sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A quinta economia do mundo?

Kenneth Maxwell é professor do Departamento de História e diretor do Programa de Estudos Brasileiros do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Harvard. Um dos mais importantes brasilianistas da atualidade. Em sua coluna semanal da Folha de S Paulo, em 24/12/2009, o historiador britânico fez um insuspeito balanço da década que se finda. “Um bom momento para refletir sobre o que ocorreu e o que pode vir a ocorrer, especialmente para o Brasil”, avalia Maxwell.

Recorda o professor que ao final de 1999 as perspectivas (para o mundo ocidental) pareciam otimistas: O fim da Guerra Fria. O colapso da União Soviética. A internet triunfando sobre as últimas fronteiras. Os EUA, o protagonista da História.

Em março de 2000, porém, uma surpresa: a explosão da bolha da internet destrói trilhões de dólares em patrimônio. Em setembro de 2001, outra explosão: as torres gêmeas do World Trade Center. Era a evidência do surgimento de um novo mundo ainda mais vulnerável. Os Estados Unidos a patrocinar mais duas guerras, com envolvimento de mais de 200 mil soldados.

Nesse cenário, “a última década presenciou mudanças importantes na distribuição de poder e riqueza”, diz o brasilianista. A China hoje responde por 4 das 25 maiores empresas mundiais. Era nenhuma uma década atrás. O Brasil responde por uma, Petrobras em nono lugar. Hoje estão fora 17 das 25 empresas que formavam o ranking em 1999.

“O Brasil encerra a década bem posicionado para o futuro. A recessão mundial demorou mais a começar e acabou mais rápido no Brasil do que em outros países. Uma gestão prudente da política fiscal, nascida de amargas experiências passadas, (...) O Brasil continua a desenvolver novas parcerias no comércio mundial. O país sustenta uma economia vibrante e uma classe média em expansão. Na véspera do Natal de 2009, os brasileiros deveriam comemorar o fato de que tenham avançado tanto e de que um futuro promissor esteja ao seu alcance”, completou Kenneth Maxwell.

Sua análise é menos entusiasmada que a do ex-presidente Sarney, para quem: “2010 fecha um ciclo para o Brasil, dos 120 anos da República, governado por um operário que encerra a década escolhido o "Homem do Ano" pelos grandes jornais do mundo, pela sua atividade internacional, por ter o Brasil mudado de patamar, ser credor do FMI, com reservas de mais de US$ 200 bilhões, estabilidade interna, diminuição da pobreza e do desemprego, distribuição de renda, além de protagonismo na discussão e na solução dos grandes temas mundiais” (Folha de S Paulo, 1º de janeiro de 2010).

Na última segunda-feira (04/01), o deputado Ricardo Berzoini, também na Folha, lembrou que não somente a expressiva maioria da população brasileira como também da comunidade internacional reconhecem a competência brasileira na superação dos reflexos da crise que abalou o mundo e ainda ronda muitas nações. “Fechando 2009 com a criação de 1,4 milhão de empregos e a adoção de medidas que possibilitaram o Brasil retomar a trilha do crescimento sustentável”.

Diante de incontestes avanços, soa um tanto ultrapassada a postura oposicionista, repercutida e ampliada por conhecidos setores da mídia nacional, que propõe uma atitude de baixa auto-estima. Vã tentativa de revigorar nosso velho complexo de vira-latas. A disseminação de mitos macaqueados pela falta de apuração da imprensa e aceitos pela leitura acrítica e apressada. É como desfilam pelos jornalões os “gastos” do governo, o “deficit” da Previdência, os juros e a carga tributária “mais altos do mundo”.

Preferível discutir, como propõem Kenneth Maxwell e, hoje (8/01/2009), a agencia Reuters – sempre a imprensa estrangeira superando a nossa – um rascunho de proposta para colocar o Brasil na posição de quinta economia do mundo. Estamos prontos para isso.
foto: revista Hitória (Ken)

5 comentários:

Eurico Zimbres disse...

Grande parte desta elite não se conforma de estar alijada do poder e das mamatas. Como é possível, doutos senhores, fluentes em muitos idiomas, terem que conviver com esta plebe sorrindo? Sorrindo de que?, pensam eles. São tão insensíveis que acham que ter o salário mínimo valorizado, nada significa, pois é uma m., que mal dá para pagar um jantarzinho regado a Romanée-Conti. E em seu desespero, eles se esgoelam para serem ouvidos: Se o dólar cai, gritam: "O dólar caiu, o dólar caiu!!,". Se aumenta, gritam: O dólar subiu, o dólar subiu!!". Se Lula procura acalmar a população, evitando agravar a crise, eles gritam: " Não é marolinha, é tsunami!, é tsunami!!" Passada a crise, voltam a gritar: "É muito caro manter este nível de reservas internacionais!!"
De tudo entendem e de tudo discordam. São uns ingratos. Deviam agradecer a Lula ter salvo o capitalismo no Brasil. Deviam agraciar Lula com as medalhas: "O Salvador do mercado interno" e "O pacificador das lutas sociais".

Lula voltará! Quem viver verá!

Lobo disse...

É isto aí, Liberal. Dei uma abertura na Veja e fechei, pois o editorial era sobre os “ grandes gastos do governo em ano eleitoral” – eles sempre se “esquecem” que 2009 não era ano eleitoral e Lula jogou dinheiro adoidado para salvar empresas, ajudando os empresários, mas também superando a crise criada por brancos de olhos azuis...Fazer o que, elas são comprometidas e estão, rigorosamente, defendendo seus ganhos dos partidos da oposição. Por falar nisto, parece que Gabeira tomou juízo e não entrou na disputa pelo Rio para não ajudar o PSDB.

E falam tanto na “gastança” dos programas sociais do Lula, e não vêm a oposição flagrada na corrupção, como aconteceu aqui em BSB.

Saudações “panetonicas”.

Paulo Almeida disse...

Aprecio bastante o HSLiberal e sou grato por estar incluso em seu mailing.

Gostaria de, pela primeira vez, discordar de um ponto de vista no final do texto abaixo:

Não, não estamos prontos para nos tornarmos a quinta economia do mundo.

Infelizmente, como bem colocado pela revista The Economist, 14 de Nov/09, pag. 15;

A despeito de estarmos crescendo lindamente, num estado democrático de direito, em paz, diferentemente dos outros colegas do BRIC, nós temos problemas crassos: Um sistema de impostos barroco e uma legislação trabalhista arcaica, além do óbvio: precisamos investir MUITO em educação.

Infelizmente são os 3 itens que, como estão, sustentam os intermináveis cabides jurídicos e políticos do país...

Portanto, não. Não estamos prontos. Infelizmente.

Edmundo Fuller disse...

Ultrapassada postura oposicionista!
Um presidente chegado a bebida alcóolica cujo filho em menos de 4 anos compra uma mansão de 2 milhões e que há 4 anos passados era um funcionário da prefeitura de SPaulo no governo Marta, ganhando 600 reais, é no mínimo um gênio , assim como o seu pai que só abre a boca para largar expressões anódinas. O capital internacional aqui está e entre outras DESTRUIÇÕES, a cobiça satânica dos espaços urbanos das cidades que contam c/ planos diretores controlados pelos clãs e entre outros, a bolsa de NYork...
E o mensalão praticado por um partido socialista; desvios de recursos indo para o exterior; o palácio da alvorada, requisitando toneladas de alimentos e bebidas...e o que dizer do avião presidencial? Uma luxosa aeronave onde o vinho corre solto. Até onde a mídia naciona está equivocada? Até breve e obrigado pela mensagem que traz um representante da Universidade de HARVARD que está sob o controle dos ILLUMINATI!

Maurício Moura disse...

A imprensa não pode se omitir de dar essas informações mesmo que elas não agradem ao governo. O povo tem o direito de conhece-las.
O ranço totalitário dos socialistas é uma constante nessas críticas à "mídia" (como eles a denominam) porque os idiotas não estão à altura dessa liberdade. O próprio governo consubstanciou esse viés no “decreto dos direitos humanos”.

O Manifesto