"As vozes
No momento, não se sabe o que a voz silenciosa da opinião pública pede aos seus magistrados mais altos
É INCERTO que os julgadores do mensalão ouçam a opinião pública, como
lhes recomenda Fernando Henrique Cardoso. Com tantas pressões dirigidas
aos leitores, espectadores e ouvintes, em linha direta e como reflexo
das pressões sobre o Supremo Tribunal Federal, no momento não se sabe o
que a voz silenciosa da opinião pública pede aos seus magistrados mais
altos. Mas tal incerteza está acompanhada de ao menos duas certezas.
O rendado de palavras que enfeita, em torno, a recomendação de Fernando
Henrique evidencia que a opinião pública referida é a opinião do público
peessedebista.
A recomendação é um apelo velado no sentido de que o Supremo Tribunal
Federal não negue o seu socorro ao catatônico PSDB, nesta hora difícil
dos confrontos eleitorais. Tudo por um punhado de condenações de
petistas.
Outra certeza é o que diz a voz verdadeira da opinião pública. A voz
quando não desafinada pelas pressões, a respeito do que deseja dos seus
magistrados, ou, como prefere, da Justiça.
É a imparcialidade nos julgamentos todos. É a equanimidade entre as
decisões voltadas para os desprovidos e aquelas que se dirigem aos
possuidores de riqueza ou de força política. É o direito à justiça
também quanto ao tempo, porque, mesmo se favorável, a decisão que tarda
dez, 20, 30 anos nunca fará justiça.
É o julgamento limpo do mensalão,
para condenar sem maldade ou absolver com grandeza"
(Janio de Freitas, Folha de S Paulo, hoje)
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