quarta-feira, 30 de março de 2011

Reforma da Mídia - #episódio 3 da Série Reformas Democráticas



No terceiro vídeo da série Reformas Democráticas você vai saber por que os meios de comunicação estão nas mãos de poucas famílias, o papel da internet na democratização da comunicação e o que propõem aqueles que defendem uma mídia livre. Produzida pela equipe do Vermelho, a série conta com seis vídeos temáticos sobre as reformas estruturais necessárias para que o Brasil continue se desenvolvendo e avance nas mudanças.

terça-feira, 29 de março de 2011

Nova guerra fria em múltiplos palcos.

Nova guerra fria em múltiplos palcos.

Em nada interessa à “comunidade internacional” qualquer solução que dê aos países árabes, soprados pelos ventos da insurgência, a possibilidade de governos avançados no rumo da Democracia. Surpreendido no Egito e na Tunísia, o Ocidente (chamemos assim as forças que há tempos se habituaram a uma relação colonial com os povos do Oriente Médio) perdeu o controle do processo de queda das respectivas ditaduras. Agora, recomposto do susto, cuida de assumir o controle da nova situação. Além dessa, novas tarefas se impõem: há outros ditadores também em perigo.

Na Líbia, em adiantado estado de insurgência, a oportunidade de se livrar uma liderança não confiável, embora aliada. Inda mais por ser hostil a Israel. Diferente, neste aspecto, das outras ditaduras que, como o Egito e a Arábia Saudita, garantem ao Ocidente o controle da Região. Melhor ainda: relacionam-se bem com o governo belicista de Netanyahu. Ao afastar Gaddafi, o Ocidente, sob a liderança dos EEUU, quer garantir, a um só tempo, a estabilidade do mundo árabe e seu controle sobre ele. Em jogo, uma geopolítica mega-produtora de petróleo. E a distribuição de bases militares da OTAN.

E como fazer com a rebeldia popular que começa a tomar vulto, contrariando a boa paz nas demais ditaduras amigas? Na última semana, a Arábia Saudita encontrou a fórmula: os ditadores reúnem suas máquinas de guerra e tratam de extirpar coletivamente os tumores, onde eles estiverem. Foi assim que o ditador do Bahrein conseguiu forte repressão contra manifestantes desarmados. E o Ocidente nem precisa manchar as mãos de sangue. Apenas uma hipócrita vista grossa aos massacres que têm veementes protestos de significativas lideranças religiosas e políticas regionais.

E o que leva o Ocidente a apoiar massacre de ditadores contra seus povos? Ou a imobilizar, pela força, um ditador-problema, arrasando a infra-estrutura do seu país? A forjar uma confusa autorização no Conselho de Segurança da ONU, usada como instrumento de morte de civis, justamente o objeto de proteção que teria motivado a resolução da ONU? Robert Fisk, no The Independent¹, lembra que está em curso uma “extraordinária tempestade que varre a região, o espetacular despertar de um mundo árabe”. Uma tempestade que não interessa ao sionismo belicista de Israel nem à avidez do Ocidente pelo controle da geopolítica médio-oriental. Tampouco interessa aos velhos ou novos ditadores.

Mais aqui, menos acolá, não para de ventar. Na Arábia Saudita, no Bahrein, na Jordânia, Iêmen, Kuwait, Qatar. Ventos de matizes ideológicos diferentes, todos, porém, com cheiro forte de Democracia. Não importa o esforço da diplomacia ocidental em tentar desviá-los, como vem fazendo, ao tentar jogar sunitas contra xiitas, tribos contra tribos, árabes contra árabes. Os árabes sabem que os exércitos estrangeiros que invadem a Líbia, que destroçam o Iraque e o Afeganistão, que mantêm um gueto na Faixa de Gaza, não estão lá para defender o povo árabe.

Há, ainda, uma questão iraniana: independentemente de sua relação com o poder, quando a juventude do Irã, reunido na Praça da Liberdade em Teerã, louva sua luta por Soberania², o faz com slogan muito emblemático: “morte aos EEUU!” Significa repúdio ao intervencionismo estrangeiro. Não é outro o sentimento do jovem professor quando sugere: “alguém deveria lembrar ao Sr. Obama que ele não foi eleito presidente do mundo”. O Líder Supremo do Irã, Aiatolá Seyed Ali Khamenei, promete: “Os EUA continuarão a ser derrotados”.

E não é diferente o sentimento em outros terreiros médio-orientais. Jovens palestinos sentem-se ultrajados pelo roubo de terra que Israel pratica, para construir colônias exclusivas para judeus, na Cisjordânia. São sentimentos indicativos de que qualquer resultado da atual tempestade que agita a juventude árabe significará dificuldade para EEUU e seus aliados. Neste cenário Kaveh L Afrasiabi, do Asia Times Online² não vê qualquer sinal de acomodação entre os interesses em disputa. Afrasiabi acredita, com razão, que “se arma nova guerra fria a ser disputada em múltiplos palcos em todo o Oriente Médio”.

(1)http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fisk-right-across-the-arab-world-freedom-is-now-a-prospect-2248975.html

(2) http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MC24Ak02.html



O Manifesto