ilustração: Dom Quixote, de Salvador Dali
Vésperas do último Natal. O físico Rogério Cezar Cerqueira Leite denunciou uma grave malandragem da cervejaria brasileira: a substituição do tradicional malte, a cevada germinada, usado nas boas cervejarias mundiais, por outros cereais germinados mais baratos. A manobra é encoberta no rótulo pelo uso do termo “cereais maltados”, ou, pior, “malte”, para designar outros cereais envolvidos. (Folha de S Paulo, 18/12/2009).
Outra preocupação do professor emérito da Unicamp é com a utilização de lúpulo de qualidade inferior, mais barato. O lúpulo de boa qualidade é responsável pela conservação e pelas qualidades de paladar da bebida mais popular. O uso do lúpulo inferior prejudica o sabor e exige a adição de conservantes químicos. Para Cerqueira Leite, a malandragem das nossas principais cervejarias conta com a omissão das autoridades brasileiras que assim permitem “que o cidadão brasileiro beba gato por lebre”.
Vésperas do Reveillon. O químico Silvio Luiz Reichert, diretor da Anheuser-Busch Inbev, proprietária da AmBev, afirma que “A indústria brasileira de cerveja zela pela qualidade de seu produto. Ela sabe que seu consumidor é exigente e tem muito bom gosto”. E que o emérito professor lançara mão “de argumentos ora incorretos, ora infundados, mas sempre injustos”. “Números errados e premissas levianas”, acusa Reichert. (Folha de S Paulo, 30/12/2009).
Segundo o representante da Anheuser-Busch Inbev, a cervejaria brasileira usa a percentagem de malte (cevada submetida a processo controlado de germinação) e dos demais cereais nos limites da legislação brasileira. “Mais malte é igual a cerveja mais encorpada e mais pesada; menos malte (...) é igual a cerveja leve, refrescante, suave”, argumenta Reichert. Acrescenta que tanto o lúpulo quanto 65% ou mais da cevada que utiliza são importados de centros produtores de qualidade, dos EUA e da Europa. E que não usa conservantes, pela boa qualidade do lúpulo e por impedimento legal.
Nesta quinta-feira, o físico Cerqueira Leite volta ao assunto e à carga. Quer saber o emérito professor do “engodo de que foi vítima o governo e o povo brasileiro pela fusão Antártica-Brahma, quebrando princípios e a legislação contra a formação de cartéis. Com a desculpa de que, fundidas, poderiam enfrentar a competição com multinacionais – para ser o cartel, em seguida, absorvido por empresa estrangeira”. Também quer saber sobre a perversa prática de coação a cervejarias nascentes, para absorvê-las e aniquilá-las ou também banalizar a qualidade de seus produtos. (Folha de S Paulo, 14/01/2010).
Cerqueira Leite acusa Reichert de usar de mentira, eufemismo e sofisma em suas argumentações para esconder o fato de que a AmBev usa mais o milho do que a cevada por causa do seu superior grau de conversão em álcool. E de usar de embuste para negar o uso de conservante em suas cervejas. Sobre o uso de lúpulo de boa qualidade, pergunta o professor da Unicamp: “Por que as cervejas belgas, inglesas e alemãs que usam lúpulo de boa qualidade não precisam de antioxidantes e estabilizantes?”
O que mais chama a atenção é o fato de que essa polêmica, que interessa a todos os brasileiros, mesmo aos que não bebem cerveja, não tem a menor repercussão na grande imprensa nacional. Como não tem repercussão a questão do uso dos transgênicos. E como não tem repercussão a questão progressiva do ganho de peso excessivo pela população brasileira pelo uso incorreto da alimentação. Do lado dos que defendem a “livre iniciativa empresarial” está um poderoso lobby do setor de comunicação, mídia e propaganda, que dá a linha do consumismo sem porteira.
Quem poderia contrariar a Ambev, a Monsanto, a Perdigão? Os patrocinadores, das TVs e dos jornalões? O alerta quixotesco do professor Cerqueira Leite descortina o baixo nível ético que envolve o setor cervejeiro: “abuso repugnante (...) a AmBev elabora suas indecorosas propagandas televisivas, que induzem o cidadão desavisado a consumir suas cervejas pela associação com objetos de desejos primitivos: carros de luxo, mulheres seminuas (...) promessa de sucesso.”
Outra preocupação do professor emérito da Unicamp é com a utilização de lúpulo de qualidade inferior, mais barato. O lúpulo de boa qualidade é responsável pela conservação e pelas qualidades de paladar da bebida mais popular. O uso do lúpulo inferior prejudica o sabor e exige a adição de conservantes químicos. Para Cerqueira Leite, a malandragem das nossas principais cervejarias conta com a omissão das autoridades brasileiras que assim permitem “que o cidadão brasileiro beba gato por lebre”.
Vésperas do Reveillon. O químico Silvio Luiz Reichert, diretor da Anheuser-Busch Inbev, proprietária da AmBev, afirma que “A indústria brasileira de cerveja zela pela qualidade de seu produto. Ela sabe que seu consumidor é exigente e tem muito bom gosto”. E que o emérito professor lançara mão “de argumentos ora incorretos, ora infundados, mas sempre injustos”. “Números errados e premissas levianas”, acusa Reichert. (Folha de S Paulo, 30/12/2009).
Segundo o representante da Anheuser-Busch Inbev, a cervejaria brasileira usa a percentagem de malte (cevada submetida a processo controlado de germinação) e dos demais cereais nos limites da legislação brasileira. “Mais malte é igual a cerveja mais encorpada e mais pesada; menos malte (...) é igual a cerveja leve, refrescante, suave”, argumenta Reichert. Acrescenta que tanto o lúpulo quanto 65% ou mais da cevada que utiliza são importados de centros produtores de qualidade, dos EUA e da Europa. E que não usa conservantes, pela boa qualidade do lúpulo e por impedimento legal.
Nesta quinta-feira, o físico Cerqueira Leite volta ao assunto e à carga. Quer saber o emérito professor do “engodo de que foi vítima o governo e o povo brasileiro pela fusão Antártica-Brahma, quebrando princípios e a legislação contra a formação de cartéis. Com a desculpa de que, fundidas, poderiam enfrentar a competição com multinacionais – para ser o cartel, em seguida, absorvido por empresa estrangeira”. Também quer saber sobre a perversa prática de coação a cervejarias nascentes, para absorvê-las e aniquilá-las ou também banalizar a qualidade de seus produtos. (Folha de S Paulo, 14/01/2010).
Cerqueira Leite acusa Reichert de usar de mentira, eufemismo e sofisma em suas argumentações para esconder o fato de que a AmBev usa mais o milho do que a cevada por causa do seu superior grau de conversão em álcool. E de usar de embuste para negar o uso de conservante em suas cervejas. Sobre o uso de lúpulo de boa qualidade, pergunta o professor da Unicamp: “Por que as cervejas belgas, inglesas e alemãs que usam lúpulo de boa qualidade não precisam de antioxidantes e estabilizantes?”
O que mais chama a atenção é o fato de que essa polêmica, que interessa a todos os brasileiros, mesmo aos que não bebem cerveja, não tem a menor repercussão na grande imprensa nacional. Como não tem repercussão a questão do uso dos transgênicos. E como não tem repercussão a questão progressiva do ganho de peso excessivo pela população brasileira pelo uso incorreto da alimentação. Do lado dos que defendem a “livre iniciativa empresarial” está um poderoso lobby do setor de comunicação, mídia e propaganda, que dá a linha do consumismo sem porteira.
Quem poderia contrariar a Ambev, a Monsanto, a Perdigão? Os patrocinadores, das TVs e dos jornalões? O alerta quixotesco do professor Cerqueira Leite descortina o baixo nível ético que envolve o setor cervejeiro: “abuso repugnante (...) a AmBev elabora suas indecorosas propagandas televisivas, que induzem o cidadão desavisado a consumir suas cervejas pela associação com objetos de desejos primitivos: carros de luxo, mulheres seminuas (...) promessa de sucesso.”
2 comentários:
Muito boa postagem, Liberal. Parece uma luta boba, lutar por uma melhor
qualidade da cerveja brasileira, mas a questão de fundo é como funcionam
os cartéis, e como a mídia brasileira é subserviente e conivente. esse é
o problema das empresas serem controladas pelos departamentos comerciais
e de marketing: Ética? Se é ruim para os negócios, pior para ética, ou
seja, pior para o consumidor. É mais uma luta que temos de empreender e
enfrentar para se ter uma melhor qualidade de consumo, de cidadania e de
vida. Que bom que o emérito físico Rogério Cezar Cerqueira Leite comprou
a briga.
Amigos. Bom Dia.
Muito bom o artigo que trata das nossas cervejas. O que me preocupa é por que a ANVISA ou o Ministério da Agricultura, ainda não se manifestaram sobre o assunto.?!!!!!
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