episódios: A invasão do Equador pelo exército colombiano, treinado e financiado pelos EUA, com a participação de mercenários israelenses. A presença de sofisticada base de informação em território da Tríplice Fronteira, no Paraguai. A visita da simpática senhora Condoleezza Rice, pregando uma “soberania relativa” para nossa região. Pense!

Condi, go home!
Não é sem razão que o Brasil lidera uma batalha diplomática na Organização dos Estados Americanos (OEA) que quer evitar manobras dos EUA para desculpar a Colômbia. Brasil e Estados Unidos, no episódio da invasão do Equador, ficaram em posições antagônicas. Lula da Silva condenou a violação da integridade regional e W. Bush apoiou aquilo que denomina de “luta contra o terrorismo”. A posição do governo brasileiro se fia em firmes e representativas posições de Caracas, Santiago e Buenos Aires. Na OEA, Washington repisará a tese da “soberania relativa” e Brasília, a inviolabilidade do artigo 21 da carta da OEA (ler o jornal argentino Página/12, de 17/3/). [4]

O antagonismo entre Brasília e Washington também se manifesta na acertada posição brasileira, reiterada pelo ministro Amorim que, embora reprovando a metodologia de luta, não considera as FARC uma organização terrorista, status defendido por EUA. No entanto, o Palácio do Planalto prefere que o contencioso entre Colômbia e Equador se resolva no âmbito sul-americano ou, no máximo, latino-americano. Sem ingerências estadunidense, impertinentes e indesejáveis. E Lula já avisou a Condoleezza Rice que quer criar um âmbito de solução de conflitos regional, já discutido com a Argentina, um Conselho Sul-americano de Defesa, a substituir a manjada Junta Interamericana de Defesa. EUA ficam fora.

Entrevista de Lula censurada pela mídia
Nada ficamos sabendo sobre a participação destacada do Brasil nesse processo latino-americano. Tal descompasso reflete em censura velada da nossa mídia ao brilho presidencial. Para ilustrar o ponto a que chegamos, semana passada a revista britânica, The Economist, reuniu em Brasília um grupo de jornalistas. Na pauta, o discurso e as respostas de Lula sobre favelas, a estagnação econômica no Brasil dos últimos 26 anos, mudanças na educação, o preconceito contra o projeto Bolsa Família, inclusão digital, explosão industrial e reforma tributária, entre outros assuntos de interesse nacional. Nenhuma repercussão foi dada ao fato. Porque será? [5]
(***)

Talvez algum ressentimento pelo fato de Lula ter mudado de tom. Altivo com as provocações de vários setores, principalmente da oposição a quem falta discurso. O Conversa Afiada [5] dá o novo tom da metamorfose presidencial: “Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública de Portugal. No meu gabinete, ele falou: 'Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários e vejo a economia muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira (ou ouço meus amigos tucanos) eu penso que o Brasil acabou, parece que acabou o Brasil'.

BRINDE: CHICO BUARQUE CANTANDO JOÃO E MARIA [*], MÚSICA SUA EM PARCERIA COM O MESTRE SIVUCA, 1977. GENIAL. (E NOSSO INCITATUS SÓ FALAVA INGLÊS)

(***) [5] A partir de hoje, 20/3, está no ar nova página do Paulo Henrique Amorim em domínio próprio. O endereço é: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/. O portal IG, por motivos injustificáveis, rompeu, unilateralmente, o contrato que permitia o Conversa Afiada. O arquivo de textos e imagens produzidos durante o período no IG não está mais disponível.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Imagine

A correta discussão sobre o rumo da América Latina está longe de uma improvável e inócua disputa de liderança entre seus países. Disputar o que e para que? Ou, pior, um confronto militar que poderia levar um pretenso país “vitorioso” a lugar nenhum. Mais prudente e proveitoso, derivar a discussão para o interesse coletivo da integração necessária e indispensável ao desenvolvimento desta região. Para não falar de baixo para cima ao tratar com outros blocos no perverso mercado globalizado. Para a concretização desse objetivo é de boa orientação deixar que os problemas internos de cada país sejam entregues a deliberação da respectiva população, sem ingerências externas. Destituídos de uma correta e insuspeita estrutura de informação, opinar com segurança seria, no mínimo, atrevimento.

Não se arrisque a dizer quem na Colômbia tem apoio concreto na indústria da droga, no seu poderoso tráfico. Seria também imprudente arriscar de que lado está o terror. Não se sabe precisar os milhares de assassinatos de líderes sindicais e comunitários pelas forças oficiais, com ajuda dos grupos paramilitares financiados pelo governo, e este pelos EUA. Nem de quantos prisioneiros lotam as masmorras do poder. Do lado insurgente, os negociadores internacionais identificaram o número de prisioneiros e sua situação derivada da constante fuga de inevitáveis escaramuças bélicas. Uma questão interna lamentável cuja solução não pode ser equacionada fora da Colômbia se não for pelo interesse dos próprios colombianos.

Também não é fácil opinar sobre a Venezuela com o nível de manipulação exercido pela maior parte da nossa mídia provinciana e submissa a interesses exógenos. Só se sabe que os habituais exploradores europeus por intermédio do seu rei querem que seu presidente se cale. Também se sabe que há um certo “boom” de desenvolvimento na região e, sintomaticamente, um certo despregamento das asas “protetoras” de Washington, a exceção do “poodle’ colombiano. Não é sem razão que Uribe hoje recebe a terceira maior parte do “investimento” bélico/econômico dos EUA. Também não é sem razão que Bush começa a exportar para Nossa América sua guerra preventiva, cuja primeira experiência acaba de acontecer na fronteira do Equador.

UNESCO retira patrocínio aos “Repórteres Sem Fronteiras”

Por ocasião do Dia pela Liberdade da Internet, nesta quarta-feira (12), a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) retirou o patrocínio da RSF, Repórteres Sem Fronteiras, da França. Fontes diplomáticas da UNESCO informaram à Prensa Latina que a agência tomou a decisão em virtude da reiterada falta de ética da RSF, em seus propósitos por desacreditarem certo número de países. A atuação da RSF não se atém aos propósitos da Unesco e demonstra novamente seu interesse sensacionalista, ao se arvorarem em tribunal da Inquisição para julgar nações em vias de desenvolvimento, enfatizaram os meios consultados.

Por esta causa e por outros antecedentes, a entidade da ONU pensa em romper definitivamente a relação que mantém com a RSF e excluir qualquer tipo de colaboração no futuro. Sob a idéia de mostrar os chamados Estados com ciber-censura, a RSF, acusada de manter estreito vínculo à Agência Central de Inteligência (CIA) estadunidense, lançou hoje sua campanha.

O curioso é que — lembraram os diplomatas que falaram com à Prensa Latina — na lista negra da RSF não aparece nenhum país ocidental, enquanto eles abrem fogo contra o chamado Terceiro Mundo. O jornalista canadense Jean-Guy Allard denunciou em vários artigos e num livro o fato de que a RSF seja financiada em parte pelo National Endowment for Democracy (NED) dos Estados Unidos. Além disso, relatou seus vínculos com agentes confessos da CIA e o apóio financeiro que recebe da União Européia. Em 2005, a UE entregou mais de €1 milhão aos RSF.

(Leia matéria completa do jornal Granma com informações da agência Prensa Latina).

Brasil se tornou ator econômico de peso, diz The Guardian

Em suplemento especial de 20 páginas desta sexta-feira (14), o jornal britânico "The Guardian" faz um balanço do Brasil e afirma que “ele se tornou um ator econômico de peso". O jornal faz uma análise dos setores de economia, agricultura, energia, saúde e cultura, além de um perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da cidade de São Paulo, que chama de "a cidade do futuro". Segundo o "The Guardian", quando se pensa "na exuberância brasileira", dificilmente se pensa na economia, já que o Brasil "é a terra do Carnaval". Onde “o fluxo de investimentos atingiu níveis recordes”, a exportação de tudo está aumentando e “a renda dos ricos e pobres está crescendo e impulsionando um boom de crescimento”.

A reportagem afirma que o Brasil "parece ter entrado em uma nova fase de expansão sustentável que poderia, finalmente, destrancar o vasto potencial do país". Segundo o jornal, os números vão "de bons a espetaculares: 1,4 milhão de empregos criados todos os anos; mais de US$ 100 bilhões em reservas (que excedem a dívida externa e tornam o Brasil credor internacional); 4,7% de inflação, o que é 'manso' pelos padrões brasileiros; 4% de crescimento econômico, e uma ligeira aproximação na diferença com a China. Ah, e no ano passado o mercado de ações cresceu em 60%". Segundo analistas ouvidos pelo "Guardian", o crescimento é equilibrado e o país estaria menos vulnerável hoje.

(...) Críticos ouvidos pelo jornal ainda dizem que o crescimento do Brasil impressiona, mas é vazio, "como um carro alegórico de Carnaval, porque se apoia em condições globais benignas e no crescimento do crédito doméstico enquanto foge à difícil tarefa de construir uma economia competitiva". O "Guardian" conclui comentando que o Brasil era conhecido como o país do futuro. "O futuro ainda não chegou, mas está mais perto agora do que já esteve em várias gerações."
(Leia inteiro teor da matéria da
BBC Brasil, divulgada hoje pela página da UOL).

A cortesia espanhola é a cortesia de Cortez. (Como a de um certo rei que quer que nos calemos).

A Europa detesta que os povos de suas ex-colônias a importune. Os franceses, que não levaram os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade para suas colônias na África, hoje esmagam os africanos em seu território, não dando chances para que eles trabalhem dignamente, tratando-os como cidadãos de terceira categoria. Sarkosy, quando ministro do interior, os chamou cinicamente de escória. Agora, os espanhóis resolveram barrar os brasileiros, mesmo os que usam o território espanhol apenas em trânsito.

Os espanhóis tratarem com desprezo os latino-americanos, que eles e os italianos chamam pejorativamente de sudacas, é uma piada de mau gosto. Esquecem que aqui chegaram cheios de doenças, estupraram as mulheres, assassinaram os homens, envenenaram os chefes de estado, destruíram as edificações majestosas, saquearam, roubaram ouro, impuseram a sua língua e sua religião e agora nos tratam como se fôssemos invasores inimigos.

O Itamarati não deve simplesmente aplicar o princípio da reciprocidade, é preciso dizer algumas coisas pra esses piratas. Eles estão aqui dominando nossas editoras, bancos, hotéis, empreiteiras, telecomunicações, levando nossos jogadores de futebol. Quanto mais a direita avança na Europa, mais ela se parece com o velho continente de piratas.

(Leia no blog do Lelê Teles o seu texto na íntegra).

BRINDE: A EMOÇÃO DA ETERNA MÚSICA DE JOHN LENNON, IMAGINE [*].

quinta-feira, 6 de março de 2008

Um velho professor

Meu velho professor

Meu professor de Jornalismo já dizia que o que não dá na rede Globo significa para o brasileiro comum que “não aconteceu”. Assim, vendo os últimos noticiários sobre a invasão do território do Equador por tropas da Colômbia, treinadas e financiadas pelos EUA, recordei sua preocupação. A mentira, a omissão e a mudança do foco são atos que desfavorecem a compreensão dos fatos. Elas têm sido a tônica do nosso noticiário, com a participação de “especialistas”, manjados adversários dos movimentos de soberania que pipocam na América Latina. Eles vêem suas falácias ruírem ante as informações de agências do exterior que sua própria emissora, contrariada, com extrema brevidade, é obrigada a divulgar.

Como o fato de que, ao morrer, o comandante Raúl Reyes estava em negociações com os governos do Equador e da França, com o conhecimento da Colômbia, para libertação iminente de prisioneiros, entre eles Ingrid Betancourt, ex-aliada do governo Andrés Pastana, um ferrenho adversário das FARC. E o fato revelador de que 19 dos 22 guerrilheiros mortos estavam com roupas de dormir, o que caracteriza a ação como um massacre. Os noticiários preferem destacar a pirotecnia diplomática de Uribe, a querer transformar sua grave violação numa “justa ação contra o terrorismo”. E não é a primeira vez que isso acontece.

Na quarta-feira, o Alexandre Garcia, outro “especialista” Global, no afã de satanizar o presidente da Venezuela, deixou escapar, de suas fontes nas Forças Armadas, que, no governo FHC, o exército da Colômbia invadiu o território brasileiro para caçar inimigos. Inadmissível atentado à nossa soberania, resolvido com alguns tragos de uísque do nosso chanceler tucano na cozinha de Uribe. Ano passado, a polícia de Uribe violou o território da Venezuela, até Caracas, para “resgatar” um importante adversário político. Na mesma época, também violou o espaço aéreo do Equador supostamente para borrifar plantações de coca. Resultou em inúteis protestos diplomáticos.

As atitudes nada diplomáticas de Uribe e sua estreita ligação com o narcotráfico e com os diferentes grupos paramilitares lhe valeram uma significativa reprimenda do parlamento europeu. Essas razões, somadas à conta de mais de mil assassinatos de sindicalistas e lideranças comunitárias pelos órgãos de repressão do seu governo, o congresso dos EUA vem sistematicamente recusando a sonhada entrada da Colômbia na ALCA.

Por falar em EUA, a agência EFE, desta terça-feira, revela a presença de alto comandante militar dos EUA em Bogotá dois dias antes do bombardeio contra o acampamento equatoriano [1]. Passa da hora de botar as barbas de molho e pensar como o experiente líder cubano Fidel Castro, segundo a France Presse desta segunda-feira [2]: “a sangue frio ninguém tem o direito de matar. As acusações concretas contra esse grupo de seres humanos não justificam a ação. Se aceitarmos esse método imperial de guerra e de barbárie, bombas ianques guiadas por satélites podem cair sobre qualquer grupo de homens e mulheres latino-americanos, em território de qualquer país, havendo ou não guerra".
(Leia o texto completo de
Sidnei Liberal no Portal Vemelho).

Estamos sendo vigiados

Neste momento um telefone pode estar sendo rastreado ou o sistema de comunicação de algum país submetido a interferências externas. No Brasil, escutas telefônicas sem consentimento da Justiça são consideradas ilícitos penais, os responsáveis pela prática respondem pelo crime. Este alerta ocorre face a denúncias de que no município paraguaio de Mariscal Estigarribia, na estratégica região da Tríplice Fronteira, o Pentágono montou uma moderna base de comunicação. Uma sofisticada tecnologia, capaz de monitorar um raio de ação que abarca todo o território brasileiro e muito mais, onde os técnicos militares estadunidenses que lá estão podem grampear algum telefone e mesmo uma comunicação na internet.

Se alguém na Casa Branca quer saber o que Lula (Henrique Meireles, Raúl Reyes) anda falando nos bastidores sobre questões de interesse dos EUA, ordenará aos seus técnicos no Paraguai a colocar para funcionar o aparato espião. A mídia simplesmente procura ignorar a existência deste QG de operações dos EUA em território sul-americano, com base em simples desmentido de Washington que logo virou destaque na mídia tupiniquim. Os estadunidenses argumentam que um pequeno número de militares circula no Paraguai para a realização de exercícios conjuntos para combater o narcotráfico. De tão zelosos, afirmaram estar ajudando também a prevenir a dengue e, quem sabe, botar talquinho nos nenéns.
Leia o texto integral de Mário Augusto Jakobskind no blog Direto da Redação.

Debi e Lóide: os americanos estão hostis ao conhecimento?

Um vídeo popular no YouTube mostra Kellie Pickler, a loura adorável de "American Idol" no jogo da Fox "Você é mais inteligente que um aluno do quinto ano?", durante a semana da celebridade. A pergunta de 25.000 dólares, do currículo de geografia do terceiro ano do ensino fundamental, era: "Budapeste é a capital de qual país europeu?" Pickler jogou as duas mãos para cima e olhou para o grande quadro negro, perplexa. "Achei que a Europa era um país", disse ela. Para se garantir, decidiu copiar a resposta oferecida por um dos alunos do quinto ano: Hungria. "Hungria?", disse ela, com os olhos esbugalhados e descrentes. "Isso é um país? Ouvi falar da Turquia, mas Hungria? Nunca ouvi falar."

Tal, digamos, falta de consciência global é o tipo de coisa que deixa Susan Jacoby, autora de "The Age of American Unreason" subindo pelas paredes. Ela apontou para uma pesquisa da National Geographic de 2006 que revelou que quase metade das pessoas de 18 a 24 anos não pensa que é necessário ou importante saber em quais países as notícias estão localizadas. Então, depois de mais de três anos de guerra no Iraque, apenas 23% de pessoas no terceiro grau sabiam localizar no mapa o Iraque, Irã, Arábia Saudita e Israel.

(...) ouvindo silenciosamente dois homens bem vestidos, de terno. Por um segundo, achou que eles iam comparar aquele dia horrível com o bombardeio japonês de 1941 que levou os EUA à Segunda Guerra Mundial: "Isso é igual a Peal Harbor", disse um dos homens. O outro perguntou: "O que é Pearl Harbor?" "Foi quando os vietnamitas jogaram bombas em um porto e começou a guerra do Vietnã", respondeu o primeiro homem. Naquele momento, Jacoby decidiu escrever o livro.
(Leia matéria integral de Patrícia Cohen para o New York Times).

BRINDE: (COMO EL MUSGUITO EN LA PIEDRA...) MERCEDES SOSA CANTA VIOLETA PARRA, "VOLVER A LOS DIECISIETE".

O Manifesto