segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fanfarronices

Ministro fanfarrão
A concorrida posse do novo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, foi uma festa para a mídia e para as oposições que enxergaram em seu discurso um puxão de orelha no governo e a abertura de uma nova trincheira contra o presidente Lula. A mesma mídia e a oposição, que por vezes se confundem, fazem de conta que a fanfarronice do ministro é uma vestalina preocupação de um novo herói, ao estilo “caçador de marajás”, de Collor, que desembarca na corte para cuidar bem da coisa pública.


A identidade da fala novo presidente com a mídia começa com a criminalização dos movimentos sociais, com ênfase para o MST e respingo nos estudantes de São Paulo e de Brasília. Com a oposição, uma identidade mais antiga. Ele cospe no prato que comeu, ao reclamar de algumas práticas nada diferentes das do governo anterior. Como se sabe, o ministro-presidente serviu com desvelo na Advocacia da União do governo tucano e, por isso, foi elevado à categoria de ministro. Não consta que, como membro do governo FHC, o novo “paladino” da República tenha feito o menor esforço contra o excesso de medidas provisórias que somente agora, no governo Lula, vê imobilizar o legislativo.

Independentemente de seus eventuais méritos, a eleição de Gilmar seguiu a tradição da Casa de eleger quem ocupa a vice-presidência, segundo a edição 512 de revista “Época”. Acusado de participar das famosas “blindagens” durante o governo FHC, o ministro causou grande polêmica no Supremo com procuradores da República quando da sua intervenção em defesa de seus ex-colegas do governo, o ministro Raul Jungmann e outros, todos respondendo por lesão ao patrimônio público e à probidade administrativa. Na pauta imediata do Supremo, agora sob presidência correligionária tucana, serão julgadas matérias de interesse político do PSDB contra o governo Lula. O próprio ministro é o relator.

General falastrão.
Não menos fanfarrão, um aloprado general Augusto Heleno, bramindo loas preconceituosas sobre a questão indígena, que tratam os índios como cidadãos de segunda classe, e delirando paranóias sobre a segurança nacional, vem destilando aleivosias contra a acertada política indigenista oficial. Lançados no mercado os papeis de uma falsa crise militar, verificou-se uma frenética corrida de investidores, entre civis antilulistas e milicos de pijama, alguns quase mumificados, ou dirigentes de empoeirados clubes militares. Para Janio de Freitas, em sua coluna na Folha de S. Paulo desta quinta-feira, os papéis têm muito mais aplicadores civis do que supõem os otimistas da Democracia.


Teme o experiente jornalista que, ante tal iniciativa incendiária dos comandos do demo-tucanato, a oposição ao governo se confunda com oposição à ordem institucional. “No mínimo, é um ato irresponsável de desespero... incapacidade de encontrar políticas inteligentes de oposição”, diz Janio. Somente a irresponsabilidade justifica a oposição tucana à iniciativa do atual governo sobre a homologação da reserva Raposa Terra do Sol, vez que ela foi uma decisão do governo FHC, precedida de quase trinta anos de discussão democrática entre os setores envolvidos. Só a posição do tinhoso Demo é justificada, por sua origem histórica de escora política da ditadura militar.

Jânio identifica a “figura polêmica” do general com a velha linha dura. E revela que durante as investigações que levaram à condenação o famoso ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, cerca de 100 telefonemas de “Lalau” foram para o general. Em 2004, o general assumiu o comando das tropas da ONU no Haiti. Nove meses depois, diz Jânio, foi lançado nos EUA e na Suíça o relatório "Mantendo a paz no Haiti?", do Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard, com críticas severas envolvendo o comando do general brasileiro. As tropas da ONU davam cobertura à campanha de terror da polícia nas favelas de Porto Príncipe. E violações de direitos humanos eram praticadas pela própria tropa.

Ao tempo em que atrai insolentes, quase ingênuas, manifestações “patrióticas” em nome do “sagrado dever de defender a soberania e a integridade do Estado brasileiro”, o general protege, na realidade, os interesses de meia dúzia de arrozeiros ilegais, grileiros das terras da União. Tem razão Francisco Loebens, do Conselho Indigenista Missionário: a não demarcação é “uma estratégia ardilosa de condenação dos índios, para confiscar-lhes suas terras”. “Não difere muito da forma utilizada durante o período colonial, quando, para justificar a chamada “guerra justa”, se acusava os índios de praticarem delitos, toda vez que existia o interesse de avançar sobre suas terras e de buscar mão-de-obra escrava”. [1]


Diferentes visões sobre o Tibete
A mídia ocidental quer apresentar os tumultos do Tibete como insurgência espontânea de uma população submetida a anos de opressão religiosa e cultural por um regime impiedoso. Não é a opinião que os repórteres do “Financial Times” (FT), Richard McGregor e Jamil Anderlini, colheram dentro da China, onde se sabe que os manifestantes tibetanos são manipulados pelo dalai-lama para tentar dividir o país. Na opinião do FT, que entrevistou, entre outros, cidadãos chineses instruídos, artistas e empresários bem-sucedidos de Pequim, este conflito de opiniões ameaça prejudicar as Olimpíadas 2008 de Pequim.


Na Universidade Renmin, por exemplo, a convicção é de que a China, passados os primeiros anos de regime comunista, fez grandes esforços para desenvolver o Tibete e garantir liberdade religiosa. E que os países ocidentais preferem ignorar esses avanços, favorecendo uma visão "romântica" de remoto reino no Himalaia. A posição nada romântica do governo, que considera o dalai-lama um "monstro de face humana e coração de animal", não parece exagerada aos chineses entrevistados. Para eles, enviar o exército foi "a única reação" possível.

Mais grave é a denúncia do escritor estadunidense Gary Wilson. Em dois artigos recentes (“Por Trás da Campanha Anti-Olimpíadas na China” e “O Tibete e a Celebração do Levante da CIA”), ele revela que o que hoje ocorre no Tibete vem sendo preparado há tempo. Segundo Wilson, o “Movimento Popular pelo Levante do Tibete”, com foco nas Olimpíadas, marcou para 10 de março a data inicial do levante, em cuja preparação houve grande movimentação entre o embaixador estadunidense na Índia e o dalai-lama. Wilson revela ainda uma intensa participação de membros da CIA, a atenta inteligência dos EUA, no caso.

Some-se a isso o papel exercido pela NED, National Endowment for Democracy, agência de apoio ao expansionismo dos EUA, no financiamento do grupo do dalai-lama e de outras organizações tibetanas no exílio. A NED também é importante base de apoio financeiro, em diferentes regiões do planeta, ao grupo Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Não sem razão, muitos protagonistas dos atos que marcaram o acendimento da tocha, na Grécia, e outros episódios de seguimento do símbolo olímpico por outros países, têm sido identificados pela polícia como cidadãos ligados à RSF. Esses fatos, somados às informações do jornal inglês “Financial Times”, ajudam a desmistificar a ingênua “visão ocidental” do Tibete.

BRINDE: DE CHICO BUARQUE, TANTO MAR E A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"Eu tenho um sonho" (Martin Luther King)

40 anos sem Martin Luther King (pequena homenagem)

A quatro de abril de 1968, o mundo perdeu um dos mais célebres lutadores contra a desigualdade étnica e racial. Nascido no centro do capitalismo mundial, o pastor batista Martin Luther King foi o porta-voz de milhões de negros, denunciando que a liberdade e a riqueza propagadas com alarde pela potência econômica só chegava para os brancos. Luther King destacou-se a partir de 1955, como defensor de Rosa Parks, uma negra que foi presa por se recusar a ceder seu lugar em um ônibus para uma mulher branca. Em 1964, com 39 anos, tornou-se o mais jovem vencedor do Prêmio Nobel da Paz. Mártir na luta pelos direitos civis. Grande orador, Luther King se caracterizou pela forma pacífica de fazer luta política.

Em famoso discurso, “Eu tenho um sonho”, Washington, 1963, King denunciava que 100 anos após o fim da escravidão nos Estados Unidos, os negros continuavam “a viver numa ilha isolada de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material”. Porém, tinha sempre presente esperança na superação da sociedade desigual. No mesmo discurso, disse que em seu sonho seus “quatro pequenos filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu caráter”. King foi assassinado com um tiro, na cidade de Memphis, sul dos EUA. “Se você não está pronto para morrer por alguma coisa, você não está pronto para viver". Dizia King.
[1]

Secos e molhados do “Correio Brasiliense”

A bem-vinda mobilização estudantil em Brasília – esquentando as comemorações dos quarenta anos do ano de 1968 (o ano que não terminou) – ofuscou um pacote que o Correio Braziliense (CB) deste domingo publicou para tentar turbinar a moribunda CPI da tapioca. A morte da menina Isabela, transformada em show por nossa imprensa tupiniquim, também contribuiu para a pífia exposição do aloprado pacote. O cozidão, ao pior estilo Veja, incluiu desde certezas sobre coisas que os cânones jornalísticos aconselham tratar como suposição até elucubrações de “analistas”, com analogias de práticas do governo atual com as que seriam adotadas pelo governo Putin ou por míticas autocracias passadas.

Como se a elaboração de dossiê nos últimos tempos fosse uma prática exclusiva da situação, a reportagem deliberadamente esquece que dossiês e mais dossiês têm sido os instrumentos de atentados da mídia e da oposição contra o governo desde a campanha de reeleição. A tese furada do CB é de que a coordenação política do governo preparou um dossiê com gastos do ex-presidente FHC e sua mulher, uma “bomba atômica” para intimidar o demo-tucanato. O jornal não leva em consideração e trata por “ironias” do governo o fato de que as informações que circulam, com dados tanto do atual como do governo anterior, até agora somente caíram nas mãos da oposição. Inclusive aquelas protegidas pelo sigilo.

Os autores do pacotaço do CB omitiram ainda o fato de que o presidente da OAB, a exemplo do Ministro da Justiça, declarou que não há nenhum crime em se elaborar um banco de dados ou dossiê. E que o crime é a manipulação e a divulgação de informações nele contidas. Esta interpretação, porém, é tratada com desdém pelos repórteres do CB, como “cantilena cara a Dilma Rousseff e Tarso Genro”. Essa atitude atua como blindagem aos senadores Álvaro Dias e Artur Virgílio. O primeiro confessou ter passado à revista Veja o dossiê, que tanto pode ter sido elaborado na Casa Civil como no gabinete do outro senador tucano, detentor de arquivos de sua passagem pela Secretaria-Geral na era FHC.

A primeira notícia do dossiê foi uma referência à compra de um pênis de borracha pelo Palácio do Planalto dos tempos de FHC, “para uma aula de educação sexual numa escola pública”. A notícia foi divulgada pelo jornalista João Domingos do jornal O Estado de S.Paulo, em 19 de fevereiro, e não pelo governo. Foi também da oposição a notícia de gastos sigilosos da viagem do presidente Lula aos Estados Unidos. Como foram revelados pelo próprio CB do último sábado os gastos com massagem feitos pelo ministro da Reforma Agrário do governo tucano, Raul Jungmann. A divulgação desses gastos é o crime apontado pela OAB. Outro crime é ver o Correio Braziliense entregue à mesmice do não-jornalismo.


Brasil é 2º em ranking de redução de mortalidade infantil

O Brasil ocupa a segunda posição entre os dez países que mais conseguiram reduzir o número de mortes de crianças com menos de cinco anos, de acordo com edição especial sobre as Metas do Desenvolvimento do Milênio preparada pela revista médica britânica "The Lancet". Foi de 57 para 20 a redução do número de mortes a cada mil nascimentos de 1990 a 2006. A meta projetada foi reduzir para 19 esse número até 2015. A edição especial da "The Lancet" foi elaborada com base no relatório Contagem Regressiva para 2015 - Sobrevivência Infantil e Maternal, preparado por um grupo que monitora as medidas adotadas por 68 países para alcançar as Metas do Desenvolvimento do Milênio referentes ao assunto.

Nas últimas estimativas, o Brasil também aparece em quarto lugar na lista dos dez países (entre os 68 analisados) com a mais baixa taxa de mortalidade materna. Na análise do quadro de cada país, são levadas em conta as taxas de mortalidade infantil e materna, as causas das mortes, os fatores nutricionais e a presença e cobertura de programas de saúde em áreas específicas como vacinação e atendimento pré-natal. O monitoramento é feito por representantes da Organização Mundial da Saúde, Unicef e instituições de ensino médico. É um grande avanço, mas, os índices ainda são bastante altos, cerca de três vezes maiores que os que, há muito, apresentam paises como Canadá, Cuba e Inglaterra
. [2]

[1] Leia o texto original de Vinicius Mansur, da Radioagência NP
[2] Leia matéria original da BBC Brasil/ Uol


BRINDE: S O L I D A R I E D A D E (enviado por Soho & Brighton)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Desigualdades

A igualação dos desiguais.

Pelo que disse Elio Gaspari, foi bendita a hora em que o demo-pefelê e os donos de estabelecimentos de ensino levaram ao Supremo o pleito de inconstitucionalidade para os atos que criaram o ProUni. Sem querer, levaram a discussão da legalidade de ações afirmativas baseadas em critérios de renda e de raça para o acesso ao ensino superior. Na semana passada, tomaram a primeira pancada, pelo voto do ministro-relator Carlos Ayres Britto. O ProUni troca por bolsas de estudo as imunidades tributárias dadas às universidades particulares. Coisa como 10% das vagas disponíveis. O programa já atendeu 310 mil jovens oriundos da rede pública e neste ano formará a sua primeira turma, com 60 mil bolsistas.

Há 100 mil estudantes pré-selecionados para novas matrículas. Para receber uma bolsa integral, a renda per capita familiar do candidato não pode ser superior a 1,5 salário mínimo. As vagas do ProUni também devem favorecer o acesso de candidatos afro-descendentes. A concessão de bolsas deve acompanhar os percentuais de diversidade de cada Estado. O regime de bolsas parciais segue critérios semelhantes. Os empresários do setor e o DEMO querem ver inconstitucionais os critérios alegando que eles violariam o princípio da igualdade entre os cidadãos. Britto julgou improcedente o pedido questionando em cima do nervo da questão: o que é a igualdade numa situação de desigualdade?

Diz o relator: "Não há outro modo de concretizar o valor constitucional da igualdade senão pelo combate aos fatores reais de desigualdade. (...) É como dizer: a lei existe para, diante dessa ou daquela desigualação que se revele densamente perturbadora da harmonia ou do equilíbrio social, impor outra desigualação compensatória". Diz Elio: “Em vez de tentar derrubar quem está em cima, empurra-se quem está em baixo. Tome-se o caso de dois jovens reprovados nos rigorosos vestibulares das universidades públicas, gratuitas. Um, de família mais abonada, vai para uma faculdade particular, paga. O outro iria à lona, mas, com o ProUni, vai à aula”. (Os citados “coisa ruim” vão pro inferno, digo eu). [1]

O endereço do terror

O senador por Illinois, Barack Obama, pré-candidato democrata à Casa Branca, é contrário à ratificação do Tratado de Livre Comércio assinado por EUA e Colômbia em 2006. Numa convenção de trabalhadores, na Filadélfia, o senador declarou que manterá sua rejeição ao pacto comercial, pois "A violência contra os sindicatos na Colômbia ridicularizaria as mesmas proteções trabalhistas [nos EUA] que insistimos para que sejam incluídas nesses tipos de acordos”. Os motivos e a posição de Obama em nada diferem dos que manifesta a maioria do congresso estadunidense e também justificam as pancadas que o governante colombiano recebeu do parlamento europeu, de corpo presente, no ano passado.

Neste mesmo périplo pela Europa, o presidente Álvaro Uribe também recebeu um severo puxão de orelha por manter estreitas ligações e dar guarida às diversas brigadas de paramilitares assassinas e traficantes de drogas. Mas não saiu do velho continente de mãos vazias: conseguiu, mediante uma poderosa procuração de Bush, articular-se com parlamentares fascistas italianos e espanhóis de cuja pressão resultou na indexação das tradicionalmente insurgentes Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia como um movimento terrorista. É o caso de se perguntar: com o rico perfil de Uribe, revelado por Obama, pelo parlamento europeu, pelos sindicalistas e pelo congresso dos EUA, de que lado está o terror?

Os sindicatos estadunidenses estão preocupados com a violência que vem seqüestrando e assassinando milhares de lideranças comunitárias de oposição na Colômbia. Para valer, o convênio comercial precisa ser ratificado pelo congresso dos EUA, onde a maioria democrata condicionou seu aval a uma melhora na situação dos direitos humanos e garantias sindicais. Para tentar impulsionar a ratificação, por pressão pessoal do presidente Bush, que vê o pacto comercial como uma das suas “prioridades vitais”, delegações de congressistas, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, o de Comércio, Carlos Gutiérrez, foram à Colômbia nos dois últimos meses. Não verificaram avanços nos direitos e garantias. [2]

Rastilho oportunista e perigoso

O povo tibetano acredita descender de um macaco criado pelo "Senhor que observa o mundo". O dalai-lama, como "emanação" desse macaco primordial legitimaria seu título de sumo sacerdote e monarca do Tibete. Tais razões religiosas e de identidade nacional justificariam seu retorno. Mas, tirante o clero, poucos pretendem ver restaurada a ordem social que ele regia. Na teocracia deposta pela revolução comunista de 1949, sacerdotes e nobres possuíam todas as terras e demais meios de produção. Camponeses, nômades, pequenos comerciantes e mendigos formavam minoria relativamente livre da plebe. O amo sustentava o escravo, que apenas prestava serviços domésticos. Ambos passavam sua condição aos filhos.

A lei permitia mutilações e torturas disciplinares. Deficiências de higiene e nutrição matavam quase metade dos bebês no primeiro ano de vida. Não havia escola pública. A taxa de analfabetismo chegava a 90%. Em troca de autonomia, o dalai-lama reconheceu a soberania chinesa em 1951. Mas, no contexto da Guerra Fria, a Agência Central de Inteligência (CIA), estadunidense, passou a prover insurretos tibetanos de treinamento e armas. Em 1959, o Exército chinês derrotou a rebelião que os monges ora comemoram. O dalai-lama fugiu para a Índia. A organização tibetana que o acompanhou revelou mais tarde ao "New York Times" que recebia da CIA financiamento anual de 1,7 milhão de dólares.

Com a fuga de grande parte dos budistas, o governo central colonizou a região mediante imigração favorecida de chineses de outras etnias. Nos distúrbios de março, monges budistas remanescentes e outros tibetanos hostis aos imigrantes incendiaram lojas e outras propriedades destes "estrangeiros" e do próprio governo chinês. Hoje, o dalai-lama reivindica apenas autonomia (restauração dos seus privilégios). Os que apóiam sua campanha deveriam questionar se uma eventual restauração do seu regime garantiria direitos humanos no Tibete. Ou se a estratégia de incitar tibetanos à revolta não agrava sua situação.

O governo chinês não cederá a esta nem a outras minorias étnicas. Múltiplos interesses comerciais do mundo na China, de explosivo desenvolvimento econômico, barrarão qualquer boicote à Olimpíada de Pequim. Por outro lado, outras nações mundo afora movem um dos olhos para o Tibete e outro para seus próprios movimentos separatistas, que pretendem ganhar força numa eventual contaminação do perigoso rastilho que de modo oportunista e suspeito se semeia pelo mundo. [3]

BRINDE: CURTA NOVAMENTE A BELA MENSAGEM DE PROTESTO DE BONO U2.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Framboesa de Ouro

Muito Barulho por Nada (William Shakespeare)
“Much Ado About Nothing”, filme anglo-estadunidense de 1993, baseado na peça de Shakespeare, teve direção do excelente ator e diretor irlandês, Kenneth Branagh. No elenco, consagrados atores de dois continentes: Emma Thompson, Keanu Reeves, Denzel Washington, Michel Keaton, entre outros. Indicado a premiação nos festivais de Bafta (Reino Unido), Cannes (França), Globo de Ouro (EUA), o filme foi premiado apenas no festival de Sant Jordi (Espanha). Seus produtores gastaram dez milhões de dólares para sua indicação ao Oscar de 1994, mas não teve sequer uma indicação. Pior: o ator Keanu Reeves foi indicado ao prêmio Framboesa de Ouro (EUA) na categoria de pior ator coadjuvante.


Enfim, todo o universo do filme foi um grande barulho por nada. Assim é a CPI dos cartões corporativos, que a própria imprensa, por meio da Folha de São Paulo, afirmou em tom de autocrítica: “Quando se deixou seduzir pelo apelo da tapioca de RS 8,50 do ministro, o noticiário descambou para um varejão de miudezas que pendurou nas manchetes uma penca de equívocos e injustiças”. Canto de sereia que fez com que a imprensa e a oposição trombeteassem despesas em clínicas de estética, lavanderia, agência de matrimônio, choperia, joalheria, roupa de cama. Compras de bombons, bichinho de pelúcia, produtos de beleza e cosméticos. Conserto de mesa de sinuca e cartões dados a motoboys. [1]


A autocrítica da Folha, pelo blog do Josias, registra nessa comédia shakespeariana, “o teatro das comissões parlamentares de inquérito e a inutilidade de boa parte do noticiário”. Talvez por isso, a imprensa deixou de repercutir compras de fraldas, unhas postiças, ingressos para zoológico, champanhes e outras estranhas despesas pessoais, supostamente feitas na conta B de dona Ruth Cardoso. Parte de um relatório que, hoje se sabe, foi manipulado e vazado para a revista Veja pelo senador tucano Álvaro Dias, com objetivo de atingir a ministra Dilma Rousseff. As informações foram obtidas de servidores da Casa Civil, que ali estão desde FHC, e, parece, há muito vêm municiando o frágil arsenal tucano.


Com essa performance, o senador paranaense, no papel de espião da corte, também se habilita ao próximo prêmio Framboesa de Ouro, na categoria de pior ator coadjuvante. Poderá perder para o presidente da Comissão de Infra-Estrutura do Senado, o também tucano Marconi Perillo, que aproveitou uma eventual maioria e arriscou-se a convocar a ministra Dilma para falar sobre um dos grandes adversário das oposições, o Plano de Aceleração do Crescimento. Artifício para tentar constranger uma suposta adversária dos tucanos em 2010. A molecagem revela a falta de discurso oposicionista que possa melhorar os pífios 11% de rejeição ao governo Lula, apontados pelos principais institutos de pesquisa. [2]


Os macacos da Eliane
A jornalista Eliane Cantanhêde tem tido especial interesse nos últimos anos pela observação de possíveis escorregões do governo federal. Uma prática obsessiva e epidêmica que vem atingindo grande parte das redações dos nossos mais zelosos jornalões. Quando falta o fato, inventa-se uma crise. Foi assim com o surto da febre amarela deste ano. Uma série de situações normais e cíclicas, que faz recrudescer os casos da febre em determinadas áreas rurais do país, foi transformada no caos amarelo da saúde brasileira. Alguns pacientes portadores de pequenos resfriados foram levados à condição de iminentes defuntos, vítimas da mentira amarela da mídia.


Perdeu-se mais uma oportunidade de se esclarecer à população sobre nossas principais endemias (e surtos, epidemias, pandemias). Um grande desserviço aos atônitos leitores. Numerosos macacos, hospedeiros do vírus, morreram de morte natural, como os humanos morrem. Outros, de alguma enfermidade cardíaca ou pulmonar. Alguns, por mordidas de cobras venenosas ou pelo veneno de algum agente da mídia. Todos esses defuntos, como os seres exógenos em Nova Jersey, na “Guerra dos Mundos” de Orson Welles, em 1938, a desembarcar de enormes cilindros amarelos, da cor da febre, que pousavam Brasil afora. Um prato bem servido à oposição e às redações dos principais jornalões.


Aberta toda uma avenida para uma festa a rolar sobre a desgraça do nosso povo. A conta da enorme barriga a ser lançada às costas oficiais. Ao contrário da boa norma jornalística, procurou-se ouvir apenas os “especialistas”, escolhidos por suas conhecidas oposições às autoridades sanitárias. O que menos se divulgou foi a orientação oficial, correta, dada em primeira hora. Em contrapartida, surgiu a matéria wellesiana da nossa Eliane na “Folha de São Paulo”. Para resumir, um incentivo à população para assaltar os centros de saúde em busca de vacina, de forma indiscriminada, na contramão da orientação do governo.


A rigor, ninguém deveria tomar vacina se não fosse viajar para alguma área endêmica, como se faz, corretamente, há décadas. Mesmo esses viajantes não precisariam tomar a vacina, se já o fizeram nos últimos 10 anos. Resultado: a receita da “doutora” Eliane, mimetizada por outros entusiastas colegas, produziu pelo menos uma morte e numerosos pacientes. Tamanha irresponsabilidade lembra o caso da Escola Base, em São Paulo, 1994, em que o massacre midiático continuado condenou, injustamente, 6 pessoas (proprietários, transportadores e servidores) por fantasiosos abusos sexuais em alunos de tenra idade. O clamor público resultante invadiu e destruiu o prédio e algumas vidas pessoais e profissionais. [3]


Repórteres Sem Fronteiras e o dalai-lama.
Existe uma nítida fronteira que delimita o campo de atuação do grupo RSF. Esse limite foi percebido pela própria UNESCO que cancelou seu patrocínio ao grupo por sua reiterada falta de ética em querer sistematicamente desacreditar determinados países. O RSF é ainda acusado, segundo a agência Prensa Latina, de manter estreito vínculo à Agência Central de Inteligência (CIA) estadunidense. Segundo o jornalista e escritor Jean-Guy Allard, da imprensa canadense, o grupo é financiado em parte pelo National Endowment for Democracy (NED) dos Estados Unidos. Coincidência? A mesma agência oficial dos EUA que financia o dalai-lama, seus monges budistas e grupos de tibetanos fora da China. [4]


Matando a charada: nunca se viu qualquer manifestação dos zelosos RSF que possa demonizar Tio Sam pelo genocídio do Iraque, que o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz chama de “A Guerra dos Três Milhões de Dólares”, que já matou mais de um milhão de vidas (mais de 4 mil soldados dos EUA). Eles preferem satanizar a China por reprimir ataques violentos dos “inocentes” monges de “sua santidade” lama contra prédios e instituições do governo chinês. O motivo dos monges: comemorar 49 anos de uma revolta separatista no Tibet, que o próprio líder espiritual confessou ter sido orientada e financiada pela CIA, para confrontar a revolução comunista de 1949. Se a moda pega... Ou seria para tentar apagar o brilho da economia chinesa e das Olimpíadas de Pequim? [5]


BRINDE: LIES - BUSH [*]: MENTIRAS DE BUSH SOBRE O IRAQUE – LEGENDAS EM ESPANHOL

O Manifesto