segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

UM TERRAÇO

Uma locação, muitos enredos. Cada um, uma história para se contar. De vivência, de vida, de relação com o tempo, com os seus, com os outros. Mundos de muita afinidade, de muita diversidade. Mesmos caminhos, outras estradas, veredas e travessias. Caminhos que convergem e se cruzam, outros que se afastam. Ora com, ora sem esperança de volta. Falo em volta física. Pois Lourdes, Deodécia, Milton, em sentimento, jamais se afastam de nós.
Estão sempre presentes as histórias de sofrimento, de superação, de alegria permanente em Deó, sua virtual doçura e o sabor real do doce que nos ofertava; o desapego de Lourdes, quase adolescente, ao juntar sua vida a de um viúvo e sete filhos, a mais velha cinco anos mais jovem que ela, a mais nova ainda de colo; que dizer do "olhar terno e penetrante" que Kilda observa em Milton, não é o mesmo que cativou por toda sua vida a amizade e admiração de quantos o conheceram?
O próprio terraço, onde tomaram o café de Lourdes desde governadores, senadores da república, autoridades e, também pessoas simples de Espírito Santo, depois Tabira. Viajantes que ali paravam seus carros por confundirem com o hotel do lugar, recebidos com a mesma hospitalidade.
Velhas lembranças, novas saudades.

texto: Sidnei Pires
1ª foto: Leila Jinkings
2ª foto: arquivo Kilda Mascena

quarta-feira, 30 de março de 2011

Reforma da Mídia - #episódio 3 da Série Reformas Democráticas



No terceiro vídeo da série Reformas Democráticas você vai saber por que os meios de comunicação estão nas mãos de poucas famílias, o papel da internet na democratização da comunicação e o que propõem aqueles que defendem uma mídia livre. Produzida pela equipe do Vermelho, a série conta com seis vídeos temáticos sobre as reformas estruturais necessárias para que o Brasil continue se desenvolvendo e avance nas mudanças.

terça-feira, 29 de março de 2011

Nova guerra fria em múltiplos palcos.

Nova guerra fria em múltiplos palcos.

Em nada interessa à “comunidade internacional” qualquer solução que dê aos países árabes, soprados pelos ventos da insurgência, a possibilidade de governos avançados no rumo da Democracia. Surpreendido no Egito e na Tunísia, o Ocidente (chamemos assim as forças que há tempos se habituaram a uma relação colonial com os povos do Oriente Médio) perdeu o controle do processo de queda das respectivas ditaduras. Agora, recomposto do susto, cuida de assumir o controle da nova situação. Além dessa, novas tarefas se impõem: há outros ditadores também em perigo.

Na Líbia, em adiantado estado de insurgência, a oportunidade de se livrar uma liderança não confiável, embora aliada. Inda mais por ser hostil a Israel. Diferente, neste aspecto, das outras ditaduras que, como o Egito e a Arábia Saudita, garantem ao Ocidente o controle da Região. Melhor ainda: relacionam-se bem com o governo belicista de Netanyahu. Ao afastar Gaddafi, o Ocidente, sob a liderança dos EEUU, quer garantir, a um só tempo, a estabilidade do mundo árabe e seu controle sobre ele. Em jogo, uma geopolítica mega-produtora de petróleo. E a distribuição de bases militares da OTAN.

E como fazer com a rebeldia popular que começa a tomar vulto, contrariando a boa paz nas demais ditaduras amigas? Na última semana, a Arábia Saudita encontrou a fórmula: os ditadores reúnem suas máquinas de guerra e tratam de extirpar coletivamente os tumores, onde eles estiverem. Foi assim que o ditador do Bahrein conseguiu forte repressão contra manifestantes desarmados. E o Ocidente nem precisa manchar as mãos de sangue. Apenas uma hipócrita vista grossa aos massacres que têm veementes protestos de significativas lideranças religiosas e políticas regionais.

E o que leva o Ocidente a apoiar massacre de ditadores contra seus povos? Ou a imobilizar, pela força, um ditador-problema, arrasando a infra-estrutura do seu país? A forjar uma confusa autorização no Conselho de Segurança da ONU, usada como instrumento de morte de civis, justamente o objeto de proteção que teria motivado a resolução da ONU? Robert Fisk, no The Independent¹, lembra que está em curso uma “extraordinária tempestade que varre a região, o espetacular despertar de um mundo árabe”. Uma tempestade que não interessa ao sionismo belicista de Israel nem à avidez do Ocidente pelo controle da geopolítica médio-oriental. Tampouco interessa aos velhos ou novos ditadores.

Mais aqui, menos acolá, não para de ventar. Na Arábia Saudita, no Bahrein, na Jordânia, Iêmen, Kuwait, Qatar. Ventos de matizes ideológicos diferentes, todos, porém, com cheiro forte de Democracia. Não importa o esforço da diplomacia ocidental em tentar desviá-los, como vem fazendo, ao tentar jogar sunitas contra xiitas, tribos contra tribos, árabes contra árabes. Os árabes sabem que os exércitos estrangeiros que invadem a Líbia, que destroçam o Iraque e o Afeganistão, que mantêm um gueto na Faixa de Gaza, não estão lá para defender o povo árabe.

Há, ainda, uma questão iraniana: independentemente de sua relação com o poder, quando a juventude do Irã, reunido na Praça da Liberdade em Teerã, louva sua luta por Soberania², o faz com slogan muito emblemático: “morte aos EEUU!” Significa repúdio ao intervencionismo estrangeiro. Não é outro o sentimento do jovem professor quando sugere: “alguém deveria lembrar ao Sr. Obama que ele não foi eleito presidente do mundo”. O Líder Supremo do Irã, Aiatolá Seyed Ali Khamenei, promete: “Os EUA continuarão a ser derrotados”.

E não é diferente o sentimento em outros terreiros médio-orientais. Jovens palestinos sentem-se ultrajados pelo roubo de terra que Israel pratica, para construir colônias exclusivas para judeus, na Cisjordânia. São sentimentos indicativos de que qualquer resultado da atual tempestade que agita a juventude árabe significará dificuldade para EEUU e seus aliados. Neste cenário Kaveh L Afrasiabi, do Asia Times Online² não vê qualquer sinal de acomodação entre os interesses em disputa. Afrasiabi acredita, com razão, que “se arma nova guerra fria a ser disputada em múltiplos palcos em todo o Oriente Médio”.

(1)http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fisk-right-across-the-arab-world-freedom-is-now-a-prospect-2248975.html

(2) http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MC24Ak02.html



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A vaca sorridente*

“O Ocidente ficou ao lado do líder quase até o final, apesar de o déspota ter transformado seu país em um Estado policial e saqueado sua economia.” Quem reconhece é a conservadora revista alemã Der Spiegel, de maior tiragem europeia, em matéria da semana passada sob o título “Egito: Ocidente perde seu tirano favorito”. A palavra Ocidente aí é utilizada para definir os interesses dos países ocidentais, sob a liderança dos Estados Unidos. Um poder que envolve as grandes corporações, entre elas, os detentores dos meios de comunicação. É por isso que somente depois da queda iminente e inevitável de Mubarak é que o mundo ocidental ficou sabendo que o Egito era uma longeva ditadura.

A fidelidade ao acordo feito com Israel e sua influência sobre o mundo árabe fizeram de Mubarak o queridinho de “presidentes americanos, chefes de Estado franceses, primeiros-ministros britânicos” e “os políticos mais importantes de Berlim.” Para o chanceler Gerhard Schröder o ditador egípcio era “um conselheiro particularmente importante”. Em março de 2010, ele foi recebido pela chanceler Angela Merkel em Berlim. Quando trataram sobre direitos humanos “nunca foi além de um diálogo cauteloso”, diz Der Spiegel.

Na mesma linha de raciocínio, Kenneth Maxwell, colunista da Folha de S Paulo, lembra, com oportunidade, famosa frase do presidente Franklin Roosevelt, em 1936, sobre Anastasio Somoza, por muito tempo ditador da Nicarágua: "Somoza pode ser um filho da puta, mas é n o s s o filho da puta". À época, frase tinha a virtude de sumarizar a política de Roosevelt com relação à América Latina. “Mais tarde, durante a Guerra Fria, essa postura se tornou comum”. E não difere da postura atual: Foreign Policy, desta quinta-feira, ironizou editorial do Wall Street Journal, para quem "ditadores pró-Estados Unidos têm mais escrúpulo moral".

Segundo Maxwell, Mubarak era visto como um baluarte dos interesses estadunidenses “e como fiel da paz com Israel. Auxiliou os Estados Unidos na primeira Guerra do Golfo Pérsico e na reconquista do Kuwait depois da invasão do país pelo Iraque de Saddam Hussein. Como resultado, o Egito teve US$ 14 bilhões em dívidas perdoadas pelos Estados Unidos e pela Europa”. Segundo Der Spiegel, Mubarak há muito é considerado um tirano. “Ele transformou seu país em um Estado policial. Mais de 1 milhão de informantes, agentes e policiais supostamente mantinham a população de mais de 80 milhões sob vigilância.”

Em entrevista a Amy Goodman, do Democracy Now, nesta quinta-feira, o linguista estadunidense Noam Chomsky revela o comportamento dos Estados Unidos ante os atuais movimentos no mundo árabe. Para ele, Washington segue manual tradicional: continuar apoiando seu aliado até o limite possível e “se ele se tornar insustentável, dar um giro de 180 graus, incorporar-se ao novo poder e restaurar o velho sistema de interesses. Para isso, os Estados Unidos contam com um poder “constrangedor”. Segundo Chomsky, depois de Israel, o Egito é o país que mais recebe ajuda militar e econômica de Washington.

Em declarações ao Herald Tribune, em 15/02/2011, Jonas Gahr Store, ministro das Relações Exteriores da Noruega, declarou que “as políticas do Ocidente para o Oriente Médio precisam responder ao fato de que o futuro da região será cada vez mais moldado pelas vozes de uma sociedade civil jovem e pluralista”. Mesmo caminho que traça Maxwell sobre o futuro da região: “Ninguém sabe quais serão as consequencias das revoluções populares que varrem o Oriente Médio. A esperança é a de um futuro mais democrático, mais aberto e mais esclarecido. No entanto, uma coisa é certa, diz o colunista, “caso isso aconteça, não terá sido graças àqueles que passaram 30 anos percorrendo o caminho da conveniência dos Estados Unidos”.
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(*) “Vaca sorridente”, apelido que Mubarak recebeu pelo sorriso que costumava exibir atrás do ex-presidente egípcio Anwar al Sadat. Mubarak se tornou rapidamente um líder poderoso após o assassinato de seu antecessor em outubro de 1981.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Outra tarefa para Lula


Nada do que será dito aqui terá qualquer nível de dificuldade para sua comprovação. Basta consultar fontes confiáveis e fazer a leitura crítica da mídia especializada. Consultar especialistas sem nenhum tipo de compromisso com as paixões político-partidárias. Há alguns. Por isso, por haver, na qualidade de estudante de Jornalismo, pesquisado o tema, tomo mais uma vez a liberdade de sugerir ao ex-presidente Lula que, de mãos livres e de sentimentos livres, desmitifique o lugar-comum que a mídia e a oposição plantaram em mentes acríticas ao alardear que o governo Lula foi uma continuação do governo anterior.

Em março de 2009, o editor Fareed Zakaria, da revista britânica Newsweek¹, dizia ao presidente brasileiro ser ele “provavelmente o líder mais popular no mundo”. E perguntava: “Por quê?". Lula respondeu: "nós tentamos provar que era possível desenvolver crescimento econômico simultaneamente com melhora na distribuição de renda". Essa é provavelmente a grande diferença do Brasil de hoje para o Brasil de ontem, o Brasil do FMI. E qual será este Brasil do FMI?

Ainda no primeiro mandato FHC, quando o real, a moeda brasileira, estava indo pelo ralo, Clóvis Rossi, repórter especial da Folha de S Paulo, perguntava por e-mail² a Jeffrey Sachs, atual diretor do "Instituto da Terra" da Universidade Columbia, de Nova York, que “já foi considerado, pela revista Time o economista mais influente do mundo”, se ele concordava que o real estava derretendo. Ao que Sachs respondeu, quase que imediatamente: "Quando você receber esta mensagem, (o real) já terá derretido".

“Foi por pouco, muito pouco” (que não derreteu), comentou Rossi. Embora a hipocrisia militante antilulista do jornalismo brasileiro, em especial o da área econômica, tenha ocultado o fato por três períodos eleitorais (2002, 2006 e 2010), todos sabemos que Bill Clinton fez aportar em nosso tesouro um pacote de 45 bilhões de dólares. Pacote que salvou o segundo mandato do seu leal amigo FHC e manteve afastado um perigoso “malfeitor”, de nome Lula da Silva. Ao mesmo tempo, escancarou nosso Tesouro ao comando do FMI.

Repete-se acriticamente que os fundamentos da economia no governo Lula foram herdados do segundo mandato de FHC. Um mandato totalmente monitorado pelo FMI. De positivo, o fim da farra irresponsável do compadrio com a “livre iniciativa” do primeiro mandato. Compadres ganharam bancos e empresas públicas, empresários amigos se locupletaram do dinheiro público, na farra das privatizações. 27 CPIs foram abafadas no Congresso Nacional. O FMI, claro, agia para proteger seu rico dinheirinho, cada vez mais engordado por juros estratosféricos. Ficou para Lula, no entanto, a dica da proteção da poupança nacional. O resto desta história o mundo, hoje, conhece muito bem.

Agora, num campo mais pedagógico, passadas as paixões do processo eleitoral, cabe analisar uma carta aberta³ que o professor Theotonio Dos Santos enviou ao ex-presidente FHC em resposta a outra carta aberta deste ao então presidente Lula. Era véspera da eleição e os marqueteiros tucanos insistiam em ocultar dos seus eleitores a era e a figura de FHC. Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimento sustentável. Foi companheiro de FHC e Serra no exílio chileno dos anos 60.

“Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo.” (...) Inflação das mais altas do mundo... A crise de 1999, fruto de irresponsabilidade cambial eleitoreira suicida (um dólar = um real, lembra?)... A dívida pública brasileira passou dos 60 bilhões de reais para 850 bilhões de reais...”

Disse mais o professor Santos: “Nem falar da brutal concentração de renda que (sua) política agravou drasticamente neste país da maior concentração de renda no mundo... Um fracasso econômico rotundo... Uma dívida sem dinheiro para pagar”. Enfim, mais informações ao ex-presidente Lula, a quem cabe desmascarar o mito de um plano real na verdade fracassado, mas alavancado na hipocrisia da imprensa brasileira, a serviço de um duvidoso projeto tucano, sustentado em suspeitas alianças internacionais e nacionais.

http://www.newsweek.com/2009/03/21/lula-wants-to-fight.html (1)

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u659708.shtml (2)

http://theotoniodossantos.blogspot.com/2010/10/carta-aberta-fernando-henrique-cardoso.html (3)



(Twitter: http://twitter.com/sidneiliberal)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Uma tarefa para Lula

Uma tarefa para Lula

Lula não deixará a política. Nem tem este direito. A política brasileira já não prescinde da sua presença. Fica menor. Agora, mais livre, ele poderá enfrentar questões que a liturgia do cargo que até aqui ocupava lhe impedia de enfrentar. A começar pelo “mensalão”, termo usado pela maléfica “genialidade” marqueteira de Roberto Jefferson e habilmente consagrado pela oportunista mídia nacional, ávida por um grave tropeço de Lula que lhe impedisse a reeleição. Não é demais nem se configura uma indelicadeza tentar oferecer-lhe algumas reflexões que a observação crítica e pretensiosamente fértil de um estudante de jornalismo pôde amealhar. Principalmente em tempos de vacas magras para o Jornalismo, cada vez mais subordinado aos interesses imediatos dos donos de jornal.

O termo “mensalão”, com seu significado de quantia supostamente paga mensalmente, ou com outra periodicidade, a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do poder executivo, tem por origem a compra de votos de deputados resistentes a votar a emenda que deu ao presidente FHC a oportunidade da reeleição. Caso comprovado à época por confissões públicas dos próprios beneficiários. Embora diferentes, nem um nem outro fato é mais nem menos condenável do que o outro. Os procedimentos que envolveram deputados da base de apoio ao presidente Lula, alguns do seu próprio partido, têm relação com diversas formas de financiamento de partidos e candidatos diante do processo eleitoral. Foram chamados de “mensalão”, embora nenhum dos fatos relacionados em processos próprios tivesse pagamentos parcelados, mensais ou não.

A diferença serve apenas para mostrar o nível de envolvimento político da grande mídia, que, mesmo ciente da sua impropriedade, resolveu adotar o termo jocoso de Jefferson. Apesar de o deputado ter tido seu mandato cassado justamente porque a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados não acolheu sua tese do “mensalão”, atribuída ao seu acuamento por ter-se envolvido pessoalmente com corrupção nos Correios. Os resultados da CPI, encaminhados pelo Ministério Público Federal ao Supremo, resultou no indiciamento de 39 pessoas, entre as quais sete são deputados filiados ao partido do presidente Lula. A maioria das “provas” é fruto do denuncismo oposicionista e forte alarido midiático.

Os recursos do “mensalão” são, na realidade, o tradicional caixa 2, consagrado pela prática deletéria dos partidos brasileiros. Há os recursos de origem conhecida, mas não declarada por grandes doadores, por conveniências suspeitas ou injustificáveis. Aqueles que têm origem em contratos com práticas de superfaturamento de obras, prática que coloca as grandes construtoras entre as instituições corruptoras mais visíveis. Odebrecht, Camargo Correa, OAS... A Alstom, processada por práticas nocivas em alguns países europeus, foi importada para o Brasil pelo governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB). Produziu algumas contas em bancos suíços. Outros têm origem em operações sofisticadas casadas com instituições oficiais ou mistas. Como as que supostamente foram comandadas por Marcos Valério, desde a eleição de Eduardo Azeredo (PSDB) para o governo de Minas Gerais. Retomadas no “mensalão”.

A ainda suposta participação de alguns petistas, e outros da base de apoio ao governo Lula, não dá razão a nossa mídia de alardear que o governo e o PT foram levados às barras da justiça. Nem que o PT transigiu com sua tradicional postura de defensor da ética. Por quê? Porque o governo Lula é muito maior que uma meia dúzia de supostos transgressores da boa prática republicana. Porque o PT é muito mais que meia dúzia de envolvidos: São mais de 900 mil filiados que continuam a encontrar no seu partido o espaço de sua militância ética. Coisa de dar inveja a outros partidos, principalmente do campo oposicionista, de pífia ou nenhuma capacidade política militante.

Esquece ou omite a nossa mídia que os fatos chamados de “mensalão” vieram a público por iniciativa de instituições do próprio governo. Polícia Federal, Ministério Público, Controladoria Geral da União, são órgãos federais que deram transparência à administração Lula. Que mostraram e tomaram a s providências que deveriam ser tomadas. Diferentemente de governos anteriores, campeões de CPIs engavetadas, de escândalos jogados para baixo dos tapetes do Planalto. Uma história que merece uma melhor apuração, longe das paixões militantes da mídia decadente e da indigente oposição brasileira. Uma tarefa para Lula, agora livre. Mãos livres, sentimentos livres.


Sidnei Liberal

O Manifesto