1. Como diz o poeta Éle Semog, "existem certas/Coisas/Que só os NEGROS/Entendem... existe uma/História/Que só os NEGROS/Sabem contar/... Que poucos podem/Entender."
2. Quando o leitor fica preso à agenda proposta pela imprensa, tem-se a impressão de que estamos envolvidos num diálogo de surdos que ignoram a linguagem de sinais.
3. Golpistas históricos apelam de novo para a violência e a ruptura da Democracia, quando esta não lhes serve mais, porque o povo passa a reconstruir democracias com alma social.
4. CPMF, uma matéria com esse grau de importância e complexidade não pode ser analisada em termos de situação e oposição, mas sob a ótica do interesse do país.
A imortalidade de Zumbi e a insanidade do racismo. (Cansada de responder a uma vizinha que insistia em perguntar se eu era enfermeira e se meu apartamento era alugado, registrei queixa na delegacia...). Celebro o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, com um provérbio africano: "Até que os leões contem suas histórias, os contos de caça glorificarão sempre o caçador", que ressalta o crime do mandatário da capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, que espetou a cabeça de Zumbi dos Palmares (1655-1695) para que apodrecesse na praça do Carmo, em Recife, conforme escreveu ao rei de Portugal.
Cansei! De tanto ouvir que o centro dos problemas dos negros no Brasil é a pobreza, radicalizei: "Quer ficar em meu lugar apenas por um dia?" Aprendi que "quando você se defrontar com argumentos cheios de remorso de que não existe discriminação racial no Brasil, que o preconceito contra o negro é social e que os negros são complexados, pergunte ao interlocutor cheio de culpas se ele já passou um dia de negro" (*). É ignorância achar que, superada a pobreza, adeus racismo! ... (...Disse-lhe N vezes que era médica e dona do apartamento, mas ela esquecia! Só parou quando registrei queixa na delegacia).
Leia o texto original da escritora Fátima Oliveira no Portal Vermelho.
A imprensa não estimula a inteligência. Há um desnível sensível entre a pauta da imprensa brasileira e latino-americana e a abordagem das demais instituições que influenciam ou informam os poderes e a opinião pública. Com clara desvantagem para a imprensa. Basta comparecer a qualquer evento promovido por universidades, institutos de estudos, instituições para se perceber como a imprensa se arrasta na retaguarda. (...) Da mesma forma, o tema da responsabilidade social apresenta uma dianteira inalcançável em outros foros em relação aos esforços da mídia.
Se levarmos em conta os estudos do Instituto Latinobarómetro, do Chile, os debates do Instituto de Estudos Avançados da USP e muitos outros a imprensa parece estacionada nas origens da Revolução Industrial. (...) Veja-se, por exemplo, a repercussão do "cala-boca" do rei da Espanha ao presidente Chávez. Embora o presidente Lula tenha levantado a questão da desigualdade de condições entre o monarca – que não depende de votos para se manter no poder – e um governante que precisa se submeter a eleições, a imprensa se desviou da questão e se ateve ao factóide em si.
Esse era um bom momento para pensar, por exemplo, na persistência das monarquias no mundo contemporâneo, com o anacronismo do conceito de direito divino ao poder. Na falta de abordagens menos convencionais, a opinião pública ficou atrelada ao que indica o viés ideológico de cada um, sem que se oferecesse a oportunidade para uma reflexão mais profunda sobre as relações entre a Espanha e suas antigas colônias, por exemplo.
Leia em Observatório da Imprensa o texto integral de Luciano Martins Costa.
As oligarquias contra a democracia. É uma lei de ferro da história: as oligarquias dominantes lutam sempre desesperadamente para não perder o poder que controlam, a ferro e fogo, há séculos. Quando o povo e as forças populares ameaçam esse poder, elas apelam para a violência. Primeiro apelavam diretamente à intervenção militar dos EUA, depois, às forças armadas, formadas e coordenadas com os EUA. Agora seguem suas estratégias de violência e obstáculo aos processos de democratização no continente, onde quer que ele se dê, sob a forma que seja. Essas ações violentas são parte da história do nosso continente.
As mais recentes foram os golpes militares, que derrubaram governos eleitos legitimamente pelo povo, para substituí-los por ditaduras militares, demonstrando a tese enunciada acima: no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, a violência introduziu regimes de terror em todo o cone sul. São partidos políticos, personagens da política tradicional, grandes empresas privadas, corporações empresariais, que apoiaram e tiveram gigantescos benefícios durante as ditaduras militares, que hoje encarnam a direita latino-americana, disfarçados de democratas, opondo-se aos novos avanços populares.
Texto postado por Emir Sader no blog do Emir.
Brasil, país da despesa permanente e receita provisória. O principal desafio do governo neste mandato é aprovar a prorrogação da CPMF. É que o Brasil possui despesas permanentes e receitas provisórias, numa combinação extremamente preocupante. O debate sobre o tema, portanto, requer muita seriedade e responsabilidade de todos já que a eventual rejeição da PEC terá conseqüências imprevisíveis, tanto na regularidade dos investimentos e dos programas sociais, quanto na fiscalização do crime organizado.
O Brasil é um dos poucos países do mundo cuja transferência direta ultrapassa 60% da receita, montante destinado ao pagamento de pensionistas e servidores, ativos e inativos, de benefícios de prestação continuada, como previdência e assistência, de seguro-desemprego, bolsa-família, entre outros. Sem a receita proporcionada pela CPMF, a paz social corre risco. Além disto, o programa de investimento, cuja formulação levou em consideração essa previsão de receita e a flexibilização de gasto, também ficaria comprometido, com prejuízo para o crescimento econômico e para a geração de emprego e renda.
O PAC da Infra-Estrutura, da Ciência e Tecnologia e da Saúde correria o risco de perder o ritmo ou até de interrupção pela falta de recursos. A CPMF também é um instrumento fundamental para o combate à sonegação e, principalmente, ao crime organizado, a lavagem de dinheiro e ao tráfico de drogas. A simples eliminação desse mecanismo de fiscalização e arrecadação, sem garantia da continuidade da receita e dos meios para combate ao crime organizado, é uma atitude que ameaça a governabilidade.
Leia no Boletim do DIAP matéria completa do jornalista Antônio Augusto de Queiroz.
BRINDE: VEJA E OUÇA O MAGISTRAL POETA URUGUAIO EDUARDO GALEANO SOBRE A CONJUNTURA E O JOGO DO PODER, EM DEZ MINUTOS.
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