sábado, 30 de maio de 2009

Ligações perigosas

Álvaro Uribe, presidente da Colômbia


À semelhança da Gestapo

" – Boa tarde, me chamo Rodrigo Rosenberg Manzano; se você está vendo ou ouvindo esta mensagem é porque fui assassinado. Foi mesmo, mas esse respeitado advogado deixou registrado no vídeo o nome dos assassinos: o presidente da República, Álvaro Colón, sua mulher e um de seus ministros, tudo, segundo Rosenberg, para encobrir irregularidades em um banco público e ligações com o crime organizado”.

Assim relatou o jornalista Clóvis Rossi na Folha de S Paulo nesta sexta-feira, 29/5, não sem antes se incomodar pelo fato de a mídia brasileira tratar pouco da atual crise guatemalense. Não sem lhe parecer “evidente que o crime organizado estendeu seus tentáculos à política e ao aparelho de Estado, como já o havia feito na Colômbia e, agora, no México”. Assuntos completamente alheios aos brasileiros, por conta da mídia.

Colonizada, a nossa imprensa se “tranquiliza”, pelo fato de Colón afirmar que “o vídeo era parte de uma conspiração para desestabilizar seu governo”. Claro, claríssimo! Na Colômbia só pode ser parte da estratégia midiática das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC. No México, onde operações do Exército e da Polícia Federal prenderam quase trinta prefeitos, “excesso de zelo” dos que combatem o narcotráfico.

Errado. Esses fatos, principalmente no que se refere à mídia, não deveriam surpreender a quem, como Rossi, sabe das entrelinhas do poder da nossa imprensa e da imprensa internacional. Veja-se o caso dos testes nucleares da Coréia do Norte: um corre-corre da “comunidade internacional” que nem de longe foi visto quando – mesmo proibidos por acordos multilaterais – a França, o Paquistão e a Índia pipocaram seus artefatos letais.

Nem pelo fato de estar tão perto de nós, a Colômbia incomoda os donos da notícia. Ali, Jorge Noguera, ex-diretor do DAS (principal agência de inteligência colombiana), homem de confiança do presidente Uribe Vélez, será julgado pela Corte Suprema de Justiça pelos assassinatos de sindicalistas, políticos da oposição e militantes de direitos humanos, que denunciaram o pacto entre o para-militarismo e a cúpula do poder.

As informações são da Agência de Notícias Nova Colômbia – ANNCOL – que, ao mesmo tempo, denunciou a participação do procurador geral, Alejandro Ordóñez, e da grande imprensa nacional, no processo de manobras de ordens jurídica e midiática para ocultar o terrorismo de estado. Fato que preocupa tanto à oposição interna quanto instituições internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho, OIT.

À semelhança da Gestapo, polícia política hitlerista, o DAS uribista prepara listas de opositores a serem eliminados com base em espionagem ilegal que atinge quase todos os setores sociais da Colômbia. O terror do governo Uribe pouco a pouco preocupa e horroriza instituições humanitárias do mundo inteiro, por isso o interesse da ONU como de múltiplas associações de advogados em acompanhar de perto o processo colombiano.

Somente o leitor suficientemente forte deve abrir o link abaixo. Uma das cenas do que hoje acontece na Colômbia.

http://anncol-brasil.blogspot.com/2009/05/gestapo-colombiana.html

Tão perto de nós, tão longe da nossa imprensa.

“Um dos mais poderosos chefes do narcotráfico na Colômbia afirmou ter financiado a campanha eleitoral do presidente colombiano, Álvaro Uribe, alegando que era a única maneira de livrar o país da "ameaça comunista". Diego Murillo, conhecido como "Don Berna", foi condenado na quarta-feira por uma corte dos Estados Unidos a 31 anos de prisão e ao pagamento de US$ 4 milhões em multas pelo crime de narcotráfico”.

É o que reportou a BBC Brasil em 23/04/2009. E mais: “Após ser condenado, ‘Don Berna’ disse que fez campanha a favor de Uribe e que vendia drogas ‘para ajudar a seu povo’. ‘O acusado apoiou a eleição do presidente Uribe em 2002, doou grandes quantidades de dinheiro à sua campanha, fez campanha a seu favor (...) porque acreditava que a paz era importante’, disse Margaret Shalley, advogada de Murillo’”.

No começo deste mês de maio, a senadora colombiana Piedad Córdoba esteve no Brasil a convite do Senado, que logo descartou sua audiência conforme havia aprovado. É que se descobriu a tempo que a senadora não viria falar mal das FARC, mas sim do governo Uribe e de suas relações com os paramilitares e narcotraficantes. E das cerca de 70 prisões de parlamentares da base de apoio a Uribe, sustentáculos do crime na Colômbia.

O governo nega tanto o apoio de “Don Berna” quanto suas relações com os grupos paramilitares, responsáveis por milhares de assassinatos e outros crimes relacionados com o narcotráfico. Os grupos foram criados em 1980 com o financiamento de líderes de direita e de latifundiários, sob o pretexto de combater as guerrilhas. Eles também expulsaram milhares de camponeses e se apoderaram de suas pequenas propriedades.

No momento, congressistas governistas tentam aprovar uma reforma constitucional e um projeto de referendo para aprovar a candidatura de Uribe a um terceiro mandato presidencial. Tarefa difícil face ao número de parlamentares uribistas atrás das grades. Como os senadores Zulema Jattin e Jaime Alberto Llano, presos no último dia 11/5, acusados vínculos com grupos paramilitares de extrema-direita, segundo a BBC Brasil.

Também foi preso o senador Mario Uribe, primo e chefe do partido do presidente. Ele é mais um membro da “parapolítica”, grupo de congressistas da base do governo. Todos citados por chefes paramilitares das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), como “Don Berna” e Salvatore Mancuso. Todos acusados de fazerem acordos com os paramilitares e de receberem deles financiamento e apoio logístico para suas campanhas políticas.

Um comentário:

humbas disse...

Que bloguesinho fraco.

Que tal providenciarem uma "injeção" na turma dos apaniguados da PeTrobras?

O Manifesto