sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Lula, porque não te calas?


“Lula diz que televisão brasileira não educa e degrada famílias” (Folha Online)

Para Lula, além de não ajudar no "processo de educação", a TV brasileira degrada a "estrutura da família". E o presidente foi ainda mais eloqüente: "Qual é o processo de educação que nós aprendemos quando ligamos uma televisão nesse país? Pelo contrário, o que nós assistimos, em muitos casos, é um processo de degradação da estrutura da família desse país".

A declaração ocorreu em solenidade pública, em São Paulo. A notícia foi dada pela Folha Online (*), nesta segunda-feira, 17/11/2008, às 20h24. E veio com o comentário de que se tratava de mais uma crítica de Lula à televisão brasileira. Simples, não?

Não se viu, nesses dias, nenhuma repercussão sobre o tema que é da maior importância para a discussão da Educação e da formação cultural da Nação. Nada se ouviu dos vestalinos colunistas. Nada nas tevês. Nada nos jornalões. Nem um simples “Lula, porque não te calas?”, da manha real.

“Preferem não dar a cara a bater”, disse com propriedade um professor de jornalismo do Iesb, em Brasília. O silêncio é mais uma demonstração de que a elite da informação está satisfeita em oferecer aos brasileiros apenas os reality shows trágicos de Eloás e Isabelas. E mais: Lula retoma uma discussão que deixa os donos da mídia transtornados: a regulação social da programação.

“Coisas de regimes totalitários”. “Agressão ao princípio da liberdade de imprensa”. O assunto – que é devidamente regulamentado no mundo civilizado – não passaria no Congresso Nacional (*), onde 87 deputados e alguns senadores têm concessão de rádio e televisão e recebem, da indústria de bebidas (anunciantes) e de comunicação, alguns milhões de reais em doações de campanha.


As 25 notícias mais censuradas em 2007-2008 (mais).

“O último ano da administração Bush acumulou uma concentração de poder executivo absoluto. A Constituição foi substituída por draconianas ordens executivas (freqüentemente secretas). Houve um recrudescimento de assaltos aos direitos humanos, tanto no país como no estrangeiro. Porém, quem está falando adequadamente sobre isto? Somente se mostra o bordo da realidade”.

Quem diz é Tricia Boreta, diretora do Project Censored (*). Segundo ela, os meios corporativos têm estado demasiadamente ocupados em manter entretido o público consumidor com o sem-fim de banalidades adicionadas à cobertura do espetáculo “Campanha presidencial 2008”. Para ela, o Congresso não cuida de vigiar a fundo o pressuposto federal e a Constituição. Deixa correr solto.

“O Projeto e um grupo de jornalistas independente ao redor do mundo vêm seguindo com afinco as ações desenfreadas de um império em decadência. As histórias de notícias não cobertas revelam um aumento desesperado da demanda das corporações dos EUA para conquistar mais recursos naturais. Os setores militares a cuidar eliminar as dissenções e impor as conformidades”, diz a diretora.

Para ela, a lista deste ano mostra mais claramente como a vontade dos povos segue sendo o inimigo principal da violência das corporações. “O termo “terrorismo” está se ampliando rapidamente para incluir o desenvolvimento do pensamento contrário à agenda expansionista de Washington”, diz.

Segundo Tricia Boreta, cada uma das 25 notícias relevantes deste ano constitui uma história de “corporacioncracia”, de como é a vida sob um governo “de, por e para as grandes corporações multinacionais”, que cada vez diminuem mais o valor da vida humana. (Trad. Ernesto Carmona).


Uma vaia para Ricardo

No último fim-de-semana, o blog do jornalista Ricardo Noblat (*), divulgado pela Globo Online, incitou seus leitores a executar uma nova vaia contra o presidente Lula. “Seria bom para o excesso de auto-estima de Lula que ele fosse vaiado durante o jogo da próxima quarta-feira em Brasília entre a Seleção Brasileira e a Seleção de Portugal”, animou-se Noblat.

O zeloso blogueiro ficou devendo, no entanto, uma explicação aos seus leitores sobre os motivos da infindável onda do que ele chama de “excesso de auto-estima” do nosso presidente. Um dos motivos mais recentes vem da declaração de Marta Lagos (*), diretora do Instituto Latinobarômetro, do Chile: "Lula pôs a América Latina de novo no mapa mundial".

Foi assim que Lagos traduziu a popularidade do presidente (*) brasileiro, líder na América Latina pela 2ª vez consecutiva. Agora, com nota média de 5,9, em escala de 1 a 7, passa até o rei da Espanha Juan Carlos I, no topo da lista nos últimos três anos. Ouvidos mais de 20.000 pessoas em 18 países.

Outro motivo que incomoda o blogueiro da Globo e a mídia é a tranqüilidade com que o governo Lula vem se preparando para uma inevitável desaceleração (*) no crescimento brasileiro (“marola”), conseqüência da recessão (“tsunami”) produzida nos EUA e exportada à Europa e ao Japão. Sem contar a aprovação das teses brasileiras sobre a economia nos fóruns mundiais.

Tarefa difícil era conseguir uma nova vaia para Ricardo Noblat. Ele tinha o preço astronômico dos ingressos e a distribuição de milhares de convites feita pelo governo local, como no Pan. O que não tinha, além da presença de Lula, era o ensaio da vaia (*), que não faltou ao prefeito do Rio.

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