quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quer saber do Brasil? Leia a imprensa estrangeira (e fique mais feliz)


São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010


Toda Mídia


lefigaro.fr

PELA PRIMEIRA VEZ...
Sob o título "Como Lula transformou o Brasil", o francês "Le Figaro" dedicou sua página 2 ao presidente responsável por "modernizar" o país, como ressaltaram os sites brasileiros. "Pela primeira vez na história, o Brasil assiste a uma redução contínua das desigualdades", escreve a correspondente

Ao Brasil O "Financial Times", com eco no "NYT", noticiou que um dos maiores fundos europeus, Brevan Howard, decidiu abrir representação no Brasil. A exemplo do concorrente Highbridge, "o hedge fund não se contenta mais em investir à distância na América Latina".
Ao pré-sal O "FT" também deu que as ações da britânica Wellstream, que produz equipamentos para prospeção e cujo "mercado mais importante é o Brasil", vêm sendo assediadas por um comprador americano interessado em ampliar a presença no pré-sal. Cita a GE.

bloomberg.com

Ontem na transmissão da TV Bloomberg, pódio sem EUA

//BRASIL E CHINA, EMPATADOS

Em destaque na TV Bloomberg e em reportagem, a agência divulgou que pesquisa com 1.400 investidores, analistas e corretores no mundo todo, seus clientes, mostrou que os EUA já não são o destino preferido para investimentos. "Agora o Brasil e a China estão empatados em primeiro lugar, a Índia é a terceira e os EUA, bem, caíram do pódio do "top 3" e surgem agora em quarto lugar", relatou a apresentadora.

ONU não, G20 Cobrindo a Assembleia Geral, a "Foreign Policy" se pergunta se a "ONU está perdida", "obsoleta" em comparação, "notadamente, ao G20". Destacou as ausências de Lula, Dmitri Medvedev e Hu Jintao.
No FMI A "FP" também anota que o diretor-gerente pode deixar o FMI, "em meio à maior reforma da história", para disputar as eleições francesas, onde lidera. Arrisca que o posto ficaria com Brasil ou África do Sul

sábado, 4 de setembro de 2010

Pauta mitológica da imprensa

Algumas respostas pontuais a um assédio tucano. Para reflexão.

1 Há muitas diferenças nas trajetórias de Lula e do ex-tropeiro, empresário dono da Cauê em Minas Gerais. Este foi embalado pelo desejo único e privado da acumulação de capital. A de Lula foi traçada na luta coletiva do movimento social brasileiro, contra a ditadura e pela livre e plena expressão do Estado de Direito, da sociedade como um todo. Hoje, também luta pela democratização da comunicação, que é sonegada, sob a forma de reserva de mercado, pelos Marinho(s), pelos Clarín(s), pelas Globovisión(es), pelos Frias da vida.


2. Há um destilar de ódio e rancor quando um dos poderosos proprietários da comunicação (aqui, já se revela parte do conceito de ditadura midiática), recebendo uma valorosa liderança sindical, desdenha de sua pouca escolaridade, arrogância que alcança a um só tempo a grande maioria do povo brasileiro. Não é assim que nossa elite tem tratado os que não lhe são iguais? Como no episódio do Boris Casoy com os lixeiros. Ou, como no outro, do Bonhausen que, diante do explícito sonho demo-tucano de permanecer no poder por quarenta anos, revelou querer “acabar com essa raça”. Naturalmente a raça que Lula representa.


3. Banqueiros vêm colecionando recordes e mais recordes de lucro desde antes de 1808, data de fundação da nação brasileira. Sempre a nossa elite, eterna dona do nosso stablishment, mesmo sob Lula, a permitir os fartos lucros; seja pela omissão, como nos tempos JK; seja pela força das baionetas, a partir de 64; seja pela gentileza tucana com dinheiro público, no caso do PROER.


4. O caso Eike Batista: o BNDES, como qualquer banco, empresta recursos mediante projetos qualificados e relevantes, desde que sejam cumpridas as pesadas exigências, estabelecidas e reguladas por uma severa governança corporativa. Sobre o terno de Lula (não espalha), é um investimento do empresário no futuro. Quem não gostaria de ter, hoje, o traje de posse de Getúlio Vargas? Um lance de fazer inveja ao tropeiro da Cauê.


5. É pouco conhecido o livro “Viagens com o presidente...” Como são pouco conhecidos seus autores, a veracidade/credibilidade e os contextos das suas informações. Como também não se sabe a que interesses servem os autores. Por outro lado, não é aconselhável discutir diálogos que se produzem em ambiente fora do convencional, das galhofas. Portanto, têm pouco valor afirmações como “Lula pisa em quem está por baixo”.


6. O discurso de Lula está corretíssimo nos dois contextos. No primeiro, a condenação da secular indústria da seca, da esmola, que sempre produziu o poder de poucos. No segundo, apesar das críticas, equivocadas as mais recorrentes, Lula defende um programa de transferência de renda, o Bolsa Família, que já se mostrou eficaz e merecedor de cópias e consagração mundo afora, inclusive na ONU.


7. Há razões em se creditar uma boa dose de mérito à segunda fase do governo FHC, principalmente quando nossa economia passou a ser gerenciada pelos elegantes senhores do FMI. Aqui desciam sobre tapetes vermelhos, que se estendiam desde o aeroporto até o nosso Ministério de Fazenda. Que faziam por aqui? Administravam o rico e muito bem remunerado dinheirinho (de novo, os lucros bancários), que Bill Clinton mandou, na ordem de 80 bilhões de dólares, para garantir certa reeleição ameaçada pelo candidato da oposição, Lula.


8. Tudo por que o Brasil tucano estava quebrando pela terceira vez. Pela irresponsabilidade da política eleitoreira de FHC de manter a falsa isonomia monetária, um real igual a um dólar. Lembra? Qualquer estudante de economia, ou jornalismo, tem estas informações. Isonomia que durou quase um ano, esperando a eleição passar. Foi justamente nessa época que nossa carga tributária deu o grande salto: de menos de 20% para os atuais níveis. Portanto, há uns mitos por aí, inclusive na visão da candidata monocórdica Marina. Fala-se eleitoreiramente mal do PAC e, pelo mesmo motivo, exibem-se dados das nossas mazelas de infra-estrutura, mas não se revela que o investimento nessa área foi nulo nos vinte anos precedentes a Lula.


9. Há surpreendentes revelações quando se aprofundam apurações sobre alguns mitos que nossa lamentável imprensa tem repercutido. A doutrinação midiática tem claros objetivos de tentar limpar a área para retomada da hegemonia da classe que representa, antes ameaçada pela reeleição de Lula e, agora, pela eleição de Dilma. As bases de aprendizado dos estudantes de Jornalismo impedem valorizar informações que não passem por uma rigorosa apuração. Por isso, ainda se tem muitos conceitos a rever da longa pauta mitológica midiática, como ética, transparência, políticas públicas, tamanho do estado, “gastos do governo”, liberdade de imprensa, política externa brasileira, “o apedeuta”, “essa senhora”...

O Manifesto