sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Raça


Cotas: Elio Gaspari mata a cobra e mostra o pau.

“ No dia da Consciência Negra, as bancadas do governo e da oposição na Câmara dos Deputados aprovaram o projeto de lei que estabelece cotas sociais e raciais (pode me chamar de cromáticas) para o preenchimento de vagas nas universidades públicas federais. O projeto foi mandado ao Senado.

Tramita no STF o julgamento da inconstitucionalidade das cotas do ProUni, argüida pelos donos de universidades privadas e pelo DEM. A iniciativa do governo já teve o voto favorável do relator, ministro Carlos Ayres Britto.

Nada melhor do que o encaminhamento dessa questão na rotina das instituições republicanas. Quando a Casa Grande falava sozinha e a Senzala não votava, o Brasil tornou-se o último país livre das Américas a abolir a escravatura.

As políticas de ação afirmativa foram condenadas porque acordariam o gênio do racismo. Não acordaram. (Nada de novo. No século 19 o barão de Cotegipe avisava: "Brincam com fogo, os tais negrófilos".) As cotas criariam constrangimentos, levando alunos negros mal preparados para os cursos universitários. Não criaram. (Parolagem antiga. Em 1885, combatendo a libertação dos sexagenários, o deputado Olimpio Campos advertiu: "Não é humanitário, não é civilizador libertar escravos velhos").

Entre 2001 e 2008, 52 mil vagas foram oferecidas em 48 escolas que adotaram políticas de ações afirmativas em benefício de alunos da rede pública, negros e índios. Passaram-se sete anos e até hoje não apareceu um só episódio ou estudo relevante capaz de desqualificar essas políticas. ”

Em tempo: O texto é parte da coluna do Elio Gaspari, publicada na Folha de S Paulo deste domingo, 23/11. Instigante, objetiva, lúcida.

Lula ataca novamente. Mídia finge-se de morta, outra vez.

"Um outro ingrediente, além do econômico, é o processo de degradação a que está submetida a humanidade, a partir da família, pela qualidade das informações que recebemos pelos meios de comunicações 24 horas por dia", afirmou o presidente Lula. Foi durante o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no Rio.

Segundo o presidente, a mídia contribui com sua programação para a degradação da família com a divulgação sem limite de cenas de sexo e violência. Lula criticou ainda a falta de programação cultural de qualidade dirigida aos públicos infantil e jovem na TV.

De acordo com o presidente, o crescimento do número de menores submetidos a ataques sexuais não é causado apenas pela pobreza que, admitiu, muitas vezes leva a criança a "vender seus corpos por um prato de comida”. “Quantos programas culturais temos nas televisões para que as crianças possam ver às 7h, às 10h, ao meio-dia, 14h, 18h?", perguntou Lula.

"Na hora em que a família entra num processo de degradação que passa pelo econômico, passa pelo social, mas passa pelo que ela vê na televisão 24 horas por dia. Quem tem televisão a cabo, sabe do que falo. É sexo e violência de manhã, de tarde e de noite”, acrescentou o presidente.

O congresso mundial que enfrenta estes problemas, no Rio, foi praticamente ignorado pela mídia. E, emblematicamente, foram ignoradas, também, as palavras do presidente. Outra vez. No dia 17 deste mês, o presidente já havia manifestado, com igual veemência, sua opinião sobre o tema. De lá pra cá, nada se ouviu, se leu se ou se viu. A mídia finge-se de morta, outra vez.

Em tempo: Projeto de lei que torna mais clara a legislação contra material pornográfico contra crianças e adolescentes foi sancionado por Lula. (Informações do jornal O Estado de S. Paulo).

O teu cabelo não nega

Ao contrário do que muita gente pensa, a marcha carnavalesca “O teu cabelo não nega” não é de autoria de Lamartine Babo. Inicialmente, com o título de “Mulata”, a marchinha foi composta pelos irmãos pernambucanos João e Raul Valença em 1929. Há quem sustente, hoje, que eles queriam homenagear uma mulata da ancestralidade familiar de Ronaldo, o ex-fenômeno.

A ser verdade, como diria o anti-jornalista Cláudio Humberto, o roliço futebolista estaria negando suas origens quando se manifestou a respeito de racismo no futebol espanhol: "Acho que todos os negros sofrem. Eu, que sou branco, sofro com a ignorância". Para 64% dos 2.982 pesquisados pelo Datafolha ele é preto, apenas 23% o dizem branco. Bem que vale raspar o cabelo, vez em quando.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em seu primeiro mandato disse ser "mulatinho" com "um pé na cozinha", foi o campeão de brancura. 70% dos entrevistados assim o definiram, contra apenas 17% que disseram que ele é pardo e 1% que é preto.

"FHC apareceu como mais branco do que o Lula. Mas o Fernando Henrique é branco? Ele é um mulato. Se as pessoas não soubessem que se tratava do FHC, provavelmente, julgando apenas pela cor da pele, diriam que se tratava de um mulato. Mas como é o FHC, um intelectual, passa a ser visto como branco", interpreta o poeta e antropólogo Antônio Risério.

O cantor Zeca Pagodinho definiu-se como "gente", ao ser perguntado sobre sua cor. "Eu não vivo esse mundo de cores", disse. Zeca é pardo para 52% dos entrevistados e preto para 22%. Ele vê puro preconceito: “Embora eu não tenha cor, sou sambista e do subúrbio. Quer dizer: sou preto".

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Lula, porque não te calas?


“Lula diz que televisão brasileira não educa e degrada famílias” (Folha Online)

Para Lula, além de não ajudar no "processo de educação", a TV brasileira degrada a "estrutura da família". E o presidente foi ainda mais eloqüente: "Qual é o processo de educação que nós aprendemos quando ligamos uma televisão nesse país? Pelo contrário, o que nós assistimos, em muitos casos, é um processo de degradação da estrutura da família desse país".

A declaração ocorreu em solenidade pública, em São Paulo. A notícia foi dada pela Folha Online (*), nesta segunda-feira, 17/11/2008, às 20h24. E veio com o comentário de que se tratava de mais uma crítica de Lula à televisão brasileira. Simples, não?

Não se viu, nesses dias, nenhuma repercussão sobre o tema que é da maior importância para a discussão da Educação e da formação cultural da Nação. Nada se ouviu dos vestalinos colunistas. Nada nas tevês. Nada nos jornalões. Nem um simples “Lula, porque não te calas?”, da manha real.

“Preferem não dar a cara a bater”, disse com propriedade um professor de jornalismo do Iesb, em Brasília. O silêncio é mais uma demonstração de que a elite da informação está satisfeita em oferecer aos brasileiros apenas os reality shows trágicos de Eloás e Isabelas. E mais: Lula retoma uma discussão que deixa os donos da mídia transtornados: a regulação social da programação.

“Coisas de regimes totalitários”. “Agressão ao princípio da liberdade de imprensa”. O assunto – que é devidamente regulamentado no mundo civilizado – não passaria no Congresso Nacional (*), onde 87 deputados e alguns senadores têm concessão de rádio e televisão e recebem, da indústria de bebidas (anunciantes) e de comunicação, alguns milhões de reais em doações de campanha.


As 25 notícias mais censuradas em 2007-2008 (mais).

“O último ano da administração Bush acumulou uma concentração de poder executivo absoluto. A Constituição foi substituída por draconianas ordens executivas (freqüentemente secretas). Houve um recrudescimento de assaltos aos direitos humanos, tanto no país como no estrangeiro. Porém, quem está falando adequadamente sobre isto? Somente se mostra o bordo da realidade”.

Quem diz é Tricia Boreta, diretora do Project Censored (*). Segundo ela, os meios corporativos têm estado demasiadamente ocupados em manter entretido o público consumidor com o sem-fim de banalidades adicionadas à cobertura do espetáculo “Campanha presidencial 2008”. Para ela, o Congresso não cuida de vigiar a fundo o pressuposto federal e a Constituição. Deixa correr solto.

“O Projeto e um grupo de jornalistas independente ao redor do mundo vêm seguindo com afinco as ações desenfreadas de um império em decadência. As histórias de notícias não cobertas revelam um aumento desesperado da demanda das corporações dos EUA para conquistar mais recursos naturais. Os setores militares a cuidar eliminar as dissenções e impor as conformidades”, diz a diretora.

Para ela, a lista deste ano mostra mais claramente como a vontade dos povos segue sendo o inimigo principal da violência das corporações. “O termo “terrorismo” está se ampliando rapidamente para incluir o desenvolvimento do pensamento contrário à agenda expansionista de Washington”, diz.

Segundo Tricia Boreta, cada uma das 25 notícias relevantes deste ano constitui uma história de “corporacioncracia”, de como é a vida sob um governo “de, por e para as grandes corporações multinacionais”, que cada vez diminuem mais o valor da vida humana. (Trad. Ernesto Carmona).


Uma vaia para Ricardo

No último fim-de-semana, o blog do jornalista Ricardo Noblat (*), divulgado pela Globo Online, incitou seus leitores a executar uma nova vaia contra o presidente Lula. “Seria bom para o excesso de auto-estima de Lula que ele fosse vaiado durante o jogo da próxima quarta-feira em Brasília entre a Seleção Brasileira e a Seleção de Portugal”, animou-se Noblat.

O zeloso blogueiro ficou devendo, no entanto, uma explicação aos seus leitores sobre os motivos da infindável onda do que ele chama de “excesso de auto-estima” do nosso presidente. Um dos motivos mais recentes vem da declaração de Marta Lagos (*), diretora do Instituto Latinobarômetro, do Chile: "Lula pôs a América Latina de novo no mapa mundial".

Foi assim que Lagos traduziu a popularidade do presidente (*) brasileiro, líder na América Latina pela 2ª vez consecutiva. Agora, com nota média de 5,9, em escala de 1 a 7, passa até o rei da Espanha Juan Carlos I, no topo da lista nos últimos três anos. Ouvidos mais de 20.000 pessoas em 18 países.

Outro motivo que incomoda o blogueiro da Globo e a mídia é a tranqüilidade com que o governo Lula vem se preparando para uma inevitável desaceleração (*) no crescimento brasileiro (“marola”), conseqüência da recessão (“tsunami”) produzida nos EUA e exportada à Europa e ao Japão. Sem contar a aprovação das teses brasileiras sobre a economia nos fóruns mundiais.

Tarefa difícil era conseguir uma nova vaia para Ricardo Noblat. Ele tinha o preço astronômico dos ingressos e a distribuição de milhares de convites feita pelo governo local, como no Pan. O que não tinha, além da presença de Lula, era o ensaio da vaia (*), que não faltou ao prefeito do Rio.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Por que as fadas são brancas e as bruxas se vestem de negro?

Quando o negro for belo

Uma reflexão sobre como na língua o negro está manchado irremediavelmente é oportunizada com a chegada de Obama ao poder. É o que propõe a jornalista Sandra Russo, do jornal argentino Página/12, sugerindo que se estabeleçam algumas normas que permitam àqueles que trabalham com a responsabilidade da informação um necessário cuidado com a linguagem.

Sandra lembra que a reflexão consta de consagrada letra do músico colombiano Andrés Landera, cujo título é bastante eloqüente: “O que acontecerá quando o negro for belo?”. O questionamento de Landera é pertinente face à enorme quantidade de conotações pejorativas, depreciativas e discriminatórias que nos proporciona a fala quotidiana para nos referirmos ao negro.

Os negros são aqueles que têm a pele da mesma cor que tudo o que nos espanta. Qualquer dia da semana inocente se assenta na catástrofe ou na tragédia quando se lhe agrega o adjetivo “negro”, como: “uma quarta-feira negra para as bolsas”. O negro, como a esquerda, diz Sandra, foi deslocado na língua para zonas obscuras e miseráveis. O branco conota pureza o negro trás a idéia de sujeira.

Enquanto o branco é o vestido da noiva, negras são as vestes da viúva. Do mesmo modo, atuar pela esquerda é fazer trapaça, corromper-se, delinqüir. Ir pela direita, em troca, é ser frontal, ter coragem, paciência, moral. E a historia ocidental está escrita por uma mão branca.

É compreensível o pipocar de alegria com a eleição de um afro-americano. Boa ocasião para rever as costuras da nossa língua. Mas, Colin Powell e Condoleeza Rice foram negros aceitos por esquecerem quem eram. Melhor torcer por Obama pelo que prometeu fazer. Não por sua negritude.
"Obama deve fechar Guantânamo. Deveria proibir publicamente a tortura" (Irene Khan)

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, deveria retirar o embargo comercial contra Cuba, disse Irene Khan, Secretária-geral da Anistia Internacional, na última sexta-feira, 7/11. Para ela, essa mudança na política de Washington pode ajudar Obama a restaurar a autoridade dos EUA, prejudicada pela administração do presidente George W. Bush.

"Nós gostaríamos que o presidente eleito Obama retirasse o embargo contra Cuba, (embargo) que acreditamos não estar contribuindo com os direitos humanos”, disse Khan. Ela também pediu o fechamento do centro de detenção de Guantânamo, em Cuba, onde centenas de supostos membros da Al Qaeda e do Taliban são mantidos presos sem culpa formada e sem defesa, há sete anos.

Em 29 de outubro, a Assembléia Geral da ONU aprovou, pela 17ª vez, uma resolução que pede o fim do embargo econômico e comercial imposto há quase meio século pelos EUA contra Cuba. Dos 192 países que integram a ONU, 185 países votaram a favor, apenas Estados Unidos, Israel e... Palau (?) foram contra. Outros dois países (países?) se abstiveram: Ilhas Marshall e Micronésia.

Pelo que manifestam a ONU, a Anistia Internacional e, agora, as novas gerações de cubanos que moram na Flórida, o mundo espera de Obama o fim do insano bloqueio. E que feche a prisão de Guantânamo, onde centenas de homens são torturados, sem direito a um julgamento justo.

A eleição de Obama representa uma esperança. Entretanto, declarações da sua equipe de transição, nesta terça-feira (11/11), de que está “em estudo” uma maneira, porque fechar Guantânamo “é complicado”, frustra essa esperança de uma nova atitude em Washington.

Vale do Rio Doce licencia usina a carvão na Amazônia em região intensamente desmatada.

Termelétrica para abastecer o pólo siderúrgico de Carajás emitirá 2,2 milhões de toneladas de gás carbônico por ano. O Projeto contribui para sujar a matriz energética brasileira e deve minar o plano do Serviço Florestal Brasileiro de reflorestar em grande escala na região, intensamente desmatada. A informação é da jornalista Afra Balazina, da agência Reuters, nesta quarta-feira, 12 de novembro.

A emissão de CO2 da usina equivale a 3,6% das emissões de todo o setor energético brasileiro. Segundo Tasso Azevedo, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, a criação da usina amplia o uso do mais sujo dos combustíveis, o carvão mineral. Para ele, poderia ser usado carvão vegetal, por meio do plantio de novas florestas. E, ao mesmo tempo, recuperaria áreas hoje degradadas.

A opção pela termelétrica parece contrariar o discurso de sustentabilidade da empresa. Em seu site, a Vale explica suas "diretrizes corporativas sobre mudanças climáticas e carbono". Entre elas estão "promover a eficiência energética e a redução do consumo dos combustíveis fósseis".

Lucro fácil e rápido? A Vale admite que optou pela térmica para ter energia no curto prazo. "Hoje as termelétricas são a única opção viável em volume, custo e, principalmente, em prazo compatível para evitar que o Brasil corra o risco de racionamento de energia a partir de 2010."

Além de tudo, a Vale está dando sinais de que vai trazer carvão mineral não só para gerar energia, mas também para abastecer as guseiras de Carajás, o que prejudicará ainda mais o reflorestamento. Hoje, as siderúrgicas utilizam carvão vegetal, muitas vezes ilegal. Para o secretário estadual do Meio Ambiente do Pará, Valmir Ortega, cerca de 20% do carvão vegetal não tem origem legal.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Caminhos da barbárie




Amianto: uma bomba de efeito retardado (Lobby vai ao STF)

O amianto, em qualquer estágio de produção, transformação e uso, é uma substância cancerígena para humanos. Quem afirma é a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O amianto é uma fibra natural, de origem mineral, presente na produção de telhas e caixas d'água, tubos d'água e vasos, na indústria têxtil, de papéis e papelões.
Entre as doenças relacionadas ao amianto estão: a asbestose (doença crônica pulmonar de origem ocupacional), o câncer de pulmão e do trato gastrointestinal e o mesotelioma. São doenças progressivas, irreversíveis, de difícil tratamento e que, na maioria das vezes, levam ao óbito.

Esta base científica levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a dar parecer favorável à Lei Estadual 12.684, do estado de São Paulo, que proíbe o uso do amianto em qualquer instância. A lei estava suspensa por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Com base nisso, os técnicos do governo estão promovendo este mês, no Estado, uma fiscalização intensa, visitando cerca de 40 empresas.

Além de fiscalizar, a ação também vai coletar dados sobre as pessoas contaminadas. Como a contaminação por amianto tem um intervalo de até 30 anos para se manifestar, autoridades da Vigilância Sanitária acreditam que temos hoje apenas sub-notificações dos casos.

As pessoas estão morrendo por conta dessa exposição. Por outro lado, existe um poderoso lobby dos fabricantes para a manutenção do uso do amianto. A empresa Eternit comanda o lobby. Na tropa de choque parlamentar, os senadores Demóstenes Torres, do Demo, Marconi Perillo, do PSDB e o deputado Carlos Leréia, do PSDB. O interlocutor no STJ é o ministro Gilmar Mendes.

“Tortura nunca, nunca mais” (senadora Marina Silva).

Estamos assistindo a uma discussão dentro do governo a refletir o que acontece no âmbito da justiça. Por mais que se considere a múltipla coloração ideológica dentro do governo, esta dificuldade é reprovável. O governo tem a atribuição institucional de esclarecer as demandas da sociedade e apontar as soluções cabíveis, em vez de exibir publicamente graves diferenças internas.

Trata-se da questão levantada sobre a amplitude de cobertura da Lei da Anistia. Para uns, ela foi o instrumento de “harmonização”, a fazer com que a sociedade passasse a lamber suas feridas e sepultasse graves fatos do passado. Para outros, a via legal para identificar e anistiar os crimes estritamente de caráter político durante a ditadura militar. Não o terror covarde sob o manto oficial.

No primeiro grupo, fazendo coro com torturadores já identificados, como Brilhante Ustra e Audir Maciel, ex-comandantes de órgãos repressores da ditadura, estão alguns militares e o ministro Nelson Jobim. E, agora, a Advocacia Geral da União e o ministro Gilmar Mendes.

No segundo grupo, o entendimento é de que a Lei da Anistia é bem clara quanto à tipificação do crime de natureza política. Estariam fora do seu alcance os crimes de lesa-humanidade, que são imprescritíveis, conforme definem as organizações jurídicas internacionais multilaterais. Como diz a senadora Marina Silva: “Algo essencial à condição humana é violentado na pessoa sob tortura”.

A Secretaria Especial de Direitos Humanos e o titular do Ministério da Justiça, agora reforçados pela Ordem dos Advogados do Brasil, repelem, com razão, a tese dos torturadores. Senão, restaria esgarçado o tecido da história pátria que serve de base à formação das gerações futuras.



Estudo vincula gravidez na adolescência à programação de TV

A exposição a determinadas formas de entretenimento pode causar uma influência corruptora para as crianças e leva adolescentes que assistem a programas de TV sensuais ousados – como os reality shows e comédias – a engravidar mais cedo. É o que revela pesquisa do instituto RAND, centrado em 23 programas de TV aberta e a cabo populares entre os adolescentes dos Estados Unidos.

"O conteúdo de televisão raramente enfatiza os aspectos negativos do sexo, ou os riscos e responsabilidades que ele envolve. (...) Raramente se refere ao risco de gravidez ou de doenças sexualmente transmitidas", disse Anita Chandra, cientista do comportamento e diretora da pesquisa da RAND, de Chicago (EUA), uma organização sem fins lucrativos.

O fato vem justificar uma sábia preocupação dos constituintes brasileiros de 1988, inserida no art. 221: “A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atendam aos princípios da preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas...”.

O lamentável é que qualquer iniciativa que tenha a preocupação de regulamentar o princípio constitucional esbarra nos interesses comerciais dos meios televisivos a pressionar o Congresso Nacional. Os argumentos falaciosos de “cerceamento do direito de expressão” e de “controle estatal” são facilmente empunhados por parlamentares submissos ao poder da mídia.

Assim, são restringidas, na prática, as prerrogativas constitucionais da sociedade de opinar sobre a qualidade da programação televisiva em nosso país. Prerrogativas que são legítimas e justas pelo fato de terem os meios televisivos o caráter de concessão pública, sujeitas ao interesse social.
.
Dados do Blog Horizonte Vermelho

O Manifesto