segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A mentira amarela

A mentira amarela.

Notícias desta 3.ª semana de 2008 mostram que a geração de empregos com carteira assinada em todos os setores e regiões no ano passado foi a maior da história [1]. Também mostram que o Brasil ultrapassou os120 milhões de celulares, um crescimento de 21% no ano, o melhor da história. E mostram mais que a produção de petróleo da Petrobras aumentou 5,3% em dezembro, resultado da entrada em operação de nova plataforma e de novos poços. Os fatos deixam nervosos a oposição e a mídia nacional que, sem projeto para o país e torcendo contra, preferem retomar seus papeis de profetas do apocalipse e voltar à velha latomia cotidiana e ficcional do caos iminente.

Para tentar encobrir boas notícias, nada melhor do que vender a imagem de um país caotizado. E se cria mais uma ficção: uma epidemia de febre amarela. Uma forte ação da mídia alarmista que fez adoecer mais de 30 brasileiros, dois baixados à UTI, por overdose vacinal, a overdose da mentira amarela. E deixa sem vacina a população que necessita locomover-se para conhecidas áreas endêmicas, como o faz há mais de 50 anos. Epidemia de mau-caratismo tendo a tucana juramentada Eliane Cantanhede à frente. A todo instante os jornais a aterrorizar a população com a morte de macacos. A mostrar macacos que morreram por velhice ou do coração, como qualquer mortal.

Hoje, a imprensa desinforma sobre a febre amarela, com prejuízos à população, mas poderia desempenhar um papel de utilidade pública se quisesse esse objetivo. Boa oportunidade para esclarecer os conceitos de endemia, epidemia e até pandemia. E sobre o caráter cíclico dos surtos da febre amarela silvestre que entre 2000 e 2002 acometeu 141 pessoas e matou 70 brasileiros. Faz-nos lembrar a desinformação dessa mesma imprensa que levou muita gente a contrair o vírus da AIDS, por irresponsável imagem que passava à população de que se tratava de uma doença dos homossexuais. A população deixava de tomar outras providências para evitar a contaminação.


Desta vez, será tudo diferente

Boas notícias fazem o Alexandre Garcia espumar pela ventas e fragilizar suas coronárias. Tira-lhe o sono a possibilidade de o presidente Lula voltar a falar que “nunca na história deste país...” E não faltam razões ao mandatário. Agora, a revista britânica The Economist, de alta credibilidade internacional, brada que o Brasil está preparado para absorver uma desaceleração mundial em face de provável recessão nos EUA. E não atribui o fato à sorte ou ao acaso: “desta vez, o Brasil tem uma demanda de consumo doméstica forte, está mais integrado aos mercados mundiais, e depende menos do comércio com os Estados Unidos”, diz a revista, atropelando as opiniões dos "especialistas" da nossa colonizada mídia [2].


A mídia brasileira resiste a pautar notícias que venha a nutrir a agenda positiva do governo. Por outro lado, esconde a agenda negativa que resulta da falta de projeto da oposição e da própria mídia. Por exemplo, o Aécio Neves a articular com o Fernando Pimentel (PT) as mineiras eleições de governador e de presidente da república. Os outros cardeais tucanos a bater cabeça. O furibundo e anêmico senador Arthur Virgílio anunciando que concorrerá à presidência, mesmo com os risíveis 3% de votos que teve para governo do Amazonas. O Alckmin (o picolé de chuchu, lembram-se?) a se ligar em Quércia para salvar sua candidatura a prefeito que o também tucano Serra quer rifar.


Do lado do Demo, a deputada Nice Lobão, acuada por denúncia contra o filho neo-senador, avisa que a nação pefelista também tem o rabo preso, defeito que só aparece quando assume algum cargo no governo. Antes, todos são santos. E a nação se calou. Como se calou o rei que mandou Chávez se calar, depois de flagrado como garoto-propaganda de empresas espanholas suspeitas. Quem não se calou foi o demo-prefeito do Rio ante o jornal O Globo, por reportagens que julgam péssima sua administração. César Maia reagiu afirmando que O Globo não tolera governante com autonomia, prefere-os submissos. E que o jornal atua como um partido político. A meu ver, ambos têm razão.


Na CBN, a Lúcia Hippólito, do comitê político de O Globo, a incitar a população a não pagar o IPTU do prefeito: “é um movimento legítimo”, diz. Animação de militante que lembra os velhos tempos em que ela foi uma das coordenadoras do projeto de governo (?) do recém eleito presidente Collor. Garra somente igualada à da intervenção da Mirian Leitão, nesta mesma semana, e na mesma CBN, a condenar a interferência do governo nos procedimentos dos seguros-saúde: “Vai onerar os custos das seguradoras”, dizia, a proteger os interesses dos anunciantes globais. Nenhuma palavra dela sobre nossos recordes em investimentos estrangeiros. Mais que Índia, China e Rússia [3].


Porque DEM, e não Demo?

O PFL nasceu em 1985 como uma dissidência do PDS para apoiar Tancredo Neves. Um jogo de cartas marcadas para continuar no poder. Deixava o partido sucessor da velha Arena e seu sucedâneo como instrumento de sustentação política da ditadura militar e de defesa das classes sociais a ele ligadas, como latifundiários, grandes empresários, banqueiros, a grande mídia e as multinacionais. Em vinte e um anos de controle sobre a máquina de poder, o foco da sua política econômica foi centrado na submissão do Brasil ao expansionismo imperialista dos EUA e num perverso modelo de concentração de renda e de exploração da classe trabalhadora.


No campo político-institucional, respaldou os atos da infame ditadura, como: o fechamento do Congresso Nacional, a prática institucional de prisão, tortura, assassinato e desaparecimento de patriotas e militantes políticos em todo o território nacional. Apoiou a censura à imprensa e à cultura; a perseguição e repressão aos movimentos populares e sindicais que lutavam por melhores condições de vida para os trabalhadores e suas famílias; a repressão à igreja e aos religiosos que lutavam em defesa dos direitos humanos.

Os anos neoliberais produziram na América Latina, sob Fujimori, Menen e Fernando Henrique Cardoso, significativa desnacionalização de empresas nacionais, que eram estratégicas para consolidação da nossa soberania. Nesse período, essa raça (um termo do agrado pefelista) apoiou essa farra tucana da privataria. E hoje, combate o esforço nacional contra o trabalho escravo e a opção do governo pelo investimento em políticas do interesse popular. “Populismo”, dizem. A ponto de se oporem a ampliação da contribuição do hiper-lucrativo sistema bancário na recomposição da perda de recursos para a saúde pública.

Uma vez mais, os pefelistas ficam do lado dos banqueiros contra os que mais necessitam. Seu caráter golpista, conservador e elitista rasga a máscara de democracia com que desejam ludibriar os brasileiros. Essa e muitas outras razões históricas e programáticas permitem afirmar que o partido ex-Arena, ex-PDS e ex-PFL é Demo por excelência, jamais DEM.
(Leia a íntegra desta matéria de Sidnei Liberal no Portal Vermelho, 'a esquerda bem informada'.)


BRINDE: LUCIANO PAVAROTTI CANTANDO "GRANADA", DE AUGUSTIN LARA, COM REGÊNCIA DE JAMES LEVINE (deixar alguns segundos no 'pause', para carregar).

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