terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O foco midiático da CPI

O foco midiático da CPI

Informações precisas e completas prestadas por ministros do mais elevado padrão moral, – Franklin Martins, da Comunicação Social, general Jorge Armando Felix, da Segurança Institucional e Dilma Rousseff, da Casa Civil – em entrevista coletiva na semana passada (emblematicamente pouco divulgada na mídia) contrariaram as irresponsáveis insinuações da imprensa e da oposição sobre o uso dos cartões corporativos pelo governo. Na irresponsabilidade, a publicação de informações que colocam em risco a segurança do Presidente de República, seus familiares, funcionários governamentais e seus respectivos interlocutores.

Em destaque o fato de que não há uma única investigação no Tribunal de Contas da União (TCU), órgão subordinado ao poder legislativo, que constate significativa irregularidade no uso dos cartões. Ponto por ponto, foram esclarecidos os critérios administrativos que regulam seu uso; sua fiscalização pelo TCU e Controladoria Geral da União (CGU); sua ampliação quantitativa seguida da diminuição das despesas e do aumento da transparência. E os gastos sigilosos que garantem a segurança institucional. Por outro lado, foram desnudadas a leviandade da oposição e da mídia, em assunto de óbvio apelo eleitoral e midiático, a tentar transformar em escândalos fatos que são absolutamente normais [1].

A oposição sem pauta política e a mídia sem assunto. Uma CPI dará foco ao demo-tucanato e alimentará a sanha denuncista da mídia. Por outro lado, bem longe das vistas e ouvidos de leitores e expectadores, acontecem fatos da maior importância, como o divulgado hoje, 11/02, pelo Valor Econômico: “A produção industrial aumentou em todos os 14 locais analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado” [2]. Ou o editorial da insuspeita Financial Times: "Menos de uma década atrás, o Brasil balançava ao primeiro sinal de instabilidade nos mercados financeiros internacionais. Hoje, em contraste, o país - como grande parte da América Latina, rica em recursos - parece imune à turbulência do mercado" [3]. A mídia e a oposição nada viram.

Jornalismo-esgoto

A expressão cunhada pelo jornalista Luis Nassif retrata fielmente a nova ofensiva da mídia hegemônica para fustigar o governo Lula. Agora o mote são os cartões corporativos usados pelo presidente, ministros e outros servidores para efetuar gastos cotidianos. O terrorismo midiático já decapitou a ministra da Igualdade Racial, e chamuscou criminosamente a imagem de outros dois ministros. Esta nova escalada agressiva não passa de mais uma tentativa de buscar uma pauta politiqueira que faça sangrar um governo que vem dando certo nos mais diferentes setores da sua atividade sócio-econômica e política.

Frustrado o desejo de um apagão energético, desmoralizada a mentira amarela da febre midiática, cria-se a crise dos cartões. O que menos vale é a informação imparcial e a justa fiscalização do poder público pela imprensa e pela oposição. O objetivo não é denunciar eventuais abusos dos usuários de cartões, visando a sua correção (tese tanto de ingênuos como de oportunistas), mas fortalecer a posições contra o governo. Mesmo sabendo que o uso dos cartões corporativos é comum em todo o mundo. Próceres de governos e de grandes empresas costumam viajar, hospedar-se em hotéis e marcar contatos para tratar de assuntos de interesse político, profissional.

Frente às pequenas despesas o cartão corporativo é um avanço que evidentemente necessita sempre de ajustes e aperfeiçoamentos. Foi implantado em 2001 em face de denúncias da falta de controle dos gastos. Antes, um servidor recebia certa quantia em dinheiro, depositava na sua conta pessoal, pagava as despesas e depois apresentava a nota. Não havia qualquer transparência. Já em 2005 o governo decidiu melhorar sua utilização para aquisição de materiais e contratação de serviços, na compra de passagens aéreas, locação de veículos e no pagamento de hotéis, refeições e diárias de viagem. É proibido utilizá-lo em viagens internacionais. Nada a reprovar [4].

Patriotismo seletivo

Essa mesma mídia hegemônica nunca deu a mínima para o fato de a filha do Presidente, funcionária da Presidência, ter usado um avião da FAB para vistoriar as fazendas do pai. Assim como esqueceu o uso nebuloso de 10 milhões de reais dos cofres da União para que o filho do Presidente, Paulo Henrique Cardoso, montasse um stand numa feira internacional na Alemanha. Deixou de cobrar episódios de uso indevido de dinheiro público em viagens de turismo feitas por ministros do governo, como José Serra, Raul Jungmann, Paulo Renato de Souza e o Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro. Quer uma CPI da tapioca, mas deixou de investigar o fato de o funcionário público Eduardo Maximiano, segurança de FHC, haver enchido 4 vezes o tanque do carro num único dia [5].

À expressão jornalismo-esgoto, do Nassif, pode-se juntar a de jornalismo-molecagem, uma espécie de “jornalismo” irresponsável, desjornalismo leviano praticado por gente de caráter duvidoso, como Boechat, Cláudio Humberto e outros. Nesta terça-feira, 12/02, em que FHC confessou pela CBN haver feito muitos esforços “democráticos” para evitar algumas CPIs contra seu governo, o Boechat também confessou ficar angustiado quando seu palpiteiro de economia na Band fala que tudo vai bem nos aspectos sócio-econômicos do governo Lula. No mesmo dia, a Mirian Leitão, no Jornal Hoje, reclama do presidente Hugo Chávez por ameaçar mais uma vez os EUA de não lhes vender mais petróleo e por querer estatizar a Parmalat e a Nestlé. Nos dois casos, ela sonega ao pobre ouvinte as causas da zanga.

BRINDE: THE WAR ON DEMOCRACY, METODOLOGIA DO EXPANSIONISMO IMPERIAL. BEM LANÇADO DOCUMENTÁRIO DE JOHN PILGER. DIDATISMO IMPRESIONANTE.

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