"HISTÓRIA DE CRIMES
O aumento da lista oficial de mortos pela ditadura, de 357 para quase
1.000, traz para a história uma parte dos corpos que ficaram caídos nos
canaviais, ou junto das usinas, muitos nas sedes dos sindicatos rurais e
das Ligas Camponesas, tantos mais diante dos olhos da mulher e dos
filhos. As primeiras semanas seguintes ao golpe de 64, no interior do
Nordeste, sobretudo de Pernambuco e Paraíba, justificam esta palavra
horrível: carnificina.
A revelação do novo levantamento, feita pelo repórter Lucas Ferraz na
Folha, é um passo promissor para que sejam expostos os crimes de
inúmeros usineiros, capatazes e jagunços. Por anos e anos, o usineiro
Ney Maranhão veio a manchar o chão do Senado com os vestígios de sangue
em suas sandálias, mesmo quando apenas memoriais. E Nilo Coelho, e
outros ainda por lá ou por Brasília, todos protegidos pelo silêncio.
Essa história começou a ser contada, lá atrás, pelo documentarista
Eduardo Coutinho, talento e alma admiráveis. A hora da Comissão da
Verdade é boa para retomá-la"
(Janio de Freitas, Folha de S Paulo, hoje)
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