1. Como o pedágio da Dilma é 5 a 7 vezes menor, fica o tucanato paulista numa enrascada. Tem no colo um pacote de cinco leilões de rodovias estaduais num modelo que produziu os pedágios mais caros do país, produto de muita patifaria no setor.
2. O ex-ministro da Educação, deputado Paulo Renato de Souza, está de volta às nossas páginas. Não por combater a CPMF, que é uma bandeira dos sonegadores, dos mal-informados e do Demo. Esta é outra história de, digamos, estranha mancebia.
3. Eloqüente o silêncio da mídia e da oposição a respeito de revelações factuais. O silêncio de quem tem culpa no cartório. Os jornalões, mal informaram as cassações de 623 políticos e sua ocorrência por estado, omitindo a ocorrência por partido.
4. O tom de voz sobe entre Washington e Moscou. A Rússia retoma pesquisas de novas armas nucleares. Putin aventou para a possibilidade de que elas seriam de efeitos espetaculares. Bem-vindos, todos nós, a esta nova versão da Guerra Fria.
1. Dilma detonou a privataria dos pedágios. Neste outubro concluiu-se na Bolsa de São Paulo uma vitória da competência administrativa sobre os interesses da privataria promíscua. O governo federal leiloou as concessões de sete estradas (2,6 mil km). Para se ter uma medida do tamanho do êxito, o pedágio na via Fernão Dias será de R$ 1,42 para cada 100 km rodados. Quem quiser viajar na via Dutra (Rio-SP), pagará R$ 7,58 pelos mesmos 100 km. Não há no mundo maior disparidade. Na “modernidade” de um bom pedaço do empresariado não se vende gato por lebre: é gato por gato mesmo. Habituais interesses escusos foram feridos.
(Leia todo o revelador texto de Elio Gaspari transcrito de O Globo por Ricardo Noblat).
2. Flagrado ex-ministro de calças na mão. O ex-ministro da Educação nos dois mandatos do governo FHC, deputado tucano Paulo Renato de Souza enviou um artigo para o jornal Folha de S. Paulo criticando a intenção do governo federal de passar o Banco do Estado de Santa Catarina para o controle do Banco do Brasil. “...O texto foi enviado ao jornal por e-mail. Por engano, o corpo da mensagem trouxe uma correspondência eletrônica anterior, na qual o parlamentar submete seu texto ao presidente do Bradesco, Márcio Cypriano: ‘Em anexo, vai o artigo revisto. Procurei colocá-lo dentro dos limites do espaço da Folha”.
Segue o deputado tucano: “Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação. Muito obrigado, Paulo Renato Souza". O mais estranho de tudo isso é que aqui na redação da Fórum, quando a gente escreve para alguém algo como: “em anexo vai o artigo revisto. Procurei colocá-lo dentro dos limites do espaço da revista”, a gente quer dizer que o artigo do interlocutor foi editado. Mas a gente sabe que o deputado Paulo Renato de Souza não assinaria um artigo de Márcio Cypriano e enviaria assinando-o para um jornal. Mas que é estranho é, não é deputado?
(Leia este assunto na íntegra na revista Fórum).
3. O Demo (Democratas), ex- PFL, ex-PDS, ex-Arena, lidera corrupção. É o partido campeão de cassações por corrupção nos últimos sete anos, segundo estudo feito pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que conta com o apoio de entidades de representação da sociedade civil e organizações sociais e religiosas. O estudo foi divulgado dia 4 de outubro e contabiliza 623 cassações de mandatos políticos, englobando quatro eleições. Todos por utilização de bens ou vantagens para alterar a vontade dos eleitores. Nesse número, não estão incluídos políticos que perderam cargos em virtude de condenações criminais.
Governadores e vices, senadores e suplentes, deputados federais e estaduais, 508 prefeitos e vices, e vereadores. O ranking é liderado pelo Democratas, com 69 casos, ou 20,4% do total. Em 2º lugar, o PMDB, com 66 casos, ou 19,5%, enquanto o PSDB aparece em 3º lugar, com 58 ocorrências, ou 17,1% dos casos. O PP, 26 casos, seguido pelo PTB, 24 casos e PDT, 23 ocorrências. O PT aparece em 10º lugar, com 10 casos, ou 2,9%. Como detalhe importante, as oposições e a mídia se calaram diante de dados tão contundentes: os dois principais partidos de oposição contribuíram com 37,5 % enquanto que o PT tem menos de 3% de cassados.
(Clique em http://por1novobrasil.blogspot.com/ e veja muito mais).
4. Decididamente a Guerra Fria está de volta. Ainda que numa versão diferente da dos tempos da extinta União Soviética. Menos ideologia, mais pragmatismo e novos alinhamentos. Em junho deste ano o primeiro ministro russo Vladimir Putin manifestou seu descontentamento diante da iniciativa de Washington de oferecer novas bases militares para a Polônia e a República Tcheca. Ofertas recebidas com entusiasmo, mas não por Moscou. Bush declarou que as bases tinham por objetivo cercar o Irã. Mas nas proximidades de uma coisa e da outra estão fronteiras da Rússia e também de algumas antigas repúblicas da finada União Soviética.
Putin ofereceu a Bush a alternativa de usar bases da Rússia dos tempos de URSS, para criar frentes militares comuns para vigiar o Irã. A proposta era o que parecia: uma alternativa para ganhar tempo. Agora o tom subiu. Diante do reconhecimento rotundo do fracasso das intervenções no Afeganistão e no Iraque, e diante do também fracasso do governo norte-americano em isolar o Irã, o primeiro ministro iraniano Mahmoud Amadinejad sentiu-se forte o suficiente para desafiar o desafeto em sua própria casa e nos arredores: foi aos Estados Unidos e até a Bolívia, onde desenvolveu propostas de acordo em torno de questões energéticas.
Tinha razão: num salto estratégico, Putin fortaleceu-o. Visitou o Irã e comprometeu-se com a construção de uma usina nuclear no Golfo Pérsico, e declarou que a Rússia se opõe a uma intervenção militar na região, leia-se, uma invasão do Irã pelos Estados Unidos e/ou aliados. E incluiu, nesta declaração protetora, o Cazaquistão, o Azerbaijão e o Turcomenistão, dando mostras para Washington de que ainda é o “capo” na região. A resposta veio rápida: Bush deu entrevista dizendo que se o Irã conseguir armas nucleares, isso pode levar à Terceira Guerra Mundial. Uma volta à Guerra Fria, agora sob nova administração?
(Leia inteiro teor da matéria de Flávio Aguiar para a Agência Carta Maior).
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