quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Uma agenda positiva

1. As consultas ao SCPC, termômetro das vendas a prazo, tiveram crescimento de 7,7%. Já as consultas ao Usecheque, tradicional termômetro das vendas à vista, aumentaram 8,1%. A Associação Comercial de SP projeta para este ano um crescimento de cerca de 6%. Para 2008, estima um crescimento na faixa de 6% a 7%.
2. Repleto de expressões reveladoras, como: “quando o Brasil cresce...”, “o ano da virada”, “país começa a colher os frutos da estabilidade”, “força da expansão econômica abre porta para vencer os gargalos”, “migração de 20 milhões (das classes D e E) para classe C”, o Correio Braziliense deste domingo, 23 de dezembro de 2007, faz desfilar importantes indicadores da chegada daquilo que nosso ansioso Presidente batizou de “o espetáculo do crescimento”.
3. No início deste dezembro gordo já se revelava que o Brasil está entre os três primeiros países em qualidade de vida e em felicidade na América Latina; que o rendimento médio real dos seus trabalhadores continuava a crescer e que o desemprego em outubro já era o terceiro menor da nossa história. Agora, segundo o Banco Mundial, o Brasil é o 6º lugar na economia mundial.
4. O Índice de Desenvolvimento Social do BNDES acaba de revelar que a diferença social entre o norte e o sul do país, em que são avaliados indicadores da educação, saúde e renda, caiu pela metade nos últimos dez anos. Com melhora expressiva da educação, notadamente pelo aumento da alfabetização e da média de anos de estudo da população. Melhor desempenho teve a renda, que cresceu 10,2%.


Venda de Natal teve maior alta em dez anos. O comércio paulista teve um Natal histórico, segundo estimativas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) com base nas consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito e o sistema Usecheque. O movimento médio de vendas cresceu 7,9% no período de 1 a 25 deste mês, a maior variação dos últimos dez anos. "Houve o aumento da oferta de crédito, (...) o aumento dos prazos de financiamento (o consumidor compra porque a prestação cabe no bolso), (...) a queda do dólar, o que barateou muitos produtos, e (...) aumento da massa salarial", avalia a ACSP.
Leia mais informações na Folha Online, de 26/12/2007.

O Brasil vai entrar 2008 com marcas admiráveis. A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, superou os 5%, dobrando em relação à média dos últimos 20 anos. O índice de desemprego baixou para um dígito e deve se situar na casa dos 8%. A renda, que decresceu até 2002, não pára de aumentar. A inflação, mesmo assanhada nos últimos meses, está abaixo do centro da meta definida pelo governo, de 4,5% ao ano. A produção industrial alcançou seu pico histórico e as vendas do comércio superam todas as previsões.

O volume de crédito destinado às pessoas físicas praticamente triplicou em cinco anos, sustentado por juros menores e prazos mais longos de pagamento. A conjunção de todos esses fatores fez com que, nas contas do Instituto Datafolha, cerca de 20 milhões de pessoas migrassem das classes D e E para a C, criando um mercado de consumo promissor. Tantas boas notícias têm levado economistas de várias tendências, de dentro e de fora do governo, a travar um profundo debate: há, realmente, um Brasil novo emergindo com força suficiente para superar os atrasos e gargalos que frustraram gerações? O presidente do Banco Central garante que sim.

No final dos anos 1950, quando o Brasil acelerou a industrialização, o crescimento foi financiado pela emissão de moeda pelo governo, processo altamente inflacionário. Nas duas décadas seguintes, sob a ditadura militar, a expansão econômica baseou-se no endividamento externo, que resultou em calotes e hiperinflação. A partir daí, uma sucessão de pacotes econômicos malsucedidos só agravou as distorções da economia. (É importante acrescentar: o crescimento brasileiro, ao contrário de outros países, tem o viés da distribuição de renda. Fruto dos investimentos sociais – que a oposição e os jornalões chamam de “gastos”, “populismo”...).
Veja a matéria de Hiram Vargas, especial para o Correio Braziliense.

Brasil ocupa 6º lugar na economia mundial. O Brasil ganhou uma posição e agora ocupa o sexto lugar na economia mundial, segundo ranking do Banco Mundial, que divulgou em 18/12/2007 os dados do PCI (Programa de Comparação Internacional), que analisa as economias de 146 países. De acordo com os dados, levando-se em conta a paridade do poder de compra, o Brasil responde por metade da economia da América do Sul. Com o equivalente a cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial nesta medição, o Brasil divide o sexto lugar ao lado do Reino Unido, França, Rússia e Itália.

O Brasil subiu de lugar por conta de uma nova metodologia de avaliação. A Paridade do Poder de Compra em que "os números passaram a refletir o valor real de cada economia, com as diferenças corrigidas em níveis de preços, sem a influência de movimentos transitórios de taxas cambiais", explica o Banco Mundial. Como esperado, a maior economia do mundo ainda é a dos Estados Unidos, porém, menor que no passado. A China, pelas novas pesquisas, subiu de quarto para segundo lugar. (Seguida por Japão, Alemanha e Índia).
Leia íntegra da matéria publicada na Folha Online.

O Índice de Confiança do Consumidor (da Fundação Getulio Vargas) atingiu seu maior nível em dezembro. O indicador subiu 5,2% entre novembro e dezembro deste ano, ao passar de 114,3 para 120,3 pontos. Em 12 meses, o índice registrou expansão de 7,7%. O aumento da confiança foi puxado por melhores avaliações a respeito da situação atual da economia e expectativas para os próximos meses. Segundo o levantamento, as avaliações sobre a situação financeira da família melhoraram em dezembro. A parcela dos que a avaliam como "boa" subiu de 15,5% para 21,9%; a dos que a julgam "ruim" diminuiu de 14,4% para 12,2%.
Matéria completa na Folha Online de 26/12/2007.


BRINDE: UM BONITO ARRANJO DE RODA VIVA PELO MPB4 COM CHICO BUARQUE.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O dedo na ferida

1. Os caixas-dois de milhares de advogados, médicos, dentistas, de quem poucos de nós, para usufruir redução no preço do serviço, não dispensaram a respectiva nota fiscal, tornam-nos comparsas do esperto profissional no crime de lesa-pátria. Hoje, essa gente (parodiando Bornhausen) reforça as campanhas do tipo Xô, CPMF!
2. ''Los verdaderos cobardes son aquéllos que desde los feudos nos tratan de cobardes por no acceder a sus insinuaciones de romper con la democracia y el mandato que nos confiere la Constitución'' (Wilfredo Vargas, comandante das FFAA da Bolívia).
3. Nesta quarta-feira, o IBGE divulgou que a Economia do país cresceu no terceiro trimestre 5,7% em relação a um ano antes. Neste mesmo dia, divulgação da pesquisa CNI/Ibope revelou que a nota média para o Governo Lula manteve o patamar de 6,6 em dezembro.
4. Entrevistados brasileiros querem participar do processo de decisão sobre o que é noticiado na mídia (74%). Outros 44% dizem que abandonaram sua fonte de informação no último ano por perda de confiança. E na Alemanha, Estados Unidos e Grã-Bretanha os entrevistados duvidam da mídia em seus países quanto à precisão e honestidade (pesquisa da BBC).


(...) Para se combater a CPMF, basta o perfil ludibrioso oposicionista e midiático. Agora com o reforço corporativo da poderosa FIESP. À mão a mesma falsa cantilena a repetir ser a nossa carga tributária a maior do mundo. Não o é. E ninguém lhe acrescentou qualquer alíquota desde 1º de janeiro de 2003. Pouco antes, crescera cerca de 50%. O que hoje cresceu foi o volume de arrecadação como decorrência do aumento da bem-vinda movimentação da nossa economia e do aperfeiçoamento do mecanismo da cobrança dos impostos.

Mais: Foram desonerados impostos na área da cesta básica e da construção civil, na indústria de informática, entre outras, beneficiando a população mais pobre. Mas, isso não interessa à FIESP, cujo presidente, Paulo Skaf, amargou em público dura crítica do pai da contribuição, Professor Adib Jatene, com seu dedo de cirurgião na ferida: ''É que a CPMF não dá para sonegar!''. Confirmam a tese de Jatene os fatos de que a tributação sobre o consumo e o incidente sobre os salários dos trabalhadores respondem por 65% dos tributos no Brasil e que 60 dos 100 maiores pagadores de CPMF são sonegadores habituais do Imposto de Renda.

A contribuição foi um artifício provisório, fruto da genialidade criativa e espírito público do Professor Adib, para tentar enfrentar e suprir o crônico desrespeito da nossa elite dirigente pelos recursos da e pela própria saúde pública. A condição de transitoriedade da contribuição foi subordinada à prometida reforma tributária que até hoje não chegou e ninguém parece ter interesse, principalmente os governadores e suas guerras fiscais sem fim. Por conseqüência, a causa que deu origem à contribuição não foi, ainda, superada. E a CPMF continua, portanto, provisória. E necessária. (...)
Leia o texto completo de Sidnei Liberal
, A hiena Hardy e a CPMF, no Portal Vermelho.

Las Fuerzas Armadas respaldan a Evo Morales (tradução: As FFAA ao lado da Democracia, como deve sempre ser). El comandante de las Fuerzas Armadas de Bolivia, general Wilfredo Vargas, defendió la ''revolución social'' del presidente Evo Morales y llamó ''cobardes'' a los opositores que insinuaron a los militares ''romper con la democracia'', según un discurso suyo publicado ayer en la prensa local. Vargas dio el respaldo al mandatario y lanzó las criticas a los opositores durante un acto celebrado para la graduación de nuevos oficiales de las Fuerzas Armadas y al que asistió el mismo presidente Morales.

''Felizmente estamos al borde de una revolución, no de una revolución violenta, sino de una revolución social silenciosa'', dijo Vargas al sostener que ese proceso restablecerá el ''imperio de las virtudes'' legadas por los libertadores de la patria. Llamó a los nuevos oficiales a preservar los mandatos señalados por la Constitución, aunque sean tratados de ''cobardes'' por sectores que pretenden que las Fuerzas Armadas se alejen de la normas constitucionales.
Leia o texto completo de Martin Alipaz da agência EFE para El Nuevo Herald.


Economia do país cresce 5,7% em relação a um ano antes. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O destaque de crescimento em comparação com o terceiro trimestre de 2006 foi a agropecuária, que avançou 9,2%. A indústria vem a seguir, com elevação de 5%. Serviços fica em terceiro, com 4,8% de expansão. O consumo das famílias subiu 6% perante o terceiro trimestre de 2006, marcando o 16º avanço consecutivo nesse tipo de confronto. O consumo do governo avançou 3,5%.

Governo tem aprovação de 51% da população. Pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta quarta-feira, aponta crescimento de três pontos percentuais na avaliação positiva do governo federal: 51% da população classifica o governo como "ótimo" ou "bom". No mês de setembro, quando foi realizado o último levantamento, a aprovação era de 48%. O índice de aprovação de dezembro é o mais alto do ano. Já na avaliação negativa, 17% qualificam o governo como "ruim" ou "péssimo". Este indicador caiu um ponto percentual em relação a setembro.

A aprovação em relação ao presidente Lula cresceu dois pontos percentuais em dezembro, chegando ao patamar de 65%. A desaprovação ao presidente recuou três pontos percentuais: de 33% em setembro para 30% neste mês. O crescimento do saldo de aprovação é expressivo entre os jovens, na faixa com nível superior, entre os que recebem entre 5 e 10 salários mínimos e nos municípios que possuem entre 20 mil e 100 mil habitantes.
Leia os textos completos no UOL, Economia e no UOL, Últimas notícias.


Brasil lidera preocupação com concentração na mídia. Pesquisa encomendada pela BBC avaliou opinião de mais de 11 mil pessoas em 14 países. No levantamento, 80% dos brasileiros se mostram os mais preocupados com a concentração dos meios de comunicação nas mãos de um "pequeno número de grandes empresas do setor privado" e acreditam que esse controle pode levar à “exposição das visões políticas” de seus donos no noticiário. Em outros países também se compartilha (mais de 70%) da mesma opinião, como no México, Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Mais venezuelanos do que brasileiros acham que têm mídia livre. A pesquisa da BBC revela, ainda, que os venezuelanos acreditam na liberdade da mídia em seu país para cobrir os fatos de forma “precisa, verdadeira e imparcial”. Entre os venezuelanos, 63% disseram acreditar na liberdade da imprensa local. Entre os brasileiros, esse percentual cai para 52%. O índice venezuelano também é maior do que a média geral de 56% obtida nos 14 países pesquisados.
A posição venezuelana contraria uma avaliação feita em outubro passado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras que colocou a Venezuela em 114º lugar numa lista de 169 países. O Brasil ocupou a 84ª posição. Mas, o estudo da BBC apontou que os venezuelanos “são um dos maiores defensores da liberdade de imprensa e têm uma visão positiva sobre a liberdade que os órgãos de comunicação gozam no país para cobrir notícias de forma precisa, verdadeira e imparcial”.
Leia os dois textos completos em BBC Brasil.com.


BRINDE: MILTON NASCIMENTO INTERPRETA “TRAVESSIA".

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A hiena Hardy e a CPMF

Sidnei Liberal

Um popular desenho dos anos 60 retratava o exagerado pessimismo lamuriento da hiena Hardy, que a todo instante repetia seu tedioso "Oh, céus! Oh, vida! Oh, azar! Isso não vai dar certo!". Nada lhe contentava, nem mesmo o repique incansável do leão Lippy: "Anime-se, Hardy". É exatamente com a hiena Hardy que a astuta Mirian Leitão quer que lhe confundamos. Nada de pessoal contra a Mirian. É que sua figura está multiplicada e difundida por tudo que é mídia neste país. Há sempre uma Mirian em cada Carlos Nascimento, cada Boechat, nas redações de Veja, O Globo. E em cada um dos adrede “especialistas” dos jornalões.

A Mirian também está em cada um dos demoparlamentares, neste caso, por identidade ideológica. No caso anterior, também por militância político-partidária, a se configurar a provável tese do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos sobre o partido da mídia. A tática da hiena da Mirian é fazer pensar, por exemplo, que ela é contra a entrada da Venezuela no Mercosul porque seu eventual mandatário não teria o perfil democrático exigível. E, pasme-se, os parlamentares do Demo, ex-PFL, ex-PDS, ex ARENA, aliados históricos do golpismo e da ditadura militar, a quem deram sustentação política, usam a mesma cara-de-pau.

O verdadeiro motivo: O mesmo que os fazem ardorosos defensores da esperta ALCA e que os fazem boicotar o MERCOSUL. Porque lhes incomoda os governos que o voto popular vem colocando América Latina afora, maiormente comprometidos com os interesses populares, por isso, tratados como “populistas”. Por priorizarem investimentos (a que as hienas chamam “gastança”) em políticas públicas de interesse popular, dentro de um projeto desenvolvimentista socialmente sustentável. A integração latino-americana contraria o expansionismo do capital transnacional sob a batuta de Washington, ícone histórico dos entreguistas.

Não é diferente combater a CPMF. Basta o mesmo perfil ludibrioso oposicionista, e, desta vez, com o reforço corporativo da poderosa FIESP. A volta da mesma cantilena da falsa hiena Mirian que quer que se acredite que a nossa carga tributária é a maior do mundo. Não o é. E ninguém lhe acrescentou qualquer alíquota desde 1º de janeiro de 2003. Pouco antes, crescera cerca de 50%. O que hoje cresceu foi o volume de arrecadação como decorrência do aumento da bem-vinda movimentação da nossa economia e do aperfeiçoamento do mecanismo da cobrança dos impostos. Assim, cresceu parte do nosso seguro anti-crise externa.

Mais: Foram desonerados impostos na área da cesta básica e da construção civil, na indústria de informática, entre outras, beneficiando a população mais pobre. Mas, isso não interessa à FIESP, cujo presidente, Paulo Skaf, amargou, em público, sagaz crítica do cirurgião Adib Jatene, criador da contribuição: ''No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual”. E, com o dedo na ferida: ''É que a CPMF não dá para sonegar!''.

A contribuição foi um artifício provisório, fruto da genialidade criativa e espírito público do Professor Adib, para tentar enfrentar e suprir o crônico desrespeito da nossa elite dirigente pelos recursos da e pela própria saúde pública. A condição de transitoriedade da contribuição foi subordinada à eternamente prometida reforma tributária que até hoje não chegou, não por culpa de A ou de B, mas de todos, de A à Z, com maior peso para a guerra fiscal entre governadores, que parece não ter fim. Portanto, a causa que deu origem à contribuição não foi, ainda, superada. E a CPMF continua, portanto, provisória. E necessária.

Dados do Departamento de Estudos Técnicos da UNAFISCO reforçam a tese do Professor Adib e revelam que a tributação sobre o consumo e o incidente sobre os salários dos trabalhadores respondem por 65% dos tributos no Brasil. Os impostos patronais e aqueles que os que os ricos mais deveriam pagar, têm a complacência dessa mesma gente (parodiando o Bornhausen). Por isso, embora sejam 10, 20, 100 vezes maiores que a CPMF, não se vê vivalma a lhes fazer oposição. Por que? Porque se pode sonegar. Não é sem razão que os tribunais estão abarrotados de demandas pela burla do fisco.

Para Alfredo Bessow, jornalista e apresentador do programa Bom dia, Servidor! Da rádio Brasília, “há uma imensa falácia, um cinismo sem limites, uma hipocrisia digna de ser premiada – tudo isto protegido pela ação irresponsável de boa parte da mídia nacional ao não dizer porque alguns senadores são contra a prorrogação da CPMF. Não os move outro sentimento a não ser o de proteger sonegadores. (...) Qualquer argumento cai por terra diante da realidade: a CPMF é o mais democrático dos impostos... e é combatido por ser o único que não pode ser sonegado, que não pode ser contestado por ações na Justiça”.

A CPMF, além da eficiência e imunidade à sonegação, permite transparência e justiça tributária. Por isso mesmo, é abominada pela marginália que necessita usar a rede bancária (não se costuma conduzir dinheiro por aí em carrinho de mão) para seus negócios escusos. Habituados ao enriquecimento ilícito devido às vantagens que lhes proporcionam nosso complicado sistema legal de tributos, instituições financeiras, empresas de todos os portes, traficantes, agentes públicos ou privados, que corrompem ou que são corrompidos, trafegam nos escusos caminhos do caixa-dois, da lavagem de dinheiro, das transações sem a nota fiscal.

Bastante emblemático o fato de que somente nos primeiro 7 meses deste ano de 2007 a Receita Federal flagrou, mediante menos de 3 mil autuações, desvios da ordem de R$ 40 bilhões. Destes, somente o setor industrial responde por cerca de R$ 11 bilhões. (Pelo número de autuações, já se percebe o tamanho da concentração de renda no Brasil). Bancos e outros serviços financeiros, como seguradoras geraram R$ 9,5 bilhões em créditos para a Receita Federal. Mais de R$ 2 bilhões foi a “contribuição” de empresas de vários portes. Cerca de R$ 200 milhões de créditos auferidos de diversos profissionais liberais e autônomos.

São os caixas-dois de advogados, médicos, dentistas, de quem poucos de nós, para usufruir redução no preço do serviço, não dispensaram a respectiva nota fiscal, tornando-nos comparsas do esperto profissional no crime de lesa-pátria. Hoje, essa gente reforça as campanhas do tipo Xô, CPMF! Ao lado daqueles que não querem enxergar o dedo do cirurgião na ferida pelo fato de que 60 dos 100 maiores pagadores de CPMF são sonegadores habituais do Imposto de Renda. Por isso, querem transformar cada brasileiro numa hiena Hardy.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Efeito estufa

1. O governo dos Estados Unidos cada vez mais se isola em suas atitudes imperiais de desrespeito aos protocolos multilaterais que buscam melhor qualidade de vida para a Humanidade.
2. O presidente colombiano Álvaro Uribe não é bem visto pelo Parlamento Europeu nem pelo Senado dos EUA. Motivo: antigas ligações com o narcotráfico e atuais com o banditismo paramilitar.
3. "Identifico-me muito com sua cultura. Parece que meu Departamento de Estado não pôde encontrar um visto para mim” (cineasta Brian De Palma, lamentando ser impedido de ir à Cuba).
4. A campanha de repetição de mentiras e interpretações tendenciosas que atribuem déficit à Previdência Social prossegue sem pausa. Como se sabe desde os tempos de Joseph Goebells, uma mentira reiterada muitas vezes acabará por ser aceita como verdade. O "mito" sobre o déficit da Previdência Social é reforçado pela massificação de informações distorcidas de “especialistas” no interesse do sistema de capitalização da previdência privada


Os EUA são o único país desenvolvido que se negam a ratificar o Protocolo de Kyoto. O novo primeiro-ministro australiano, o trabalhista Kevin Rudd, ratificou nesta segunda-feira, 3 de dezembro, o Protocolo de Kyoto, que compromete às nações a reduzirem sua emissão de gases de efeito estufa, horas depois de assumir seu cargo, destacando que os Estados Unidos são agora o único país desenvolvido em negar-se a essa ratificação.

“Este é o primeiro ato oficial do novo governo australiano, o que demonstra o compromisso para afrontar a mudança climática”, afirmou Rudd em seu discurso de posse. Nesta semana, ele viajará a Bali para assistir à Cúpula sobre esse tema. O Protocolo de Kyoto, que data de 1997 e expira no ano 2012, compromete aos países signatários a reduzirem suas emissões de gases com efeito estufa, que causam o aquecimento global.
Matéria do Granma Internacional
de 4 de dezembro de 2007.

Mãe de Ingrid "suplica" ajuda de Lula. Yolanda, a mãe da ex-presidenciável colombiana Ingrid Betancourt, mantida refém pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há cinco anos e nove meses, quer a ajuda do presidente Lula para libertar sua filha, informa reportagem de hoje (05/12) da Folha de S.Paulo. Ingrid foi seqüestrada em fevereiro de 2002, durante sua campanha para a Presidência da República. Na semana passada, o governo colombiano apreendeu as provas de vida de 16 reféns, incluindo Ingrid, sendo esta a primeira evidência desde 2003 de que ela continua viva.

Entre as provas, fotos, vídeos e uma carta de 12 páginas enviada à sua mãe em que ela conta o desespero dos reféns. Yolanda pediu à filha para não perder a esperança e, na entrevista à Folha, atacou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, chamando-o de "arrogante" e "insensível". No último dia 21, ele afastou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, das mediações entre o governo colombiano e as FARC para a libertação de reféns, acusando-o de interferir em assuntos internos da Colômbia.

O afastamento de Chávez deu início a uma séria crise diplomática entre os dois países. Desde então, as relações estão "congeladas". Agora, Yolanda pede a ajuda de Lula para um acordo humanitário com as FARC. "Eu suplico a ajuda de Lula e do governo brasileiro para que intervenham", disse. Yolanda diz nunca ter duvidado de que sua filha estivesse viva.
Matéria da Folha Online
com informações de Laura Capriglione e Marlene Bergamo.

Brian De Palma não foi autorizado a viajar a Havana. Brian De Palma, um dos nomes-chaves do cinema norte-americano contemporâneo, não pôde chegar a Havana para o 29º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, pois, como diria numa mensagem lida na inauguração, o "Departamento de Estado não pôde encontrar um visto para mim". Porém, seu mais recente filme, Redacted, uma extraordinária denúncia acerca da tragédia que significa a invasão ao Iraque e como tem sido apresentada pela chamada grande imprensa, abriu o encontro cinematográfico anual, no teatro Karl Marx da capital.

Lotado, umas cinco mil pessoas emudeceram ante a intensa emoção, e comoção, que provoca o filme, prêmio ao melhor diretor no Festival de Cinema de Veneza de 2007. O filme foi apresentado por suas produtoras que manifestaram que para elas era uma honra apresentar o filme em Havana e pela primeira vez na América Latina. Imediatamente leram a breve mensagem enviada por De Palma no qual afirma sentir um grande amor pelo povo cubano.
Texto original de Mireya Castañeda
, publicado no Granma Internacional.

É mentira: a Previdência Social não tem déficit! No Fórum pela Seguridade Social, em setembro de 2007, o ex-ministro Raphael de Almeida Magalhães relatou advertências que recebera da equipe econômica do governo da época, sobre os problemas de caixa que enfrentaria no ministério. Contudo a Previdência, em sua gestão e nas seguintes, chegou a obter superávits superiores a US$ 1 bilhão e a destinar 30% de seu caixa para a pasta da Saúde, apesar das adversidades que teve de enfrentar e de resolver.

Acordo firmado, à época, entre o PMDB e o PFL, na transição democrática, garantia ao deputado federal mais votado em cada município indicar o representante daquele município no Funrural. "Eram situações delicadas", observou. Os recursos previdenciários permaneciam até 30 dias nos bancos, sendo diluídos pela alta inflação do período. Essa prática que ele teve de dar fim, mesmo diante da forte reação dos banqueiros. Ele defendeu o princípio de que as contas do sistema de Seguridade Social seriam ajustadas pela receita, e não pelo corte nas despesas, como prevaleceu no texto constitucional de 1988.

Afirma o ex-ministro que no governo FHC o Tesouro Nacional "passaria a mão" nas contribuições sociais (Cofins, CSLL), que constituíam receitas do sistema da Seguridade Social, para fazer o superávit primário e pagar juros da dívida pública. Hoje, Raphael defende que sejam devolvidos ao sistema previdenciário "os recursos roubados" da Previdência, bem como extinta a aposentadoria por tempo de serviço. E condena "esta cultura de que a Previdência é deficitária. Ela não o é. Pelo contrário, o sistema de Seguridade Social é superavitário, se respeitados os princípios constitucionais".
Leia na íntegra matéria do Jornal dos Economistas
, de setembro 2007.

BRINDE: CHICO BUARQUE DE HOLLANDA INTERPRETA "CONSTRUÇÃO".

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Be Bop a Lula

http://technorati.com/videos/youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D1qf0rd1Y7po

A Banda

1. Pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (02/12) revela: a aprovação ao governo Lula subiu na região Sudeste, entre brasileiros que integram famílias com renda acima de dez salários mínimos e os que vivem em capitais, e também entre os mais escolarizados.
2. “Sinto muita alegria quando o movimento na América canta Give peace a chance (Dê uma chance para a paz) porque compus esta canção pensando nisso” (John Lennon).
3. “...uma vez queria ler uma entrevista na Veja e me surpreendi porque estava com vergonha de abrir a revista no Metrô” (Antonia, comentando texto do Blog do Mino).
4. A editora Boitempo já lançou cinco das obras de Karl Marx e Friedrich Engels, todas traduzidas do original e sob a supervisão de reconhecidos especialistas. Agora, a vez de A Ideologia alemã.
5. Apoiado por movimentos cidadãos, o presidente Rafael Correa sonha com um modelo em ruptura com o neoliberalismo — e enfrenta oposição da mídia e da oligarquia.


Apenas 14% avaliam o governo Lula como ruim ou péssimo, diz pesquisa. O governo do presidente Lula da Silva é considerado ótimo ou bom para 50% dos entrevistados, segundo pesquisa Datafolha, divulgada na edição deste domingo (02/12) da Folha. Resultado reflete uma oscilação positiva – dentro da margem de erro – de dois pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, de agosto. O governo petista é considerado regular hoje por 35% dos entrevistados. Para outros 14%, o governo Lula é avaliado como ruim ou péssimo.

De acordo com a pesquisa, a aprovação ao governo Lula subiu na região Sudeste, entre brasileiros que integram famílias com renda acima de dez salários mínimos e os que vivem em capitais, e também entre os mais escolarizados. A pesquisa – realizada entre os dias 26 e 29 de novembro – ouviu 11.741 pessoas, em 390 municípios de 25 Estados. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Matéria completa na edição de domingo da Folha.
Leia o texto original da Folha Online


John Lennon socialista. Em 1971, após a separação dos Beatles e em meio ao clima de radicalização da esquerda, John Lennon e Yoko Ono concederam uma histórica entrevista a Robin Blackburn e Tariq Ali, publicada em Red Mole (Toupeira Vermelha). A entrevista é memorável por registrar como Lennon elabora em uma mesma narrativa a sua origem de classe, a emancipação dos traumas de uma infância de abandono através da análise, a superação dos anos de droga e busca de culturas místicas, o encontro com Yoko que lhe abriu a perspectiva feminista, a inspiração em Marx e a imaginação socialista e revolucionária.

“Eles me criticaram por cantar ‘Poder para o Povo’(...) Penso que cada um deveria possuir tudo de forma igualitária e que o povo deveria ser também proprietário das fábricas e ter participação na escolha de quem as dirige e o que deve ser produzido. Estudantes deveriam ter o direito de escolher seus professores.” “A canção ‘Imagine’, que diz, ‘Imagine que não há mais religião, não mais países, não mais política...’ é virtualmente o Manifesto Comunista... Hoje ‘Imagine’ é um grande sucesso em quase todo lugar – uma canção anti-religiosa, anti-convencional, anti-capitalista, mas porque ela é suave é aceita.”
Leia mais sobre a entrevista no sítio da Fundação Perseu Abramo


Por que não leio Veja. Nada sei a respeito de entrevista de Saulo Ramos à Veja, publicação que não leio. Aliás, cuido de não ler, em benefício da zona miasmática situada entre o fígado e a alma. Aproveito para esclarecer minhas razões: a Veja, que se apresenta como uma das maiores do mundo por causa de sua tiragem, de fato alentada, é uma das provas da indigência mental da chamada classe média nativa. Sem falar dos abastados. Estão aí os leitores de cabresto, incapazes de perceber o péssimo jornalismo praticado pela revista da Abril, de um reacionarismo ignóbil, facciosa além da conta e extraordinariamente mal escrita.

Somos uma nação desimportante, a despeito das incríveis potencialidades da terra, exatamente por causa desta pretensa elite, que repete o besteirol da Veja, da Globo e dos jornalões. Não perco as esperanças, por que ainda confio na cultura dos desvalidos. Mais cedo, ou mais tarde, vingará. Provavelmente, mais tarde. Sinto, apenas, que então já não estarei aqui.
Ver o texto original de Mino Carta no blog do Mino


Boitempo lança A ideologia alemã. Chega às livrarias a aguardada edição integral de A ideologia alemã, de Karl Marx e Friedrich Engels. Traduzida diretamente do alemão por Rubens Enderle, a edição tem introdução de Emir Sader e supervisão editorial de Leandro Konder, um dos maiores estudiosos do marxismo no Brasil. Feita dentro da tradição de rigor editorial da Boitempo, o livro será a versão mais fiel aos originais. Uma segura referência para todos os interessados na obra dos filósofos Marx e Engels.

A ideologia alemã é, talvez, a obra de filosofia mais importante de Marx e Engels. Escrita em 1845-1846, representa a primeira exposição estruturada da concepção materialista da história e é o texto central dos autores acerca da religião. Nela eles concluem um acerto de contas com a filosofia de seu tempo – de Hegel aos os chamados “hegelianos de esquerda”, como Ludwig Feuerbach. Esse ajuste passou antes pelos Manuscritos econômico-filosóficos, por A sagrada família, por A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, para alcançar em A Ideologia alemã sua primeira formulação articulada como método próprio de análise.
Mais informações no sítio de Boitempo Editorial


O Equador ensaia a “revolução cidadã”. Num país marcado pela debacle do sistema político tradicional, uma Assembléia Constituinte promete “refundar a República”. “É agora que começa o desafio da mudança”, dispara Rocío Peralbo, jornalista e conhecida militante dos direitos humanos. “Todas as condições são favoráveis, seremos os únicos culpados se fracassarmos.” A história do Equador jamais tinha visto triunfo eleitoral tão surpreendente. Em 30 de setembro, 70% dos eleitores depositaram sua confiança nos candidatos do movimento Alianza País, que compartilham o projeto do presidente Rafael Correa.

Com maioria confortável na Assembléia Constituinte, o chefe de Estado quer pôr em marcha um modelo de desenvolvimento em ruptura com o neoliberalismo. A Alianza País nasceu no final de 2005. “Não era um grupo de iluminados, mas um movimento que se nutria das lutas e dos esforços de diversos setores sociais e políticos”, explica Alberto Acosta, ex-ministro das Minas e Energia. Desse movimento saiu o candidato Correa, economista e professor universitário, vencedor da eleição presidencial em 2006. “Éramos especialistas em protestar. Chegando ao poder, tivemos de começar a construir.”
Leia a matéria completa de Hernando Calvo Ospina em Le Monde Diplomatique.

BRINDE: CHICO BUARQUE DE HOLLANDA E NARA LEÃO INTERPRETAM "A BANDA" NO II FESTIVAL DE MÚSICA BRASILEIRA EM 1966. TRANSMITIDO PELA REDE RECORD DE TELEVISÃO.

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