segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Arrogância e realeza

1. O “porque não te calas” de Juan Carlos é uma dessas tentativas de desqualificar um ato de soberania. Uma manifestação multissecular de desprezo pela pauta do colonizado.
2. O Departamento de Estudos Técnicos da Unafisco revela que a tributação sobre o consumo e o incidente sobre os salários dos trabalhadores respondem por 65% dos tributos no Brasil.
3. Política bolivariana de Chávez e do aliado Evo Morales se mostra eficaz. Em estudo chileno, os dois países lideram a escala de satisfação popular com a distribuição de renda.
4. Ignacio Ramonet, Diretor de "Le Monde Diplomatique" diz que a reforma de Chávez dá poder à sociedade e defende observatórios para monitorar imprensa.


A arrogância da realeza espanhola é uma cultura de 500 anos. Juan Carlos de Bourbon é o exemplo mais emblemático da postura arrogante dos portadores do DNA dos nossos exploradores históricos, espanhóis e portugueses que, mancomunados, exterminaram, de forma impiedosa, numerosas nações que agrupavam nossos antepassados índios que bravamente reagiram à imposição do trabalho escravo. E o objetivo do alienígena não era outro senão extrair do nosso solo toda a riqueza que consolidou a soberania econômica da península ibérica. Agora, é nossa tentativa de soberania que começa a incomodar a antigos e novos impérios.

Nada incomoda mais aos EUA do que o fato de algum país do seu quintal não seguir sua receita e suas imposições comerciais, sua exploração. O que incomoda não é o fato de a Venezuela querer recriar a república bolivariana ou Cuba manter-se socialista. É a soberania desses paises que incomoda: por não querer aceitar os espertos tratados de livre comércio, que nada têm de livre. Por não aceitar a “democracia” estadunidense, que hoje é imposta por mais de 750 bases militares fora do seu território e centenas de acordos de “colaboração” espalhados pelo mundo. Quem não está no figurino do tio Sam, está no “eixo do mal”.

A franchising da dominação cria um conluio de nações que as redes de notícias denominam de “aliados”, termo usurpado da união de nações em luta contra o nazi-fascismo que assolou o mundo nos anos 30 e 40. Hoje banalizado, o termo tem servido ao mal, como a ilegal invasão do Iraque, a proteção de ditaduras como a da Arábia Saudita, do Paquistão e outras, e a irrestrita defesa do criminoso expansionismo israelense. Nesse jogo, José María Aznar, como Tony Blair e outros, é um pitboy de Bush. Todos contra o sonho de soberania de que a rejeição à ALCA e a tentativa de integração latino-americana são os primeiros passos.
Leia a matéria de Sidnei Liberal no Boletim HSLiberal.

O ex-ministro da Saúde Adib Jatene ganhou mais notoriedade no debate sobre a CPMF, ao passar um pito no presidente da Fiesp, Paulo Skaf, flagrado pela jornalista Mônica Bergamo. Skaf, à frente da poderosa entidade do capital industrial, está em campanha, pelo fim da CPMF. O cardiologista e ''pai'' da CPMF, segundo Mônica, falou alto e de dedo em riste ao empresário: ''No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda''.

Skaf tenta rebater (sempre conforme a colunista da Folha de S.Paulo): ''Mas, doutor Jatene, a carga no Brasil é muito alta!''. E Jatene: ''Não é, não! É baixa. Têm que pagar mais. Por que vocês não combatem a Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões''. Skaf desconversa: ''A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF''. E Jatene, certeiro: ''É que a CPMF não dá para sonegar!''. Estava coberto de razão em seu diálogo acalorado com Skaf. Ele pôs o dedo na ferida com precisão cirúrgica.
Leia no Boletim do DIAP matéria integral de Bernardo Joffily.

O presidente Lula sumiu. Cresceu 9 pontos em 2 anos, na América Latina, a confiança no Estado para a resolução de todos os problemas da sociedade, mostrou o Estudo Latinobarómetro 2007, com sede no Chile. O estudo abrange 18 países, onde foram feitas 20,2 mil entrevistas entre 7 de setembro e 9 de outubro últimos. A amostra representa 100% da população, e a margem de erro das respostas é de 3% para cima ou para baixo. O resultado é um amplo e consolidado retrato da percepção de democracia, Estado, economia e instituições na região onde 11 dos 18 países avaliados passaram por eleições presidenciais.

O estudo mostra que os venezuelanos são os mais otimistas quanto ao futuro: 60% acham que a situação econômica do país melhorará nos próximos 12 meses. Os venezuelanos, como os Colombianos, também têm as melhores expectativas para a situação econômica familiar. Curiosidade: outro resultado da pesquisa, o de que pelo segundo ano consecutivo o presidente Lula é o governante mais bem avaliado (5,7 numa escala de 0 a 10), sumiu do conteúdo da matéria nas páginas internas da do jornal Folha de S.Paulo de 17/11.
Leia o texto completo da jornalista Luciana Coelho na Folha de S.Paulo de 17/11.

Renovação à esquerda. Diretor do "Le Monde Diplomatique", Ignacio Ramonet, em mais um périplo pela América Latina, falou no Salão Nacional do Jornalista Escritor (SP), promovido pela A.B.I. Ramonet vem defendendo o projeto de criação de observatórios destinados a monitorar a mídia, segundo ele "o único poder que não tem um contrapoder". Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele defendeu com veemência o governo do venezuelano Hugo Chávez. Disse também que considera um alento o fato de esquerdas "muito diferentes" estarem surgindo na região, frente ao esgotamento dessa força ideológica no resto do mundo.

Para minha geração, nascida logo após a Segunda Guerra, o grande debate político foi a descolonização, a africana em particular, mas simultaneamente prestamos muita atenção ao que acontecia na América Latina com a Revolução Cubana, as guerrilhas, a repressão. Hoje o interesse é maior porque, quando todas as esquerdas internacionais parecem esgotadas, aqui surgem esquerdas muito diferentes entre si, mas com apoio popular forte em quase todos os países em que há eleições. (...) A tensão política em torno da Venezuela tem razão na rapidez e na força da transformação lá, que desestabiliza os poderes tradicionais.
Leia a íntegra da entrevista de Claudia Antunes, editora de Mundo, na Folha de s.Paulo.

BRINDE: A MARAVILHOSA EDITH PIAF: NON, JE NE REGRETTE RIEN (NÃO, EU NÃO ME ARREPENDO DE NADA).

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