terça-feira, 30 de outubro de 2007

Assalto ao Céu

1. Jô Soares exercita seu habitual preconceito amparado na reengenharia neoliberal do conceito de “liberdade de imprensa”. 2. Multinacional contribui para ampliar as estatísticas do assassinato de trabalhadores brasileiros no campo. 3. “Democratas”, que defendem o trabalho escravo, e “Socialistas”, que são a asa direta do tucano, querem seus infiéis de volta. Afinal, quem traiu quem? 4. O Ministério Público do Principado de Mônaco acatou documentos que vão trazer de volta o banqueiro fujão Cacciola. Pânico no tucanato! 5. Há noventa anos homens e mulheres tomaram o céu de assalto.

Jô Soares passa dos limites em programa racista e pedófilo. Enviado pelo Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, o link de recente programa do Jô Soares mostra a entrevista um sujeito que atende pelo nome de Rui Moraes e Castro, que relaciona o penteado das mulheres negras de Angola com as suas vaginas. Entre outras coisas o tal mostra um corte de cabelo, que segundo ele foi armado com bosta de boi e fala que aquela mulher quer mostrar que está “mais apertada”. Em resumo: “como o negro começa sua relação sexual com seis, sete anos e essa mulher já tem 20, 21 anos ela está velha, acabada, larga”.

Então ela fez uma operação no clitóris a sangue frio, com uma faca de sapateiro, e fica mais fechada. “Com esse cabelo ela está dizendo ao homem que voltou a ficar fechada e que vai dar tanto gozo ao homem como uma garota de sete ou oito anos...”. Sabe o que o Jô fez? Divertiu-se a beça com a história. E continuou a entrevista com preconceitos e histórias horrorosas assim por mais uns cinco minutos. Os produtores do Jô, e o próprio, conhecem bem as regras do jogo: Não é permitida ao concessionário de sinal televisivo ou de rádio a divulgação de informação ou programação que incentive o preconceito de cor, raça ou credo.
Leia e veja o vídeo preconceituoso na revista Fórum.

Pistoleiros executam agricultor no Paraná em defesa da multinacional Syngen. Milícias armadas que agiam em defesa da multinacional Syngenta Seeds no estado do Paraná, mataram o agricultor Valmir Mota e deixaram mais cinco trabalhadores gravemente feridos neste domingo (21). Os camponeses ligados a Via Campesina foram surpreendidos em um ataque realizado em um acampamento no campo de experimento da multinacional no município de Santa Tereza do Oeste (PR). Aproximadamente 40 pistoleiros invadiram o local e abriram fogo contra os trabalhadores. Os agricultores também foram espancados.

A ação foi realizada depois que os agricultores reocuparam a área da multinacional, buscando dar continuidade à denúncia do cultivo ilegal de reprodução de sementes transgênicas de soja e milho realizado pela multinacional. A ONG Terra de Direitos aponta por meio de imagens, que na hora da ocupação dos agricultores os seguranças deixaram o local e, quatro horas depois, retornaram em um micro-ônibus com os pistoleiros, o que segundo a ONG, confirma que a ação já estava planejada. Há denúncia da existência de um consórcio entre a Syngenta e associações de produtores rurais para realizarem ações como esta em conflitos agrários.
Leia matéria integral de Gisele Barbieri para Radioagência NP.

DEMO e PPS, os incríveis partidos que encolheram. Ranier Bragon e Felipe Seligman informam na Folha de S. Paulo de 18 de outubro que dirigentes do DEMO e do PPS vão recorrer à Justiça para que os que abandonaram suas fileiras devolvam seus mandatos. Isso porque, além de um desempenho pífio nas últimas eleições, quando encolheram para caber na Kombi dos ressentidos, eles ainda perderam alguns dos que conseguiram se eleger, especialmente prefeitos – eleitos em 2004, portanto, antes da tsunami do ano passado que quase matou os dois partidos. "Vamos buscar o que é nosso”, afirmou o demo-deputado Rodrigo Maia.

"Vou sim buscar o cargo de todos os que saíram do PPS", reage Roberto Freire. Pergunta Mello, o bloguista: - E quando quem muda é o partido? Como ficam aqueles que se elegeram pelo PFL e de repente se viram transformados em DEMOS? Como ficam aqueles camaradas do Partido Comunista (para os que não se lembram, o PPS nasceu do antigo PCB) que viram seu partido se transformar a tal ponto, que hoje é apenas a asa direita dos tucanos? E se alguém gritar “Eu quero meu PFL de volta! Quero de novo meu PCB!”, como é que fica? Quem tem que recorrer à Justiça para segurar seus filiados é porque já perdeu o bonde da História.
Com informações do blog do Mello.

Mais Do blog do Mello. Cacciola, o banqueiro que deu um prejuízo de R$ 1,5 bi ao país, vem aí e já disse que vai abrir o bico. A turma tucana é que não deve estar gostando nada da brincadeira. Para quem não se lembra, na época de sua prisão Cacciola chegou a tentar um acordo com a Polícia Federal. Ele disse que contaria tudo o que sabia sobre o esquema, em troca de um abrandamento da pena. Só que ele fugiu antes, logo após uma providencial liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello. Se vários integrantes do BC do governo FHC foram condenados pela operação, sem que Cacciola abrisse o bico, imagine o leitor...

O ano I do assalto ao céu. Noventa anos depois da vitória da Revolução Russa, parece difícil reconstruir o que foi o ano de 1917 para a História posterior. Basta dizer que naquele ano os EUA, depois de terem teorizado seu isolacionismo, distanciando-se da guerra na Europa, deram uma virada drástica e seu governo resolveu mobilizar a opinião pública para intervir no conflito bélico. Entrariam para decidir a guerra e, principalmente, debilitar o concorrente imediato à sucessão da Inglaterra decadente como nova potência hegemônica. Ao mesmo tempo, a Rússia, com a vitória bolchevique, se retirava da guerra.

Começava a se desenhar o mundo bipolar da segunda metade do século naquele duplo movimento. Hoje, o clima instalado após o fim da URSS torna quase impossível imaginar o impacto que a Revolução Russa representou para a História da humanidade. Em 1917 se instalava o primeiro governo que se proclamara operário-camponês, que rompia com o capitalismo e o bloco de potências imperialistas. O livro de Victor Serge, O ano I da Revolução Russa, publicado em belíssima edição pela Boitempo, permite a melhor reconstrução daquele momento mágico de “assalto ao céu”, em que todas as utopias andavam soltas.

(...). Hoje, o destino do capitalismo e do socialismo continua aberto. Os tempos heróicos descritos por Victor Serge servem para sentirmos de perto os sonhos, os dramas e os impasses que um processo revolucionário contém no seu bojo. São os momentos em que a história está mais perto de ser definida pela ação consciente dos homens. Não por acaso a Revolução Francesa, a Revolução Russa, a Revolução Chinesa, a Revolução Cubana foram incorporadas definitivamente ao acervo dos maiores momentos da História da humanidade. Momentos em que os homens e as mulheres puderam tomar o céu por assalto.
Leia o texto inteiro de Emir Sader no blog do Emir.

BRINDE:

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