Um cavalo selado para Ingrid.
Ingrid Betancourt, a ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), disse à Rádio França Internacional, nesta segunda-feira, que não é só a guerrilha que deve se "retificar", mas também o presidente colombiano e a "Colômbia inteira" devem mudar o que chamou de "vocabulário radical, extremista e de ódio". Segundo a agência EFE, ela pediu ao presidente que dê, "ao outro, espaço de respeito e tolerância...” E se Uribe não se convencer, ela diz que insistirá "até que o povo reaja”.
Ingrid Betancourt foi seqüestrada antes da eleição presidencial de 2002, em que foi candidata contra Uribe. Vitorioso, Uribe foi reeleito em 2006, depois de emendar a constituição colombiana. Agora, com a popularidade em alta, busca outro artifício para um terceiro mandato. Pesquisa da imprensa colombiana mostra que, excetuando o próprio Uribe, a ex-refém das FARC lidera a corrida presidencial.
Segundo a agência Reuters, Betancourt disse que ainda é cedo para dizer se voltará à vida política, mas que pode “tentar encontrar um papel diferente na Colômbia”. "Não estou dizendo que não vá me candidatar à Presidência. Talvez, algum dia. Ou talvez não. Quero dizer que não é essa minha ambição. Minha ambição é servir. Servir a meu povo, a meu país." Ou seja: candidatíssima.
Diferentemente das condições favoráveis de hoje, em 2002 Ingrid amargava menos de um por cento das intenções de voto. Fato que, para alguns, teria motivado sua aventura pelos arriscados domínios territoriais das FARC e o inevitável seqüestro. A longa carona forçada ensinou à ex-candidata que seu país não resolveu as questões sociais que permitiram a existência da mais antiga oposição guerrilheira de todo o mundo.
Hoje, turbinada pelos fatos recentes, já puxa a orelha de Uribe, como destaca o diário argentino Página/12, desta terça-feira: “Ingrid disse que sua diferença com o presidente colombiano é que ‘ele crê que se chega à paz terminando com as FARC e eu creio que há que se fazer mudanças sociais”. Resta a ela provar que não é igual a Uribe, uma difícil tarefa em face do seus antecedentes políticos e do seu pai, legítimos representantes da oligarquia colombiana e serviçais de governos discricionários. Mesmo assim, o cavalo passa generosamente selado. E Ingrid parece querer cavalgá-lo.
Muitos são os problemas do presidente da Colômbia.
Ingrid Betancourt, a ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), disse à Rádio França Internacional, nesta segunda-feira, que não é só a guerrilha que deve se "retificar", mas também o presidente colombiano e a "Colômbia inteira" devem mudar o que chamou de "vocabulário radical, extremista e de ódio". Segundo a agência EFE, ela pediu ao presidente que dê, "ao outro, espaço de respeito e tolerância...” E se Uribe não se convencer, ela diz que insistirá "até que o povo reaja”.
Ingrid Betancourt foi seqüestrada antes da eleição presidencial de 2002, em que foi candidata contra Uribe. Vitorioso, Uribe foi reeleito em 2006, depois de emendar a constituição colombiana. Agora, com a popularidade em alta, busca outro artifício para um terceiro mandato. Pesquisa da imprensa colombiana mostra que, excetuando o próprio Uribe, a ex-refém das FARC lidera a corrida presidencial.
Segundo a agência Reuters, Betancourt disse que ainda é cedo para dizer se voltará à vida política, mas que pode “tentar encontrar um papel diferente na Colômbia”. "Não estou dizendo que não vá me candidatar à Presidência. Talvez, algum dia. Ou talvez não. Quero dizer que não é essa minha ambição. Minha ambição é servir. Servir a meu povo, a meu país." Ou seja: candidatíssima.
Diferentemente das condições favoráveis de hoje, em 2002 Ingrid amargava menos de um por cento das intenções de voto. Fato que, para alguns, teria motivado sua aventura pelos arriscados domínios territoriais das FARC e o inevitável seqüestro. A longa carona forçada ensinou à ex-candidata que seu país não resolveu as questões sociais que permitiram a existência da mais antiga oposição guerrilheira de todo o mundo.
Hoje, turbinada pelos fatos recentes, já puxa a orelha de Uribe, como destaca o diário argentino Página/12, desta terça-feira: “Ingrid disse que sua diferença com o presidente colombiano é que ‘ele crê que se chega à paz terminando com as FARC e eu creio que há que se fazer mudanças sociais”. Resta a ela provar que não é igual a Uribe, uma difícil tarefa em face do seus antecedentes políticos e do seu pai, legítimos representantes da oligarquia colombiana e serviçais de governos discricionários. Mesmo assim, o cavalo passa generosamente selado. E Ingrid parece querer cavalgá-lo.
Muitos são os problemas do presidente da Colômbia.
Ingrid é o ovo da serpente recém chocado que já começa a perturbar o sonho de Álvaro Uribe Vélez por um terceiro mandato. Ao lado de paradoxal popularidade, o presidente enfrenta a maior crise institucional do seu governo. O suficiente para haver concentrado energias no episódio da libertação de Ingrid Betancourt. Há fortes indícios de golpe na fase final de um acerto combinado entre as FARC e uma comissão internacional multilateral, conforme revelou uma rádio estatal da Suíça francesa.
Reforça a suspeita o fato de a senadora colombiana Piedad Cordoba, quatro semanas antes da libertação de Ingrid, haver revelado que o governo da Colômbia estava negociando um acordo com as FARC para trocar dinheiro pela liberdade de Betancourt e dos mercenários dos EUA. Mas, a crise institucional é muito mais que isso.
Uribe vem navegando em mar revolto desde que Joseph Contreras, jornalista e correspondente da revista Newsweek, publicou, em 2002, sua biografia não autorizada. O livro devassa sua vida pessoal e suas ligações junto aos quartéis de drogas no país, desde suas estreitas ligações com o mitológico Pablo Escobar, do cartel de Medelín.
Hoje, dezenas de parlamentares de sua base de apoio, incluindo um primo-irmão, senador Mário Uribe Escobar, estão presos por atividades paramilitares, ligadas ao tráfico pesado de drogas e ao assassinato de milhares de opositores ao governo, entre lideranças sindicais e populares. Além da posse ilegal de terras confiscadas dos camponeses expulsos pelos paramilitares nos departamentos de Sucre e Antióquia. O próprio presidente é alvo de investigação por suborno de membros do Senado para aprovação da emenda da reeleição.
São razões suficientes para as vitoriosas pressões que centrais sindicais de trabalhadores dos EUA vêm exercendo sobre seus senadores contra os acordos bilaterais de livre comércio, pretendidos por Bush e Uribe. As mesmas razões pelas quais a presença de Uribe tem sido vetada no Parlamento Europeu.
Razões de sobra para que a mídia tupiniquim abandone seu alinhamento automático com o governo Uribe e adote uma postura mais crítica. Verá que durante o governo Uribe, apesar dos bilhões de Washington, dos mercenários de Israel e dos assassinatos em massa, o tráfico de drogas aumentou, como aumentou o fosso social colombiano.
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