quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Uma receita de Prêmio Nobel



É hora de gastar o dinheiro público

“Está politicamente na moda se queixar contra os gastos do governo e exigir responsabilidade fiscal. Mas, no momento maiores gastos do governo é exatamente o que o médico recomenda, e as preocupações com o déficit orçamentário devem esperar”. Quem afirma é o mais novo Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, colunista de The New York Times.

Segundo Krugman, “enquanto o mercado de ações maníaco-depressivo domina as manchetes, a história mais importante é a grave notícia sobre a economia real”. Para ele, o resgate aos bancos é apenas o começo: a economia não financeira também está precisando desesperadamente de ajuda.

O cenário do Nobel é o despencar das vendas no varejo e da produção industrial nos EUA, onde o nível de desemprego já aponta para uma recessão que será feia, brutal e longa. Seu temor é que se esteja a buscar soluções apenas superficiais como as que substituíram a recessão produzida pelo estouro da bolha da tecnologia do final dos anos 90 pela fatídica bolha imobiliária destes tempos.

A tese de Krugman parece incomodar nossos habituais economistas tupiniquins, apressados em identificar os sinais da crise que ainda não chegou. Que já chegou para aquelas empresas que, aconselhados por banqueiros/especuladores internacionais, embarcaram na loteria do dólar futuro.

E por que a tese incomoda? Porque ela é a antítese da surrada e patética catilinária dos editoriais dos nossos principais jornais. Nossos “especialistas” condenam os “gastos do governo”, que é como vêem os investimentos públicos. Gastar dinheiro público tem sido a vitamina da nossa economia interna, um dos fundamentos contra os efeitos da crise. Uma receita de Prêmio Nobel.


As 25 notícias mais censuradas

Vi o mundo, blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, publicou o ranking anual das 25 notícias mais ocultadas pela grande imprensa dos EUA e do mundo em 2007/2008. São informações do Projeto Censurado da Universidade Sonoma State da Califórnia, reunidas no livro Censored 2009.

O livro reúne valiosos trabalhos acadêmicos sobre o jornalismo atual, como a concentração da propriedade dos meios de comunicação, a manipulação da informação e a liberdade de expressão nos EUA e no mundo. E informa sobre a luta pela democratização dos meios informativos.

O genocídio no Iraque, com 1,2 milhões de civis mortos pelas tropas dos EUA, desde que começou a invasão há cinco anos, é o tema que encabeça o ranking do projeto. A América Latina está presente em vários trabalhos que apontam para o ressurgimento das guerras sujas dos EUA que ameaçam as democracias da região. São esforços para resgatar a forte influência do passado.

Também consta do livro o funcionamento da Academia Internacional de Aplicação do Direito (ILEA), cuja sede no Peru ensina a torturar, a matar e demais matérias da mal-afamada Escola das Américas. E o ressurgimento da IV Frota que objetiva atemorizar os paises latino-americanos não alinhados ao expansionismo de Washington.

O documento também revela as inquietudes frente ao avanço das idéias progressistas na América Latina a partir da iminente vitória da esquerda em El Salvador. Mostra como a nova legislação migratória impõe o regime de semi-escravidão ao trabalhador hóspede. E divulga levantamentos que classifica o governo da Colômbia como líder mundial de assassinatos de sindicalistas.

Pressões da sociedade têm influências sobre a tragédia de Santo André

Convidado pelo Jornal Hoje, da Rede Globo, nesta segunda-feira, para debater questões levantadas pela trágica história de Eloá e Lindemberg, o psiquiatra e psicanalista Raul Gorayeb, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, contrariou visivelmente as expectativas da emissora. Um balde de água fria no clima de euforia com que a notícia vinha sendo tratada.

Perguntado se os diálogos gravados pela polícia revelam algum desvio de personalidade do jovem, o médico preferiu questionar o modo pelo qual a sociedade atual forma os jovens. Ela exige que eles aprendam a TER a qualquer custo, não importa o preço que se pague. Ele é instigado a não aceitar falhas, perdas, insucessos, e reagir às vezes de forma bombástica quando as coisas não vão bem.

“Onde ficou, no nosso processo educacional, o lugar para que as pessoas aceitem que a vida também é feita de insucessos e problemas? Eu não o coloco como vítima, mas todos nós somos frutos de uma sociedade, na medida em que somos por ela educados”, completa Gorayeb.

À pergunta do Jornal Hoje se 12 anos não é muito cedo para começar um namoro o psiquiatra diz não haver fórmulas. E que somos nós, a sociedade, que empurramos os jovens para uma maturidade precoce, para a atividade sexual, como se, sem isso, a pessoa não pudesse entrar no circulo das pessoas importantes. Para ele, a relação com alguém mais velho pode indicar dificuldade pessoal.

Sobre o papel dos pais no processo, Gorayeb relembra uma tragédia histórica e artística, a história de Romeu e Julieta, para afirmar que a influência dos pais pode ser boa, mas também pode ser catastrófica. Para a Rede Globo é melhor transformar a catástrofe em espetáculo fantástico.

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