quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Janio de Freitas três vezes (2)

"HISTÓRIA DE CRIMES

O aumento da lista oficial de mortos pela ditadura, de 357 para quase 1.000, traz para a história uma parte dos corpos que ficaram caídos nos canaviais, ou junto das usinas, muitos nas sedes dos sindicatos rurais e das Ligas Camponesas, tantos mais diante dos olhos da mulher e dos filhos. As primeiras semanas seguintes ao golpe de 64, no interior do Nordeste, sobretudo de Pernambuco e Paraíba, justificam esta palavra horrível: carnificina. 

A revelação do novo levantamento, feita pelo repórter Lucas Ferraz na Folha, é um passo promissor para que sejam expostos os crimes de inúmeros usineiros, capatazes e jagunços. Por anos e anos, o usineiro Ney Maranhão veio a manchar o chão do Senado com os vestígios de sangue em suas sandálias, mesmo quando apenas memoriais. E Nilo Coelho, e outros ainda por lá ou por Brasília, todos protegidos pelo silêncio. 

Essa história começou a ser contada, lá atrás, pelo documentarista Eduardo Coutinho, talento e alma admiráveis. A hora da Comissão da Verdade é boa para retomá-la"

(Janio de Freitas, Folha de S Paulo, hoje)

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